sábado, 19 de junho de 2010

Ainda dá tempo


Agora é madrugada e eu estou na frente dos livros, comendo um chocolate branco e digitando este texto. Enquanto as ideias para um trabalho não apareceram fui pensando nas atividades do meu dia. Lembro que já acordei atrasado, depois de ter dormido só três horas na noite anterior, e fui tomar banho. Depois, um copo de leite com biscoitos com manteiga.

Enquanto comia, na televisão um jogo da Copa do Mundo. Mudei de canal e vi a notícia da morte de Saramago. Não posso deixar de comentar. Foi um sábio das letras. Sempre claro e objetivo. E quando isso não acontecia os leitores ficavam boquiabertos. Todavia, era apenas um truque dele. No desenrolar dos textos, especialmente no final deles, o ser objetivo aparecia como chave-de-ouro.

Entre tantas de suas obras lusófonas, muitos foram os seus desejos para que o mundo fosse um lugar melhor de se viver. Mas, foi aí que me perguntei:

- Até que idade eu gostaria de viver?

Gostaria de viver muitos e muitos anos, sem saber o limite de quando o meu sopro de vida terminasse. Tenho medo do desconhecido, tenho medo de morrer. Imagino que do outro lado - se é que há um - estejam todas as pessoas que já se foram e que nos foram queridas em vida. Meu pai, meus avôs, alguns amigos, enfim. Abraços, beijos e lágrimas, mas lágrimas de felicidade em reencontrá-los. E a vida aqui? E os que deixarei?

100 anos? Quem sabe ultrapassá-los? 101, 102 ou 103? Não sei. Será que até lá eu conseguiria ser feliz? Estaria eu cheio de netos ou bisnetos correndo em minha volta? Como eu gostaria que sim! Uma casa cheia de alegria ao lado de um amor e vários pequenos amorzinhos me deixando feliz. Só eu sei. "Vovô Marquinhos", imagine?! Entretanto, para mim e para o futuro deles, me responda uma coisa: e o mundo estaria em paz?

Dizem que a felicidade começa dentro de nossas casas. Logo, ela vem da nossa família, de tudo que é construído no cotidiano. Seja em um almoço esticado de domingo ou em um almoço corrido durante a semana. É daí que se tira um pouquinho de gasolina para fazer a gente andar neste mundo maluco em que vivemos.

Depois que terminar este texto feche os olhos e pense como seria bom chegar em casa, depois do trabalho, ou da escola, ou da faculdade... ou simplesmente chegar lá e dar um abraço apertado em quem a gente tanto ama? Na correria em que se vive não valorizamos quem está ali, todos os dias, dividindo a mesa conosco. Ah! E se não for a família? Temos os que não são do nosso sangue, mas bem que poderiam ter nascido nossos irmãos: os nossos amigos.

Olha, na verdade, é como eu sempre digo: não basta querer já olhar lá na frente e apressar o andar do tabuleiro para chegar rapidamente ao final. O bom é que se tenha jogadas inteligentes até chegar lá, deixando acontecer. Não venha me dizer que anda sem vontade ou nem aí para tudo. Começar a jogar quando o jogo parece estar perdido é o melhor recomeço. Traz um gosto de vitória em dobro e nos estimula para os próximos desafios. Que tal começar a ganhar?

Comece por um abraço.

Um comentário:

.: Alexandra Soares :. disse...

Sábias palavras...
Sinta-se "abraçado"!
Saudade!
Beijos...