quinta-feira, 19 de julho de 2007

Só é bom quando...

... se conhece o ruim! Vai dizer que não? Às vezes, é muito bom se espelhar nos erros dos outros, tentar tirar uma lição sem ter vivido aquele erro. Mas sabe o que é mais valioso? É poder errar e sentir na pele o que aquele erro significa. Dizem por aí que a vida é curta, que tudo passa muito rápido que nem vemos a cor. Então eu mudei esse pensamento de que é bom se espelhar apenas nos outros quando a situação é ruim. Tomar decisões é muito importante. Se vai dar certo ou errado, só o tempo irá dizer. Frase clichê? Não... Todo o clichê tem o seu fundamento correto. "Pimenta nos olhos dos outros é refresco", já dizia a minha sábia avó. É fácil colocar a culpa, rotular os outros ou somente assistir ao que eles estão fazendo. Já viu alguém dando com a cabeça na parede? Normalmente não iríamos fazer igual, certo? Ninguém, até hoje, entrou dentro desse melão e viu o que se passava ali dentro. Eu tenho um vizinho meio destrambelhado das idéias, advogado, daqueles que escuta Sinatra, assoviando e fazendo almoço de domingo com avental de mamãe, que faz isso seguido. Normalmente vou chamar o elevador e quase nunca me deparo com ninguém pelos corredores por causa dos horários dos vizinhos serem diferentes dos meus. Porém, esses dias deu o acaso de ver esse meu vizinho chamando praticamente o elevador com a cabeça. Na hora deu vontade de rir, mas eu recuei e fiquei silêncio apenas observando o pequeno ato insano. Não eram batidinhas leves, diria, exagerando um pouco, igual a de um martelo em um prego. Totalmente bizarro. Poderia ele estar com problemas na família ou no trabalho. Acabei que deixei ele descer e não embarquei naquele elevador. Fiquei me perguntando o porquê dele estar fazendo aquilo, mas todo o caso, cada um com as suas manias! Mas, lembram do acaso? Ele realmente existe, mas tem agido seguido no 6° andar do meu edifício. Ao som de Sinatra? Eu acho que no fundo ele escuta um agitado Pink Floyd porque lá estava mais uma vez: ele, a parede, eu e meu riso contido. Parecia replay! "O cara só pode ser maluco", pensei na hora. Mas dessa vez pensei duas vezes: "Vou ou não vou? Será que dou boa noite?". Respirei fundo, apertei o interruptor da luz e para a minha surpresa ele continou por mais um momento dando as tão assombrosas batidas de cabeça na parede até que eu disse: "Boa noite, tudo bem?" - falei isso tentando fazer com que ele me cumprimentasse e parasse de fazer aquela bizarrice. Ele tomou um susto que fiquei com tanta pena do maluquinho que deu vontade de assoviar um "New York, New York" para ele voltar ao normal. Acha que ele me respondeu alguma coisa depois de cumprimentá-lo? Não sei se foi vergonha ou medo, mas o elevador chegou, eu abri a porta, ele entrou primeiro, apertou o térreo e não disse nenhuma palavra. Saí primeiro esperando que ele saísse também. A porta se fechou e ele ficou lá dentro, talvez olhando a temperatura ou vendo as horas. A seta de subir não se acendeu e lá ficou ele parado dentro do elevador por alguns minutos. Fiquei apenas observando a uns oito passos da porta. Fiz sinal de silêncio para o porteiro, que ficou me olhando sem entender nada e foi se aproximando vagarosamente até onde eu estava para ver o que estava acontecendo. Fomos avançando aos poucos, em silêncio, pé por pé. Respiramos fundo e avançamos a cabeça em direção ao vidro da porta do elevador. Lá estava o vizinho de cabeça baixa com uma folha nas mãos. Talvez uma petição ou um contrato. Mas eu acredito que seja alguma letra de Sinatra como "My Way", "I've loved, I've laughed, and cried. I've had my fails, my share of losing. And now, as tears subside (...)". Lágrimas descendo, que triste... Ele permaneceu intacto lá dentro. De repente, o elevador subiu. Lá se foi ele em direção a algum andar e eu segui para o trabalho, não entendendo nada, mas nunca esquecendo do que minha vó dizia.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Rotina...

Segundo o dicionário Silveira Bueno: ROTINA - "s.f. Caminho já trilhado e sabido; costume; hábito; prática constante; uso geral; (Inform.) seqüência fixa de instruções e operações (programa ou trecho de programa) ligado a um objetivo específico: salvamento de arquivo, abertura de arquivo, impressão, edição de dados, etc". Até o Bueno diz o "etc" no final porque não entende, não sabe sinôninos ou significados melhores para essa palavra. Presente em nossas vidas 24h de cabo a rabo, acaba sempre complicando coisas simples, "coisas óbvias até para uma criança", assim como diz Nando Reis em "Por Onde Andei?". Aproveitando essa música é fácil perceber o quanto a rotina é causadora de pequenos problemas, "a vida é coisa mesmo muito frágil, uma bobagem uma irrelevância" já diz o ex-titã nesse verso. Tem horas que dá vontade de sumir, largar trabalho, faculdade, obrigações e ir para bem longe. Fazer uma viagem para a Ilha do Nunca, ao menos lá, se for de acordo com o nome, as coisas nunca acontecem. O tempo não deve andar, as horas não devem passar e todo mundo deve viver que nem bahiano em rede de balanço depois do almoço, olhando para o mar, paradinho, sem onda nenhuma. Confesso que essa vida moderna é muito boa, essa correria de releases, coletivas, câmeras, mas em pleno julho? Bem que dá vontade de dar essa escapada, afinal, um guri merece umas férias, boas férias em paz, numa boa. E como não tem escapatória, eu fico só na utopia, pensando em viajar e produzindo matérias nessa redação. Já que eu não posso fugir dessa rotina, eu vou voltar para o trabalho e tentar fugir desses leads certinhos, metidos à besta. De volta ao word...

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Responsabilidade...

Hoje foi dia de tirar sangue. Dor? Tem coisa que dói muito mais do que tirar sangue. Mas isso nem foi nada, pior é ver esse caça ou não caça do Renan Calheiros. Que coisa bem chata! Pauta? Tudo bem que isso é importante, mas já saturou ficar escutando isso. Quem sabe abordar outro assunto mais palpável? É, as mídias tem o seu valor! Positivo ou negativo? Cabe você decidir, eu faço a minha parte para deixar tudo numa boa... Voltando ao sangue de hoje... nem doeu! Se eu fosse parar e pensar quantas vezes eu já fraturei algum osso (o que dói bem mais) nestes 20 anos... Braço, perna, tornozelo e até nariz! E olha que eu nunca fiz boxe ou jiu-jitsu! Um dia eu pensei em cursar Educação Física, imagina eu dando aula? Ainda bem que virei jornalista! Outra coisa que senti hoje, bem além da dor foi a sensação de assumir um compromisso muito importante e responder por uma representação de futebol. Eu, ali, do outro lado das câmeras, sendo bombardeado de perguntas e questionamentos. Cool! No fear! Yes courage! Valeu a pena, uma sensação diferente para quem sempre esteve do outro lado, com um microfone, câmera, caneta ou o velho bloquinho de notas nas mãos. É bom deixar de ser guri, difícil é perceber como ou quando isso acontece. Eu ainda procuro uma resposta cabível para essas questões. Ainda não sei ao certo mas acredito numa só palavra que resume essas mudanças: responsabilidade.



Mereço um descanso!


Enquanto isso, visitem o blog "Cidade Futebol", do jornalista e bom "guri", Eduardo Cecconi.

Até mais!