segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Canhão da Serra


Década de 40, partida final da Liga Amanuara de Fubebol. A equipe local, o Atlético Catauá, precisava vencer para chegar ao cobiçado título. Para garantir a façanha histórica, seu fundador e presidente, o lendário coronel Sá Fuentes, trouxe da capital um reforço de peso: o centroavante Canhoteiro, também conhecido como “Canhão da Serra”.

Chegava o grande dia e com o gramado do Mantiqueirão ainda mais esburacado devido às fortes chuvas da véspera. A bola rola, num jogo truncado, e o 0x0 se arrastava, com poucas chances de gol.

Canhoteiro, às voltas com os buracos e o estado disforme da surrada pelota de couro, costurada à mão, não consegue desferir seu chute mortal.

Faltando cinco minutos para o término da partida, aconteceria a tragédia: num ataque despretensioso do adversário, o goleiro Feitiço escorrega na lodo, atola os pés e não conseguiria alcançar a bola: visitantes 1 a 0!

A cancha então é invadida: à frente o coronel Sá Fuentes, com seu famoso trabuco 38 na cintura. Com a cara de poucos amigos ele vai encostando o cano do revolver nas costas do juiz e inicia uma conversinha amistosa:

- Olhe só para os morros em volta do gramado. Estão lotados de gente. Todo mundo espera este título. Falta pouco para o final, mas temos que virar este jogo de qualquer maneira! Senão, acho que sua mulher ficará viúva antes da hora! Berrante à mostra, o coronel se senta no gramado, atrás do gol do adversário. Aos 45 minutos, numa falta à quase dois metros da entrada da área, “sua senhoria” apita:

- PÊNALTI!

Escalado para bater, o “Canhão da Serra”, tomou longa distância e desferiu seu chute mortal. A surrada bola pipoca no travessão e não resistindo à potência do chute, estoura. Enquanto a câmara de ar entra no meio do gol, o couro, estraçalhado, transpôs a linha no canto esquerdo...

O árbitro nem titubeou. Pôs fim ao jogo e anunciou o placar:

- Catauá 2 a 1...

Cercado pelos revoltados visitantes da equipe do Mantiqueirense e pela imprensa perplexa, o aliviado árbitro, explicou a surpreendente decisão:

- A bola entrou duas vezes. O pênalti, então, valeu dois gols...

E, até hoje, essa velha história é contada pelos avós aos seus netos. Desde os primórdios, a tão valiosa mãozinha já atuava nos gramados do nosso Brasil.






p.s.: Falando em “lodo”, volto no texto de amanhã com “Lodomania”, uma história de rir para não chorar!

2 comentários:

Anônimo disse...

Oh, eu entendi!
aeuiheaiuhuaiee :)
Beijooos, marquinhus

Anônimo disse...

Huahuahuahuauahu!
Ajuda legal essa..
Mas não é só nos campos de futebol ou outros esportes que isso acontece. Nos outros campos da vida muitos não gostam de perder ou porque não quer decepicionar a sua platéia ou porque tem ambição pelo poder...
Tomem cuidado com esses perdedores que não aceitam a derrota!