Ela levava a sério e ele só disfarçava como se não fosse com ele. Era um malandro, do tipo guri sabido, que só queria aproveitar a vida e não queria se prender tão cedo. 21 anos, a flor da idade masculina, mulheres e guriazinhas o disputavam acirradamente, não aos tapas, mas o disputavam. O Ricardo era concorrido. Mas, Fernandinha era insistente. E não desistiria nunca daquele malandrão até ele ceder e dar uma chance a ela.
Era na saída do colégio, era no término do treino do futebol. Marcação nas mensagens de textos e toques no celular dele e mais marcação cerrada, sobretudo, nas festas noturnas. O Ricardo não podia dar um passo, porque além da Fernandinha, todas as outras gurias estavam de olho nele, guiando cada passo e melando qualquer conversa com alguma outra concorrente da festa. O time da Fernandinha marcava o time do Ricardo com um 3-6-1 e ia para cima com um 3-4-3 ou um 4-2-1-3 dos mais atacantes.
Mulheres são persistentes quando querem algo para si. Ainda mais quando o produto pretendido não é um sapato ou uma bolsa, e sim um homem. A persistência, às vezes, avança para o estágio da obsessão. Obsessão essa que iria até ajudar àquela moça persistente, de quase 1,78m de altura, olhos verdes, boca carnuda e um longínquo cabelão até a cintura. Uma morena daquelas de levantar a torcida. E o Ricardo? O Ricardo era um gurizão normal, igual aos outros, nada de muito diferente, exceto um temperinho: ele tinha charme, muito charme – e se aproveitava demais disso.
O Ricardo sabia o quê falar, em que hora falar e o jeito que falaria com as gurias. Era do tipo analista, de analisar até as mãos das moçoilas. Era bem seletivo, garantia três, quatro até cinco gurias ou mulheres em cada festa que aparecia. A fórmula dele era simples: tinha um jeitinho tímido, engraçado, mas era podre de esperto o marmanjão. Cabelos cacheados nos trinques, perfume no cangote e colar de prata no pescoço. Uma camisa pólo, um jeans desbotado e um tênis. Nada muito sofisticado além da prata no pescoço. E não havia guria que resistisse.
A Fernandinha ficava louca quando ele chegava à festa. Nunca haviam ficado ou conversado ao vivo. Apenas via internet e por mensagem de texto. Ele sempre a deixava em banho-maria. Ela tremia as pernas, bamboleava a cintura na pista de dança junto com as amigas para ver se o Ricardo olhava. Nada. Ele não gostava de gurias muito dançarinas. Preferia as mais calmas, as quietinhas, que preferiam ficar tomando uma água, especialmente uma água, ou um drinque numa rodinha de amigas fora da pista – até porque ele não bebia nada que levasse álcool. Plano errado o da Fernandinha. Mudou de tática: começou a chegar perto, ir onde o Ricardo estivesse como se fosse um detetive. E foi na fila do bar que aconteceu o primeiro diálogo, ao vivo, e direto, sem envolvimento ou interrupções das amigas e de outras concorrentes:
- Oi Ricardinho! Tudo bem?
- Fala Fê! Tudo beleza! Queres que eu pegue alguma bebida para ti?
- Claro! Pede para mim uma água sem gás bem gelada? Sem gás! – foi ai que a conquista iniciou, o Ricardo não gostava de beber e nem de gurias que bebessem.
- Pega aí Fê, bem geladinha!
- Obrigada Ricardinho!
- De nada... E ai, curtindo a festinha?
- Claro, fui dançar um pouco com as amigas, mas dançar não é o meu forte! Prefiro uma conversa bem tranqüila só ao som da música!
- És das minhas então! Pensei que eras da tribo da música eletrônica. Passei por ti mais cedo e te vi dançando na pista...
- Era só para fazer uma social com as amigas, prefiro mesmo uma música mais calma e, ainda mais, com uma boa companhia!
- Companhia, é? Isso eu posso te fazer e acho que faço muito bem!
- Posso entender como um convite?
- Entenda formalmente então: Vamos lá para o mezanino, o em cima do Bar do Flash, sentar naqueles bancos na frente balcão? – apontou o malandrão, enquanto a Fernandinha nem acreditava no que havia escutado, apenas disse com uma afável e desacreditada voz:
- Vamos...
- Fala Fê! Tudo beleza! Queres que eu pegue alguma bebida para ti?
- Claro! Pede para mim uma água sem gás bem gelada? Sem gás! – foi ai que a conquista iniciou, o Ricardo não gostava de beber e nem de gurias que bebessem.
- Pega aí Fê, bem geladinha!
- Obrigada Ricardinho!
- De nada... E ai, curtindo a festinha?
- Claro, fui dançar um pouco com as amigas, mas dançar não é o meu forte! Prefiro uma conversa bem tranqüila só ao som da música!
- És das minhas então! Pensei que eras da tribo da música eletrônica. Passei por ti mais cedo e te vi dançando na pista...
- Era só para fazer uma social com as amigas, prefiro mesmo uma música mais calma e, ainda mais, com uma boa companhia!
- Companhia, é? Isso eu posso te fazer e acho que faço muito bem!
- Posso entender como um convite?
- Entenda formalmente então: Vamos lá para o mezanino, o em cima do Bar do Flash, sentar naqueles bancos na frente balcão? – apontou o malandrão, enquanto a Fernandinha nem acreditava no que havia escutado, apenas disse com uma afável e desacreditada voz:
- Vamos...
Foram os dois em direção ao mezanino. Os dois com duas águas sem gás nas mãos a ponto de terem, de verdade, o primeiro encontro, a primeira conversa ao vivo. Mãos trêmulas, geladas e mais geladas por causa da garrafa d’água. Foi lá em cima, sentados frente a frente nos bancos, depois das fortes investidas de Fernandinha que o Ricardo notou o quão especial aquela guria, quase mulher, era. Entre papos e confissões, águas e pernas ainda um pouco bambas, aconteceria o primeiro beijo, o primeiro sumir de chão dos dois.
Ricardo aprenderia ali que nem sempre é a quantidade que faz a diferença. A qualidade havia se tornado o seu item principal de seleção – e talvez a última seleção. Não eram necessárias muitas gurias, apenas uma com tudo o quê ele procurava. Divertiu-se com as erradas até achar a pessoa certa. Já Fernandinha descobriu que as mulheres podem e devem tomar iniciativa. Aprendeu também que uma garrafa d’água é tão importante não só para a saúde, mas para conquistar aquela exceção de guri. Ela havia derrubado o charme de Ricardo e todas as suas outras armas de conquista, porque agora, o Ricardo seria só dela, não apenas na festa, mas nos dias seguintes e depois e depois. Enquanto lá embaixo do mezanino todas as amigas dela os espiavam com olhos torcedores de um futuro bom para os dois; as concorrentes mordiam-se: porque agora o Ricardinho, o malandrão, havia cedido para compartilhar momentos com uma só pessoa e, de quebra, ganhado a possibilidade de descobrir e viver o significado da paixão e com o tempo, talvez, do amor. Uma boa marcação faz o ataque ser produtivo, nunca se esqueçam disso. A Fernandinha não esqueceu, marcou bem, ajustou a tática, jogou um bolão e honrou a bandeira do time feminino.
7 comentários:
Volteeei!! ;)
Esse assunto me é familiar. ;P às vezes, em algumas histórias que vivemos, nós gurias, precisamos superar nossa paciencia, as nossas tantas maneiras de sedução, de conquista, para conseguir o cara que queremos. E acho isso muito justo, já que não precisa ser sempre eles a nos conquistar. Traçar objetivos e correr atrás deles sempre faz bem pro nosso crescimento. Mesmo quando não conseguimos o que queríamos, durante todo o caminho vamos crescendo e amadurecendo. Certamente depois disso, o Ricardo saberia valorizar tudo o que a Fe fez pra conquistar ele, e teria tudo pra dar certo. ;) Final feliz, enfim valeu a pena todo o esforço. hehehe ;) Bjo marcoos
Ahaaa!!
Ainda bem q a fernandinha se eu bem :D
Estava torcendo por eles e o final foi extremamente positivo..
Mulheres com atitude?!?! hmmm...
ainda bem q eu tenho ;x
uiahaiuhaiha
bjosss queridão escritorr
Hehehe
Que bonitinhooo!
Parabéns pra Fernandinha e pro Ricardo! aeiuheaiuhuae
Mas eu fiquei curiosa com essa dica ai do bar do flash.. ;)
eauiea
Bjo
See HERE
É... Ricardo e Fernandinha tem outros nomes pelo visto... aHUIhauiHOAahU
Até porque essa festa parecia ser Vinícola só pelo bar do Flash :D
Me lembrou coisas boas esse texto. :)
Beijooo!
=***
Uma camisa pólo, um jeans desbotado e um tênis. Nada muito sofisticado além da prata no pescoço. E não havia guria que resistisse.
tem como resisti? fala sério!
meeu li esse texto e lembrei de um dos nossos primeiros papos esse anos, das desgraças na vida amorosa e parará...
me vin o lugar da tal fernanda em varias partes e outras no lugar do ricardo!
gostei mesmo, de verdade!
bom era isso!
beeijo kinhos (:
Ela buscou o que queria, só que nem sempre é assim tão fácil ou possível ir atrás do que se quer. Mas quando se quer deve se ir atrás,não só no amor mas em todos os setores da vida.
E é errado analisar as pessoas só a partir daquilo que gosta (olhar só as meninas que fazem aquilo que você gosta), pois podem existir pessoas que fazem algo que tu nunca se interessou, mas podem te ensinar e tu acabar se perguntando "COMO EU NUNCA FIZ ISSO NA MINHA VIDA?!"... Tudo deve ser pensado, percebido e analisado.
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