Sempre tentei compreender o significado de uma família. Casa cheia, churrasco no final de semana, jantas aleatórias para ter o pretexto de juntá-la, campeonatos de pontinho, enfim. Só que sempre faltou uma pessoa. Não falo das pessoas que me deixaram indo para o outro lado ou de parentes “móveis”. Falo é de um animal de estimação, não um passarinho ou uma tartaruga; um cachorro.
Os cachorros são amigos do homem. Ninguém vai contra isso, porque eles realmente são companheiros e fiéis. Os pais vão para o trabalho, as crianças para a escola e amiguinhos ficam ali, esperando, roendo um brinquedinho ou tirando uma soneca gostosa na espera do retorno de seus donos, dos seus parentes.
Desde pequeno sempre quis ter um cãozinho. Meu pai também. Ele não tivera também um cachorro quando pequeno. Tinha o mesmo desejo que eu – talvez até maior devido ao tempo de espera para ter um. Morava em um apartamento, grande até, mas inadequado para ter um. Tapete no piso e pequena área apta para as necessidades de um animal, mesmo que ele fosse minúsculo. Depois disso, quando fiz nove anos, eu e meus pais mudamos para uma casa, gigante! Oportunidade perfeita para termos nossos novos amigos de quatro patas. Eu pretendia ter um basset hound e meu pai um pastor belga, capa preta. Porém, muitos problemas começaram a surgir na nossa família, entre eles a perda do meu pai.
Traumático. Sonhos sendo realizados depois um tempo. Perdas sendo absorvidas. Que dor no peito, que nervosismo. Ninguém para desopilar ou poder desabafar. Amigos, poucos e bons, mas não o sonhado cachorrinho para me ajudar a superar aquele momento. Tios, tias, avô e avós, ninguém e nem nada conseguiu me colocar para cima. Foi aí que surgiu o sagrado futsal para amenizar a minha dor e superar as perdas.
Em 2001, consegui comprar um cachorrinho. Escondido. Ninguém sabia, muito menos minha mãe. Um cocker spainel macho. O chamei de Dick. Era teimoso, mas muito dócil. Problema: já morava em outro apartamento novamente. Entre roídas e caguinhas pela casa, ele se adaptou ao apartamento e depois à casa de praia no período das férias de verão. Depois de alguns meses, no lugar dos seus pulos de canguru de felicidade, apenas tristeza. Fiz questão de não vê-lo naquela situação. Elegi minha mãe para levá-lo no veterinário – talvez uma fuga da minha parte por mais perdas que pudesse vir acontecer – para diagnosticar o que estava o deixando tão quieto. Passada uma semana, ele morreria de parvovirose, de repente. Mais uma perda na minha vida. Pouco tempo de convívio, mas um apego muito forte. É relação homem x animal que se fortalecia de maneira rápida e pura.
O tempo passou e eu sofria calado. Sempre que via um cachorrinho cheirando as árvores aqui da casa da praia procurava alguma coisa para alimentá-los. Um restinho do almoço ou até o meu bife da janta. Foi assim que amadureci, tentando dar carinho a algo que aprendi a dar muito valor. Às vezes, os cachorros dos meus amigos – com o perdão da ambigüidade – eram mais paparicados do que eles próprios. (Nesse momento uma amiga me liga) Carinhos, brinquedinhos e até uma casinha de madeira feita com aquelas madeiras de caixas de frutas das feiras de rua. Atacava até de carpinteiro para fazer o bem ao próximo.
Já no verão de 2006, teimei de novo. Ganhei um filhotinho de dashound com vira-lata (S.R.D.), preto com branco, de uma amiga. Foi só alegria. Dormia no meu quarto, enrolado numa camiseta velha que usava de pijama. Lá pela madrugada, começava com chorinhos e rosnados. Lá ia o Seu Marquinhos sentar no chão do quarto para ficar brincando de bola com o pequeno. Ah, o nome? Tuxo! Não sei da onde saiu esse nome! Talvez do meio-campo do Criciúma da temporada 2006. Passado um mês, minha mãe não agüentou os choramingos do filhote - talvez por causa de seu sono leve ou medo de perder mais um filhote – e junto com uma outra pessoa, acabou achando um novo dono para ele. Segundo notícias e fotos recebidas, ele vive bem, gordinho, saudável ao lado de seu irmão de sangue, um outro pequeno orelhudinho.
Quem disse que eu não tentaria novamente? Dessa vez veio uma fêmea: a “Indefinida”. Teimei. Comprei um filhote de dashound, número um. Uma fêmea. A coisa mais querida! E aquele ritual de “paizão”, que acordava de madrugada para fazer um afago ou dar uma brincadinha, começara de novo. As pessoas aqui de casa a tratavam como princesa. Compridinha, fazendo jus à raça apelidada de “lingüiça”. Virou colorada (de Porto Alegre) por minha vontade, mas me salvo nisto: seu primeiro latido fora em uma partida do Internacional de Porto Alegre contra o Internacional de Santa Maria. Gol do Iarley, o número dez do colorado da capital. Foi uma surpresa. Nem vi o replay do gol, fiquei comemorando com ela, como se o gol tivesse sido dela. Que alegria... que em breve se transformaria em mais perda. Porém, desta vez, uma perda consentida pela razão.
Hoje, dia 27 de janeiro de 2008, por volta das 16h horas, depois de boas conversas com minha mãe, decidimos que não haveria condições de ter um cachorro como animal de estimação. Vários motivos. A saúde de minha avó, compromissos diários, eu ausente devido à faculdade e trabalhos morando em outra cidade, enfim. Eu haveria de dar tchau ou adeus e dar a cadelinha a alguém. Liguei para duas amigas que tinham se apaixonado pela “Indefinida” – não deu tempo de dar um nome – para ver se haveria disponibilidade de aceitarem a minha “filha” já que moram em casas. Não me atenderam. Uma delas, a Fernanda, aquela amiga citada acima na hora da ligação. Tarde demais. Eu já tinha ido até a casa da Dona Maria, no Parque São Pedro, entregar a pequena. Chegou pesando 1,430kg. Foi-se com 1,986kg, coincidentemente o ano que nasci.
Foi a minha última experiência em ter cachorros como animais de estimação. Teimei, fui feliz novamente. Chorei, mas aprendi. Uma vez tudo bem, duas até vai e como três é demais, resolvi que não vou repetir isso, mas com uma condição: até ter uma casa e ter a minha família. Nem que isso demore anos e anos, vou continuar dando comida para os meus visitantes de porta e construindo casinhas com madeiras de caixas de frutas. Isso me faz bem. Quem sabe até lá eu não queira ter um pastor belga capa preta e meu filho um basset? Só o tempo e Deus dirão...
Os cachorros são amigos do homem. Ninguém vai contra isso, porque eles realmente são companheiros e fiéis. Os pais vão para o trabalho, as crianças para a escola e amiguinhos ficam ali, esperando, roendo um brinquedinho ou tirando uma soneca gostosa na espera do retorno de seus donos, dos seus parentes.
Desde pequeno sempre quis ter um cãozinho. Meu pai também. Ele não tivera também um cachorro quando pequeno. Tinha o mesmo desejo que eu – talvez até maior devido ao tempo de espera para ter um. Morava em um apartamento, grande até, mas inadequado para ter um. Tapete no piso e pequena área apta para as necessidades de um animal, mesmo que ele fosse minúsculo. Depois disso, quando fiz nove anos, eu e meus pais mudamos para uma casa, gigante! Oportunidade perfeita para termos nossos novos amigos de quatro patas. Eu pretendia ter um basset hound e meu pai um pastor belga, capa preta. Porém, muitos problemas começaram a surgir na nossa família, entre eles a perda do meu pai.
Traumático. Sonhos sendo realizados depois um tempo. Perdas sendo absorvidas. Que dor no peito, que nervosismo. Ninguém para desopilar ou poder desabafar. Amigos, poucos e bons, mas não o sonhado cachorrinho para me ajudar a superar aquele momento. Tios, tias, avô e avós, ninguém e nem nada conseguiu me colocar para cima. Foi aí que surgiu o sagrado futsal para amenizar a minha dor e superar as perdas.
Em 2001, consegui comprar um cachorrinho. Escondido. Ninguém sabia, muito menos minha mãe. Um cocker spainel macho. O chamei de Dick. Era teimoso, mas muito dócil. Problema: já morava em outro apartamento novamente. Entre roídas e caguinhas pela casa, ele se adaptou ao apartamento e depois à casa de praia no período das férias de verão. Depois de alguns meses, no lugar dos seus pulos de canguru de felicidade, apenas tristeza. Fiz questão de não vê-lo naquela situação. Elegi minha mãe para levá-lo no veterinário – talvez uma fuga da minha parte por mais perdas que pudesse vir acontecer – para diagnosticar o que estava o deixando tão quieto. Passada uma semana, ele morreria de parvovirose, de repente. Mais uma perda na minha vida. Pouco tempo de convívio, mas um apego muito forte. É relação homem x animal que se fortalecia de maneira rápida e pura.
O tempo passou e eu sofria calado. Sempre que via um cachorrinho cheirando as árvores aqui da casa da praia procurava alguma coisa para alimentá-los. Um restinho do almoço ou até o meu bife da janta. Foi assim que amadureci, tentando dar carinho a algo que aprendi a dar muito valor. Às vezes, os cachorros dos meus amigos – com o perdão da ambigüidade – eram mais paparicados do que eles próprios. (Nesse momento uma amiga me liga) Carinhos, brinquedinhos e até uma casinha de madeira feita com aquelas madeiras de caixas de frutas das feiras de rua. Atacava até de carpinteiro para fazer o bem ao próximo.
Já no verão de 2006, teimei de novo. Ganhei um filhotinho de dashound com vira-lata (S.R.D.), preto com branco, de uma amiga. Foi só alegria. Dormia no meu quarto, enrolado numa camiseta velha que usava de pijama. Lá pela madrugada, começava com chorinhos e rosnados. Lá ia o Seu Marquinhos sentar no chão do quarto para ficar brincando de bola com o pequeno. Ah, o nome? Tuxo! Não sei da onde saiu esse nome! Talvez do meio-campo do Criciúma da temporada 2006. Passado um mês, minha mãe não agüentou os choramingos do filhote - talvez por causa de seu sono leve ou medo de perder mais um filhote – e junto com uma outra pessoa, acabou achando um novo dono para ele. Segundo notícias e fotos recebidas, ele vive bem, gordinho, saudável ao lado de seu irmão de sangue, um outro pequeno orelhudinho.
Quem disse que eu não tentaria novamente? Dessa vez veio uma fêmea: a “Indefinida”. Teimei. Comprei um filhote de dashound, número um. Uma fêmea. A coisa mais querida! E aquele ritual de “paizão”, que acordava de madrugada para fazer um afago ou dar uma brincadinha, começara de novo. As pessoas aqui de casa a tratavam como princesa. Compridinha, fazendo jus à raça apelidada de “lingüiça”. Virou colorada (de Porto Alegre) por minha vontade, mas me salvo nisto: seu primeiro latido fora em uma partida do Internacional de Porto Alegre contra o Internacional de Santa Maria. Gol do Iarley, o número dez do colorado da capital. Foi uma surpresa. Nem vi o replay do gol, fiquei comemorando com ela, como se o gol tivesse sido dela. Que alegria... que em breve se transformaria em mais perda. Porém, desta vez, uma perda consentida pela razão.
Hoje, dia 27 de janeiro de 2008, por volta das 16h horas, depois de boas conversas com minha mãe, decidimos que não haveria condições de ter um cachorro como animal de estimação. Vários motivos. A saúde de minha avó, compromissos diários, eu ausente devido à faculdade e trabalhos morando em outra cidade, enfim. Eu haveria de dar tchau ou adeus e dar a cadelinha a alguém. Liguei para duas amigas que tinham se apaixonado pela “Indefinida” – não deu tempo de dar um nome – para ver se haveria disponibilidade de aceitarem a minha “filha” já que moram em casas. Não me atenderam. Uma delas, a Fernanda, aquela amiga citada acima na hora da ligação. Tarde demais. Eu já tinha ido até a casa da Dona Maria, no Parque São Pedro, entregar a pequena. Chegou pesando 1,430kg. Foi-se com 1,986kg, coincidentemente o ano que nasci.
Foi a minha última experiência em ter cachorros como animais de estimação. Teimei, fui feliz novamente. Chorei, mas aprendi. Uma vez tudo bem, duas até vai e como três é demais, resolvi que não vou repetir isso, mas com uma condição: até ter uma casa e ter a minha família. Nem que isso demore anos e anos, vou continuar dando comida para os meus visitantes de porta e construindo casinhas com madeiras de caixas de frutas. Isso me faz bem. Quem sabe até lá eu não queira ter um pastor belga capa preta e meu filho um basset? Só o tempo e Deus dirão...
“Guarda as lembranças dos momentos que vivemos juntos. Leva contigo o meu sorriso ao te ver bocejando e balançando o rabo em plena madrugada. Não esquece do teu primeiro latido, quando o nosso colorado fez aquele gol. Não esquece dos chinelos cheios de pedrinhas e do colos das bisas. Pensa nos carinhos da Fernanda e da Bruna quando estiveres triste. E que sejas feliz, muito, na tua nova morada!”
Um comentário:
Não preciso nem comentar que chorei né?! Eu amo cahorros e sempre tive quando bem pequena - sem brincadeirinhas com meu tamanho. Já tive que me despedir de vários, mas o pior foi quandoe u tive um vira-lata, o Salgadinho. Fazia anos que eu não tinha cachorro, encomodei meu pai até conseguirmos esse, ele cresceu e ficou meu maninho. Um belo dia fui no centro com a mãe e quando voltamos ele não estava mais em casa e minha vó disse: Ele foi atrás de umas cadelas. Passaram se dias e nada dele, mas lá no fundo eu já imaginava o que tinha acontecido, até que minha mãe me contou que ele tinha morrido atropelado. Na hora fiquei braba com a vó por ter feito eu pensar que ele ainda tava vivo, mas depois entendi os motivos dela. Eu fiquei triste por muito tempo, mas depois vieram os dois grandões que tenho hoje. Sinto falta do pequeno Salgadinho, mas sempre vão existir as despedidas...
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