domingo, 20 de janeiro de 2008

E Qual a Cor da Toga?


Não sei mesmo qual cor vai ser. Nem tamanho. Talvez um tamanho big, porque sou gaúcho-cearense. Também não sei qual será a sensação de estar concluindo uma faculdade. Acho apenas que o resto da roupa é preta. Faltam exatos 364 dias para a data e a ansiedade já começou a tomar contar de mim. Ansioso desde pequeno, talvez uma qualidade para fazer um projeto e terminá-lo o quanto antes. Um defeito para a saúde do meu corpo; só me atrapalha e me deixa estressado. Três anos que simplesmente voaram. Lembro como se fosse hoje, eu assistindo aulas na turma errada. Tudo bem se fosse apenas um dia. Tudo errado. Foram duas semanas assistindo e teimando com os professores de que o meu nome estaria na lista de chamada na aula seguinte. E depois no outro dia de aula, a mesma história:

- Mas professor, na próxima aula a Cema vai te entregar a listagem completa!
- Marcos, Marcos, não é?
- Isso professor! Leivas. Marcos Leivas.
- Marcos, o teu nome não está na lista já vai fazer quase duas semanas!
- Professor, tu sabes a velocidade da Cema. Ela deve ter esquecido!
- Ela me entregou a última lista de todos os alunos matriculados hoje.
- Hãããm...

E lá se foi o Marcos porta de aula a fora procurando o maledeto informante que o conduziu até aquela sala de aula no primeiro dia de faculdade. Era o queridíssimo porteiro da prefeitura do campus II. Óbvio, ele não poderia saber e nem atender todos que o procurassem. Então talvez escolhesse alguma sala no improviso. Afinal de contas, ele saberia todos os números da sala do campus da universidade. Mas tive que ir perguntar a ele:

- Amigo! Amigo! Hey...
- Diga campeão! (Nesse momento eu apertei a mão com força para evitar dizer alguma coisa feita)
- A Cema pediu para dares uma subidinha ali na secretaria da escola para te entregar um papel.
- Mas que papel?
- Não sei te dizer. Ela apenas pediu para chamar um carequinha gordinho da portaria.
- Ah, obrigado!
- De nada!

Como diria um amigo, o Klaus: “A volta veio e veio de a cavalo”. Que sensação boa! Não gosto de pagar na mesma moeda. Até porque acredito que ele se equivocou quando perguntei qual era a sala. Mas ele nem ficaria tão bravo. Ele perderia uns cinco minutos. Enquanto que eu perdera, vejamos: cinco dias de aula x duas semanas x quatro horas de aula por dia... 40 horas. Sim, eu fui trouxa. Dei uma de House querendo cutucar a Cuddy. Paciência. Right now, eu lembrei de uma frase do Chaves: “A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena!” Já fiz. Vou procurar o remédio para curar. Quem sabe acariciar um cão? (Ainda sinto resquícios de raiva da noite de ontem. Para quem não leu, post do dia 19).

Pelas minhas contas, sem verificar no meu histórico via site da UCPel, foram até agora 38 cadeiras. Com uma média de 25 professores diferentes e os mais diversos colegas. Ainda restam dois semestres. Um ano. Mas que vai parecer uma eternidade para que chegue o dia da formatura. Hoje na hora da janta, conversava com um primo (que chamo de tio devido a grande diferença de idade) mesmo à mesa de janta sobre a trajetória acadêmica dele. Dei boas risadas sobre as piadas que ele contava entre uma história e outra. Não! Ele não é jornalista, mas adora contas “causos”. É médico veterinário, mestre, doutor! Que moral! Um cara sensacional, sempre com a resposta na ponta da língua seja para filosofias de vida ou de bar. Perguntei a ele sobre várias etapas da história acadêmica dele. Contei a ele sobre a minha faculdade, o estado de espírito de meus professores e tudo que vivo diariamente. Falei dos meus planos futuros (iguais aos dele) de mestrado e posteriormente doutorado, para seguir na vida acadêmica, repassando aos futuros comunicadores sociais tudo que aprendo hoje e continuarei aprendendo depois de estar dentro de uma universidade. Porém, atrás da mesa maior. Aquela que todo mundo gostaria um dia de colocar um chiclete ou um super-bonder para perturbar o mestre.

Eu gosto de desafios. Por enquanto sou um feixe de luz em expansão e longitude contínua. Quero seguir bons exemplos. Ter desafios diários para ultrapassar. O que eu não quero é chegar apenas aonde os outros chegaram. Quero ir além. Quem sabe pretender, já que querer é um verbo muito forte e, a meu ver, não preciso de super-poderes para ir em frente. Preciso é seguir o meu coração sem perder a razão. Assim como fez o “Tio” Valmor, que segurou as palavras de baixo calão em frente aos professores-doutores que se julgavam os sabichões, enquanto o correto acadêmico soube se portar desbancando a velha guarda que ainda acreditava em estudos metódicos e limitados. A cor da toga dele e a música de formatura eu não perguntei. Já a cor da minha é uma incógnita. Mas a música eu já comecei a pensar. Até lá, muitas coisas vão rolar. Transições e mudanças totais. Novas experiências. Boas e ruins é claro! Trabalhos “carecantes” e provas estressantes. Estágios e empregos de pirar o cabeção. E até o término deste ano, outros porteiros. Afinal, quando uma porta se fecha para um, outra se abre para outro. É a lei da vida, um troca-troca constante. E entre sobre um troca-troca de cores, prefiro que ela seja... quem sabe, preto com vermelho?

2 comentários:

Jennifer Azambuja de Morais disse...

A ansiedade também já tomou conta de mim. Imaginando a caminhada até lá, o momento e o depois. Também não sei a cor da toga e se vou ficar bem nela (afinal o tamanho terá que ser ppp, =p). As histórias acadêmicas com certeza são as melhores, são aquelas que farão parte de nosso repertório de "causos". Lendo esse texto, e especificamente a parte de não querer chegar só onde os outros chegaram e sim além, identifico-me muito, pois também desejo fazer a diferença. Afinal eu amo essa minha profissão e gostaria de poder ter um plus a mais; não quero ser lembrada pro resto dos tempos, não é o poder que me atrai, mas sim ajudar outros em uma história melhor. Ainda não sei o qual área dentro de jornalismo que quero trabalhar, mas sei que quero comunicar, pois "quem não se comunica trumbica". São tantos acontecimentos que ainda têm que acontecer até lá, mas a certeza de que o caminho era esse: essa eu tenho. Adorei ter lido o texto, justamente por poder saber que mais um está nessa canoa de fazer diferente e melhor.

Jennifer Azambuja de Morais disse...

Ah! E esqueci de dizer que também prefiro as mesmas cores que tu.