domingo, 17 de fevereiro de 2008

D.T.F. - Parte II

7 da manhã, toca o despertador: “Priiiiiiiiiii”. Mais um dia inicia. Ambos levantam da cama e vão para o banheiro, sem bom dias e nem olás. Um entra no banho, o outro escova os dentes. O cantinho das D.R.’s ainda não estava funcionando, entregue às teias de aranhas. Um assovio do Nogueirão debaixo do chuveiro, talvez uma provocação ou uma desopilação para quebrar o clima de stress. Sem reações de Lúcia. A coisa estava feia mesmo. A velha teoria de dormir para abafar o problema acabara de ser desmascarada. Dormir nem sempre leva os problemas para longe, apenas os piora. E assim estava sendo com o querido Nogueirão.

Banhos tomados, café na mesa. Lúcia já estava atracada num papaia com granola enquanto o marido descia as escadas dizendo: – “Bom dia, querida!”. Só recebera de volta um aceno com a cabeça e um sorrisinho de canto de boca. A primeira e mais importante refeição do dia já desceria com um peso a mais. Será que Lúcia estaria certa em tratá-lo assim? Será que não seria mais fácil questioná-lo sobre o que ouviu naquele escritório através da porta entreaberta? Pior. Lúcia arquitetava um plano mirabolante, daqueles bem cabeludos. Mal sabia o Nogueirão que uma ligação fora fazer tanto estrago no seu casamento, a primeira crise depois de oito anos.

- Querida, vou indo porque tenho que resolver uns problemas no escritório, ok? – avisou o marido.
- Aham, bom trabalho e boas ligações! – cutucou a esposa.
- Como assim ligações?
- Ué, não falas ao telefone com teus clientes?
- Sim, mas não costumas me desejar boas ligações...
- Queridinho, estás atrasado!
- Com essa eu vou embora mesmo...

Porta batida, carro arrancado, arrancando, primeira, segunda, terceira e lá vai o Nogueirão para o trabalho, vender seguros de vidas para as pessoas, quando quem mais precisaria de seguro seria ele mesmo. Um bom seguro contra as reações da esposa depois daquela ligação.

Enquanto o marido trabalhava, Lúcia ficara em casa na manhã já que só trabalharia à tarde em um evento do curso de inglês onde dava aulas. Para preencher o tempo, resolveu tomar um banho de piscina, pegar um bronzeado e depois dar uma retocada no visual. Costumavam almoçar juntos, em casa, todos os dias. Aquele dia não foi assim. Meio-dia, meio-dia e meia e nada da Lúcia em casa. O Nogueirão resolveu se atirar no sofá e assistir uma tv. Viu o jornal do almoço, ligou para ela e nada. O globo esporte, o jornal hoje, ligou para ela e nada; acabou dormindo. Nada de almoço e de Lúcia. Quando acordou por volta das 16h lembrou do aulão de sábado do curso de inglês da esposa, pensou que podia fazer alguma coisa para contornar aquela chata situação pela qual estavam passando. Resolveu ir até o curso de inglês. Chegando lá, estacionou o carro, procurou o Gol da esposa e... e... nada! Tocou a campainha e a Rose, a secretária do curso, muito guapa lhe recepcionou e o decepcionou:

- Oi Gustavo, a Lúcia não está!
- Não? Ela não tinha o tal aulão hoje à tarde?
- Sim, mas saiu mais cedo com um grupo de alunos para um happy hour!
- Happy hour? Mas ela nem me falou nada... Sabes onde é a reunião?
- Sei, é num barzinho na Rua dos Andradas, pertinho do Dog Sete.
- Obrigado Rose, até mais...
- De nada, até!
E saiu o Gustavo – sim, nessas alturas o Nogueirão, gente boa, riso solto, já tinha deixado de existir temporariamente, então é só Gustavo mesmo – correndo em direção ao tal barzinho. Afinal, happy hour com um grupo de alunos? Tudo bem, cursinhos de inglês têm alunos das mais diversas idades, mas reuniãozinha em pleno sábado e à tarde? Alguma coisa não encaixa no quebra-cabeça.

O Gol estava lá, parado quase em frente ao barzinho. Gustavo fez a volta na praça que ficava bem no meio da Rua dos Andradas e parou o carro bem na esquina, de modo que a esposa não o visse. E ali ficou por minutos. 45 minutos? Não. Horas! Três horas! Onde estaria a Lúcia? Celular desligado e nem sinal da esposa em três horas. Ouvir música e roer as unhas não é nenhum programa que marido goste, aliás, não só maridos, ninguém gosta de ficar esperando pelos outros. Papel de bobo, mais bobo ele ficaria quando soubesse o verdadeiro paradeiro da esposa. Happy hour no barzinho com os alunos? Alunos de que idade? Em pleno sábado à tarde? Bulhufas. A história não batia. As peças continuavam a não se encaixar. Gustavo seria vítima de vingança de uma esposa apaixonada. Mas onde estaria Lúcia? Uma ligação faria Lúcia mudar totalmente o seu comportamento com o marido? Fidelidade em risco? O temporário detetive Gustavo descobrirá o que realmente estava acontecendo com a esposa?




p.s.: Isto é o que você vai saber no post de amanhã! Conforme prometi, ai está a continuação da história. Mas, para desgosto de alguns, insistirei usando da técnica Coimbrística: Quer saber o que aconteceu no happy hour de Lúcia e o desfecho dessa história? Mais no post de amanhã! Ou se os comentaristas deste blog quiserem muito, mais de dez comentários pagam a continuação da história. Afinal, é domingo! Mais de dez comentários é uma meta baixa para quem recebe por dia, em média, mais de 25 visitas. Larguem de ser econômicos visitantes "fantasmas", comentem!

3 comentários:

Anônimo disse...

Tu ta me deixando nervosa com isso hehehe
Dá pra continuar ? ou seria pedir algo demais?? :P
Muito bom o "desenrolar " da história , porém preciso saber mais e mais e mais!!!!

Jennifer Azambuja de Morais disse...

Acho que ela não está traindo ele. Acho que ela está tentando descobrir o mistério do telefone. Vou fazer um protesto aqui: sempre que escreves sobre relacionamentos é a mulher que é mais escandalosa e desconfiada. Isso é machismo?? Hehehehe..

Anônimo disse...

Adorei varias partes, primeiro a do: recepcionou e o decepcionou. A conclusao que ele chegou ao unir os fatos: aquele programa num sábado a tarde? Bulhufas. :) Tais conseguindo transmitir bem a realidade de um casal em crise, ainda que pequeeeeena. Mas não concordo com a Jennifer. Como mulher, adimito: a gente faz isso mesmo. Tempestade de um pequeno sereno. A cabeça começa a funcionar pro lado errado, e o pior, em grande velocidade. Mas como ela ainda nao ouviu o meu conselho, as coisas tentem a piorar. Sinto um clima tenso no ar... ;) e ele começa a se encomodar.
(tb sei fazer rima! haha)