segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

D.T.F. - Parte III


Depois de muitas perguntas internas e sem nenhuma resposta cabível para elas, resolveu ir embora para casa e esperar o retorno de Lúcia para aí sim saber o que estava acontecendo. Estacionou o carro na rampa da garagem e desceu ali para conversar com o jardineiro, o tal “Cravinho”. Ficaram ali trocando palavras, assuntos de futebol e teorias em cima do comportamento das mulheres enquanto o tempo passava. Duas horas e nada de Lúcia, nem sinal e cheiro.

Cravinho servira como um amigo, um psicólogo, e o verdadeiro detetive para Gustavo:

- As mulheres são assim mesmo Seu Gustavo! Ora querem a gente por perto, ora não querem! E o pior é quando elas tiram coisa da onde não tem coisa, entende?
- Como assim?
– questionou Gustavo.
- Quando elas mexem nas nossas coisas e acham um telefone rabiscado num papel ou quando escutam por de trás das portas a gente falando no telefone, sabe?
- Isso! É isso Cravinho! Tu és um gênio!
- É isso o quê Seu Gustavo? Que diabos é isso?
- Ontem eu estava ao telefone falando com um cliente que é dono de uma concessionária de carros aqui da cidade. Escutei um barulho, mas continuei falando. Devia ser a Lúcia escutando atrás da porta!
- Mas não é que podia ser, então?! Elas adoram fazer isso!
- Tenho certeza de que era ela! Eu estava fechando negócio com o Touguinha de um novo carro para ela!
- Carro novo? Que presentão! Aquele Gol dela anda caidinho mesmo!
- Pois justamente! Estava falando com ele em fazer uma troca: eu daria um novo plano de seguros para os carros da loja dele junto com o Gol dela e ele abateria do valor do carro novo. Falei em fidelidade até, mas nos nossos negócios, ela deve ter entendido decerto outra coisa!
- É isso Seu Gustavo! As mulheres são assim, bem desconfiadas! Assim como nós que somos explosivos quando devemos ser mais tranqüilitos com elas. Aprendi isso com a negra velha, a Jurema. A gente penou no início do casamento, mas agora é uma beleza só! E já se vão 22 anos!
- Cravinho, vais receber um aumento por ter adivinhado e me ajudado com isso!
- Só corto galhos e planto flores Seu Gustavo, mas o aumento eu recebo de bom grado!


Uma disparada para dentro de casa. Uma surpresa vinha por ai. Lista telefônica, número da floricultura e do restaurante de comida japonesa em mãos, lá vinha mais uma do Gustavo, o “Nogueirão” voltava com tudo depois de saber onde havia errado – mesmo sem ter errado, complicado. Após encomendar flores e o jantar, ligou para o Touguinha e pediu que ele levasse o novo carro até sua casa o mais rápido possível, antes que Lúcia chegasse. Explicou toda a situação e o Touguinha foi solidário, em pleno sábado de descanso.

Após 20 minutos lá estava o Touguinha dentro do novo carro de Lúcia. Um Pólo preto, em frente a casa do Nogueirão. Carro 0km, direção hidráulica, ar-condicionado, completinho. E mais: já com sensores de estacionamentoaquelas parafernálias minúsculas nos pára-choques que emitem sons dentro do carro quando ele já se encontra no limite de encostar nos outros na hora da baliza. Perfeito, Lúcia iria adorar aquele presente, aliás, presentão. Até o Cravinho havia gost... bem:

- Que carrão, heinhô o Seu Gustavo?
- É... tomara que ela goste!
- Se ela não gostar, o senhor não quer me dar, não?
- Ok, mas só se ela não gostar! (risos) Quando ela chegar, bico calado, hein?
- Claro Seu Gustavo, já aviso que o carro é meu!
- Não! Faz assim, diz que é de uma cliente! Uma cliente!
- Tá certo!

Pouco tempo depois chegara as flores. Flores de dar inveja ao Cravinho, que por mais que ele se esforçasse em podar as flores e plantar sementes nas estações e períodos certos, não conseguiria produzir rosas tão bonitas quanto àquelas. Em seguida, o moto boy com o jantar em caixinhas, pronto para ser servido. Mas, e Lúcia?

A espera pela esposa duraria mais duas horas. Cerca de 20h15 terminaria a angustiante espera. Tempo que foi suficiente para o Nogueirão preparar a toda a surpresa para ela. Banho e barba. Enquanto lá embaixo, o Cravinho estava arrumando suas ferramentas para ir embora quando Lúcia descia do seu carro, o velho carro, e questionava o Cravinho:

- Oi Cravinho, tudo bem?
- Oi Dona Patroa! Tudo nos trinques!
- De quem é esse carro aí, hein?
- É meu patroa!
- Seu? Parabéns! Não queres trocar pelo meu gol?
- Não dá não, dona! Na verdade, o carro aí é de uma cliente do patrão!
- Cliente? E tens certeza que é de uma mulher?
- Sim, faz um tempinho já que ela tá ai...
- Aqui em casa?
- É...
- Agora esse safado vai se ver comigo!

- Ihh! Acho que encrenquei o patrão por demais! Vou até ficar por aqui para ver! – pensou o Cravinho.

Lúcia nem pensou. Tirou os sapatos, pegou a chave na bolsa depois de derrubar tudo de dentro e saiu enfurecida em direção a porta. Tremelicava a ponto de não achar a chave certa para abrir a porta:

- Cadê a porcaria da chave? Grrrrr!

Mais uma chave errada, outra e outra. De tanta ansiedade, raiva e tremeliques o chaveiro caiu. Abaixou-se, catou o chaveiro e finalmente acharia a chave certa. Colocou a chave na porta, respirou fundo, girou a primeira volta, tirou a segunda e quando abriu a porta...




p.s.: A técnica Coimbrística foi desbancada. A seqüência da história continua amanhã, com a terceira parte de “D.T.F.”. Aproveitando o clima de suspense, gostaria de agradecer o grande número de visitas aqui no Palavra de Guri. Aos comentaristas de plantão e aos fantasmas também, que mesmo sem comentários, me incentivam a escrever mais e mais. Valeu!

3 comentários:

Anônimo disse...

Ah nao ,que tortura isso Marquinhos...
E que machismo é esse que mulheres gostam de escutar atras de portas eeeeee que historia é essa de carro que ela ia adorar devido a vir com sensores ¬¬
Que barbaridade hehehehe
Bom to adorando , mas quero mais...
Achei uma resposta ao meu estado insano nesse texto de hj. Já estas quase sendo , indiretamente meu psicologo hehehe
Beijo

Anônimo disse...

gooostei!
demorei beeem pouco p ler tudo maaas tudo beem! (Y)
AOIEHIOAHOIEAHEOIHAOIEH

TEXTOGRANDE.COM.AR

AEIOHOAIHEOIAHEOIAHOEIHA

beeeijo kiinhos! (:

Anônimo disse...

Agora sim... Vou só usar o meu coração pra comentar. Linda a atitude do Gustavo e digna de ser usada como modelo para os homens apaixonados. Procurem saber o porque das crises neuróticas sem motivo das suas amadas. A gente merece esse voto de confiança, pq afinal gostamos de ser paparicadas. (óbvio que digo por mim). E tbem pq como nenhuma mulher é boba, caso depois do "sentimentalismo dramático" a reação da parte masculina seja negativa, distante, intolerante, isso só dará mais forças pra buscarmos outros horizontes. E aí sim, é que tiramos os tapetes deles. Enquando eles pensam: elas são tão bobinhas que é só fazer um carinho... Nós já estamos em outra. :) Então se cuidem. Mas até aí ele tá no caminho certo. O medo agora é a reação dela, até que ponto ela vai atacar sem deixar ele se explicar... ;) adoreeei essa técnica!! ;) bjo