O Betinho chegou da escola e perguntou sem rodeios para a sua mãe:
- “Ô mãe por que as pessoas morrem? Para onde elas vão? Lá tem telefone para a gente falar com elas?”. A mãe, sem entender nada e de onde saíra tantas perguntas do filho de seis anos, começa a responder:
- Meu filho, chega uma hora que as pessoas precisam dar lugar a outras. Quando elas morrem, elas ficam invisíveis, ganham asas e voam para o céu. Lá não tem telefone não meu filho! O único jeito de nos comunicarmos com elas é rezando! Orando para que elas sejam felizes. Mas porque tantas perguntas, Betinho?
- É que mãe... ãããhm... o vovô do Piteco morreu. Ele ficou tão triste que eu queria falar com o vôzinho dele para que ele desse ao menos tchau para ele antes de ficar invisível! A mãe, com um jeitinho materno tenta explicar a impossibilidade:
- Betinho, querido! Agora já é um pouco tarde. O vovô do Piteco já ganhou asas e voou para bem longe! O Piteco vai ficar bem. Eu prometo que pode ele dormir aqui toda a semana. Daí vocês podem brincar à vontade, que tal?
- Será que ele vem, manhê? Eu fiquei tão triste quanto ele. Por que que dói tanto assim?
- Quando gostamos de alguém, as pessoas se tornam como pedacinhos da gente. Quando elas morrem, uma parte nossa fica machucada, como uma feridinha de joelho raspado, entendeu?
- Sim mãe, mas o vô Bernardo era tão legal com a gente. Nos ensinou a empinar pipa, pescar peixe no lago com isca falsa e ainda fez um bodoque de galho de árvore para a gente. Contava até um histórias de bichos!
- A partir de hoje, ele vai contar histórias para os anjinhos lá no céu. És muito novo para entender, mas um dia entenderás que a vida é como um passarinho indefeso, que de repente pode cair do ninho e...
- Morrer? - interrompe o pequeno.
- É Betinho...
- Ãããmmm, agora entendi. Vou ali no Piteco contar essas coisas, tá?
- Claro, fecha o portão quando sair para o Alf não fugir!
- Tchau mãe, obrigado! Ahh, faz um sanduba caprichado para mim e para o Piteco?
- “Ô mãe por que as pessoas morrem? Para onde elas vão? Lá tem telefone para a gente falar com elas?”. A mãe, sem entender nada e de onde saíra tantas perguntas do filho de seis anos, começa a responder:
- Meu filho, chega uma hora que as pessoas precisam dar lugar a outras. Quando elas morrem, elas ficam invisíveis, ganham asas e voam para o céu. Lá não tem telefone não meu filho! O único jeito de nos comunicarmos com elas é rezando! Orando para que elas sejam felizes. Mas porque tantas perguntas, Betinho?
- É que mãe... ãããhm... o vovô do Piteco morreu. Ele ficou tão triste que eu queria falar com o vôzinho dele para que ele desse ao menos tchau para ele antes de ficar invisível! A mãe, com um jeitinho materno tenta explicar a impossibilidade:
- Betinho, querido! Agora já é um pouco tarde. O vovô do Piteco já ganhou asas e voou para bem longe! O Piteco vai ficar bem. Eu prometo que pode ele dormir aqui toda a semana. Daí vocês podem brincar à vontade, que tal?
- Será que ele vem, manhê? Eu fiquei tão triste quanto ele. Por que que dói tanto assim?
- Quando gostamos de alguém, as pessoas se tornam como pedacinhos da gente. Quando elas morrem, uma parte nossa fica machucada, como uma feridinha de joelho raspado, entendeu?
- Sim mãe, mas o vô Bernardo era tão legal com a gente. Nos ensinou a empinar pipa, pescar peixe no lago com isca falsa e ainda fez um bodoque de galho de árvore para a gente. Contava até um histórias de bichos!
- A partir de hoje, ele vai contar histórias para os anjinhos lá no céu. És muito novo para entender, mas um dia entenderás que a vida é como um passarinho indefeso, que de repente pode cair do ninho e...
- Morrer? - interrompe o pequeno.
- É Betinho...
- Ãããmmm, agora entendi. Vou ali no Piteco contar essas coisas, tá?
- Claro, fecha o portão quando sair para o Alf não fugir!
- Tchau mãe, obrigado! Ahh, faz um sanduba caprichado para mim e para o Piteco?
- Tá bem, mas não demorem!
Uma criança de seis anos não entende a perda de uma pessoa tão fácil. É normal. Provavelmente ainda não havia passado diretamente por isso, por essas mudanças bruscas – perdas que envolvem morte. A dor revela a mais esplêndida emoção, sabe o porquê? Querendo ou não, ela demonstra que o amor é que nos prende às pessoas, nos faz gostar delas. Faz-nos reféns desse sentimento puro. Seja de um simples contato com o porteiro de nosso condomínio, do bom dia ao carteiro e até uma história do avô do Piteco, do amigo de Betinho. O amor é tão belo e humilde que nem ao menos o vemos, apenas sentimos até mesmo sem querer. "Esse é o cara!"
Diversos tipos de amor convivem no nosso dia-a-dia. Um simples toque no celular de um amigo. Uma mensagem com apenas um “oi” para alguém. Sem contar aquele outro tipo de amor que evidenciamos a partir do momento que nascemos e cultivamos: o amor entre as pessoas da nossa família. Ah, como é bom saber que podemos contar com essas pessoas. Um pão caseiro de uma tia prendada. Um blusão de tricô feito por nossa avó. Sem contar as histórias de vida e ensinamentos de nosso avô. Que figura! Que figurinha!
Nós temos um encontro marcado com as pessoas que devemos amar. O carinha lá de cima, presença mais humilde que esse tal de poderoso amor natural, já esquematizou tudo, organizou cada jogada. O encontro, a primeira palavra, o necessária briga e as dramáticas despedidas. E porque não os reencontros? Pode ter certeza que ele fez alguma coisa! De tão estratégico e sábio, mesmo assim, não foi ele quem inventou o conhecido War ou o compliado jogo de xadrez, mas inventou esse tal de forte amor, que supera qualquer obstáculo. Além disso, qual o porquê dele ser tão estratégico? Ele nos leva as pessoas que mais amamos! A diferença é que ele guarda algo muito melhor para depois, mesmo que demore um bom tempo para as revermos. O jogo, aqui, não acaba! Apenas a fase e a presença dos jogadores é que mudam. A vida é um ciclo.
Todos nós temos missões pré-definidas. Podemos ter nos encontrado em algum lugar, uma parada de ônibus talvez. Quem sabe em outra vida? Viemos cumprir missões que até então não foram cumpridas outrora. E nessas aventuras nesta terra de tanta desordem e incompreensão, não devemos amar de menos e sim de mais! O amor é o alimento que nos dá força para seguir em frente superando qualquer tipo de orgulho. Lembre-se, o amor pode mover montanhas, levantar ondas no mar, se possível. Pois ele é forte suficiente para operar milagres.
Se você o sente por alguém, diga. É mais do que natural dizer o quanto se gosta de uma pessoa. Agora se você sente saudades dos que já se foram, aqueles que estão “invisíveis e de asas” voando e nos protegendo a qualquer lugar que nos deslocamos, o jeito é fazer uma prece – é a melhor ferramenta de comunicação. O Betinho sentiu na pele com um avô emprestado. Uma pessoa que fez diferença na sua ainda curta vida de seis anos de idade. A morte não os separou diretamente, ela foi apenas um portal. O sentimento e os aprendizados nunca irão ser esquecidos, permanecerão com os dois, aqui na terra com Betinho e lá com o Seu Bernardo aonde ainda não conhecemos. Na verdade, não importa o tempo que se passa junto de algumas pessoas, o que realmente vale e tem sentido é a intensidade dos momentos vividos enquanto se estava junto delas. É o amor natural do ciclo da vida. Uns morrem e deixam saudades, outros ficam e aprendem lições para seguir em frente.
10 comentários:
Bah, uma das coisas q eu tenho mais medo eh isso, perder alguem importante.. E por sinal, a pessoa q eu mais do valor pros momentos q passa cmg, é o meu avô. Não imagino como seria as coisas sem ele.. O texto tbm mecheu bastante cmg!
E ah, eu te amo tá? aehaehuaie
Beijos, Marcos
aiiii marquinhos, ja tava abalada, esse teu texto me abalo mais ainda!
;~
mas passa.
gosteiii muito muiito muiiito!
beeeijo ô guri dramatico (:
Pra ser bem sincera, esse texto mexeu comigo. Posso dizer que é perfeito? Sem puxa-saquismo. É de verdade! Maduro, espiritual (não no sentido de religião), humilde, carinhoso, amoroso. Dizes verdades tão lindas, palavras perfeitamente colocadas (acho que já disse isso.) É pra mim o melhor. To até sem palavras pra comentar!! =) Só Deus mesmo pra ser tão perfeito e te fazer escolher tão bem as palavras!! ;) Q orgulho de ser tua amiga Markitu!! :)
Muito bom...
Bem do "tipo" que gosto de ler e me derreto.
Tu resumiu tudo onde disse: que o cara lá de cima já esquematizou tudo, organizou cada jogada.
Tem coisa mais verdadeira que isso , ele que move nossas vidas , que nos da as alegrias e as tristezas também , essas por mais dolorosas que são nos fazem aprender e sermos cada vez mais fortes.
E assim vivemos cada ciclo de nossas vidas , onde devemos aproveitar todas as chances e oportunidades que nos sao dadas.
Beijao amado
belas noçoes de espiritismo, tu querendo ou nao...
e quanto a missoes, concordo, mas ao destino pré-determinado, ja tenho minhas duvidas.. talvez tenhamos varios e entre eles possamos escolher.
e eh por causa dessa parte aí em negrito que temos q aproveitar ao maximo cada momento q consideremos feliz!
bjos
É, a vida e a morte andando de mãos dadas :)
Terrível perder alguém, a única coisa que consola é que aqui não é o fim mesmo. Bem, eu sou espírita neh, o texto mostra EXATAMENTE aquilo que eu acredito. :)
Beijooo!
=**
Que linda história!
Por isso que é tão importante dar valor às pessoas que admiramos e temos afeto! Não sabemos até quando elas vão estar ao nosso lado. E sem elas, a vida não tem a menor graça!
Beijos!!!
Ahhhhhh e obrigada pela mão! \o_
Poisé, foi mais ou menos assim que eu descobri o quanto doía perder alguém. Claro que eu era bem mais velha que o Betinho, tinha meus 15 anos...
O vô do meu primeiro namorado (e meu grande amigo até hoje) faleceu e eu senti tanto quanto ele, me impressionou muito o quanto as pessoas vão embora tão rápido da nossa vida. É um 'ciclo natural', mas que sempre nos dá medo, sempre nos 'fascina' de alguma maneira e sempre nos choca... Tão horrível e tão natural! Tão de repente e tão esperado. Estranho...
É bom darmos sempre valor pras pessoas que a gente ama, que a gente gosta de ter por perto. Realmente nunca se sabe quando eles terão partido...
Beijossss!!! :D
Poisé, foi mais ou menos assim que eu descobri o quanto doía perder alguém. Claro que eu era bem mais velha que o Betinho, tinha meus 15 anos...
O vô do meu primeiro namorado (e meu grande amigo até hoje) faleceu e eu senti tanto quanto ele, me impressionou muito o quanto as pessoas vão embora tão rápido da nossa vida. É um 'ciclo natural', mas que sempre nos dá medo, sempre nos 'fascina' de alguma maneira e sempre nos choca... Tão horrível e tão natural! Tão de repente e tão esperado. Estranho...
É bom darmos sempre valor pras pessoas que a gente ama, que a gente gosta de ter por perto. Realmente nunca se sabe quando eles terão partido...
Beijossss!!! :D
É o amor dá força para tudo mesmo. Já me deparei com várias situações desse tipo, pessoas muito queridas que eu amava muito, e com o tempo vamos superando a dor. Mas mesmo assim acho que sempre fica um pouquinho de dor que nunca vai sair.
O pior é quando tu sabe que aquela pessoa que tu ama muito vai morrer a qualquer momento, e por mais que tu faça nada adianta. Mas essa seria uma história muito grande para contar.
Bom acredito que um dia podemos entrar em contato de novo com essas pessoas. Mas acho que nossos destinos podem ter caminhos criados por nós e outros pré-determinados, mudamos o destino ou aceitamos ele.
Chorei com o texto, mas acho que isso é algo que todos vão passar e aprenderão muito com isso. Amor é algo forte que pode mudar tudo em nós.
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