terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O Azar de Rafinha

Depois de quebrar três vezes o tornozelo, o Rafinha ainda insistiria em jogar futebol. Daqueles bem fanáticos. Não podia ver uma bola que já saía peneirando e fazendo gracinhas com ela. 21 anos de idade e 14 anos de futebol. Escolinhas de iniciação, seleção do colégio e um time, que defenderia durante nove anos: a Semente Olímpica do Sesi.

Uma figurinha o guri. Sempre de riso solto e bom humor. Mas quando se quebrava, cruzes! Parecia algum trabalho preparado feito pelos adversários. Em três anos, três fraturas no tornozelo em três lugares diferentes – até porque é raro quebrar o mesmo lugar mais de uma vez, é que nem aquela história do raio cair mais de uma vez no mesmo lugar.

Era o primeiro a chegar aos treinos no Complexo Esportivo do Sesi. Morava pertinho, coisa de três ou quatro quadras. Alongava e saía de casa. Cumprimentava o porteiro, os taxistas do ponto da frente do seu apartamento e já ia correndo para chegar preparado. Cronometrava o tempo e sempre tentava baixar uns segundos. Conseguia, era determinado, teimosinho – e até hoje é. Não bebia, não fumava e repudiava o uso de drogas. Careta total. Tinha êxito. Sempre com fôlego e disposição nos treinos matutinos. Tinha vantagem: a cara limpa.

Em 2001 o Rafinha foi convocado para o seu primeiro Campeonato Brasileiro de Futsal entre iniciações olímpicas, em Quedas do Iguaçu, no Paraná. Não é que o maledeto se daria bem? Era canhotinho o danado. Pensava mais rápido que os outros e como isso no futsal é um ganho, era titular absoluto da ala esquerda do time. De chute forte e preciso. Tardava na marcação, mas compensava no ataque. O técnico nem reclamava, pois escalava um outro ala mais recuado que dava cobertura e supria a carência de Rafinha.

Nas quartas-de-final, contra o campeão mineiro, Rafinha entrou em campo com dor no tornozelo. Alguma coisa já não andava bem. No primeiro lance de ataque, chutou a gol com a esquerdinha potente e o tornozelo direito da perna de apoio havia estralado. Deu um passo e pediu para sair. Não era o 02 e sim o 06. Spray milagroso e água gelada. Alivou e agüentou dois minutos no banco. Voltou para o jogo e... “creeeck!”estralou mais uma vez o tornozelo. Continuou, forçou um pouco. No lance seguinte, driblou um, passou por outro e o fixo – para quem não sabe é o zagueiro no futsal – daria uma dividida bem ali na perna de apoio, logo no tornozelo. Rafinha despencou no chão e chorava de dor. O médico da Semente Olímpica fez sinal de negativo para o treinador. Rafinha saiu na maca para o vestiário e de lá para um hospital. Fratura no tornozelo.

Quedas do Iguaçu fica perto de Foz do Iguaçu, divisa do Brasil com o Paraguai. Uma cidade escolhida justamente pela estrutura que foi construída para os jogos do campeonato. Que engano! Estádios bonitos, mas nada de hospitais ou clínicas. O pronto-socorro mais próximo ficava a 90km de Quedas. Mas como ir até lá? Ninguém conhecia nada e só tinham um ônibus. Não havia táxis naquela cidade. Os estádios onde eram realizadas as partidas ficavam dentro de uma mata fechada. Muito bonita também, mas inapropriada para o evento. Não havia nem ambulâncias. O médico da Semente improvisou uma atadura com um pedaço de madeira para imobilizar o tornozelo. Rafinha agüentou firme e ficaria de repouso, lá na arquibancada, só assistindo seus companheiros que ganhariam aquela partida por 1 a 0, com o gol salvador de Tiago Biasi.

O sonho de Rafinha havia acabado. A fratura demoraria a calcificar até a próxima época de seleção para o próximo em 2002. A Semente Olímpica terminaria em 6° lugar pelo aproveitamento em 2001. Rafinha havia conquistado uma medalha de destaque do campeonato – prêmio que guarda até hoje pendurado na parede do seu quarto. Em 2003, além do nariz quebrado por causa de uma saída errada do goleiro adversário, o filme do tornozelo se repetiria. De novo. Tornozelo fraturado em dois lugares, uma fratura maior de um lado e outra ao lado da de 2001. Que azar! Macumba ou uma boa dose de inveja dos adversários ou até dos companheiros.

Hoje em dia, o Rafinha ainda participa de campeonatos em todas as quadras. De 11, de 7, futsal e até beach soccer. Apenas brincando. Dá uns chutes, pula, coordena o time e até faz gols, com a canhotinha é claro, mas não corre mais como em 2001. A dor e a insegurança do tornozelo direito o fazem ter cautela. E ele tem. Sonhava ser um jogador de futsal, das pequenas e rápidas quadras. Por ter seu sonho cortado pelo azar, inveja ou coisa parecida, atualmente, corre atrás do sonho profissional primário da sua vida: ser um jornalista.

Este texto é como uma novela: “Qualquer semelhança é mera coincidência!”.

9 comentários:

Renata disse...

Puts, tu sabes q futebol nao me agrada muito quando nao se trata do inter né.. Mas coitado do rafinha!! Eu tava até começando a torcer por ele.. :(
hehe

Anônimo disse...

Rafinha pseudonimo bonitinho esse!!!!
Mas ainda bem que o "Rafinha" ainda joga . Nem que seja brincando , ele nao deixou o que gostava de lado e corre atras de uma coisa que gosta muito : seu futuro profissional.
Assim é a vida , quando uma coisa nao dá certa , com toda a certeza abrirão novos caminhos e um deles dará certo.

Beijao amado.

Dani disse...

nao vou contar que livro andasse lendo, com o qual o texto ficou parecido, mas com um jeito teu! :x e qto as macumbas, 3x pior pra eles...
beijoos

Anônimo disse...

Mas que coisa né?
QUE NADA!
Vais me dizer que não sabias que isso se chama 'DESTINO' mesmo??? Mas tava no destino desse 'guri' ser jornalista.
Que acaso que nada... hehehehe

E eu conheço uma história muiiiito similar, mas o nome do personagem não era Rafinha... heihehieiheihe

Saudadoooooonas!!!!!
Beijão!

Anônimo disse...

só vou comentar pq eu conheci o Rafinha, bem na fase em que ele só pensava em jogar jogar, correeeeeer (né?) mas digo que ele é um cara admirável, pela convicção de seguir seus objetivos. E hoje tá aí, fazendo o que gosta e o que ama. :) e o que são machucados, perto desse prazer?! ;)

Secéu disse...

Eu nçao consegui ler tudo, mas podes ter certeza que eu volto aqui pra ler esse, e os outros posts também! E só pra não perder o veeelho costume, adquirido nos tempos de flogbrasil: KIIIIIIIINHUUUUUSSS!
Hahaha! Beijo grande! :)

Mirela disse...

Oo Rafinha é? Vai te cagar
aHUAhaoHAUihuiHUAIhuai
É neh, nem tudo é como a gente quer... Eu queria ser bailarina e vou ser enfermeira, vê se pode... Mas te prefiro como jornalista :D
O olho grande, as macumbas, inveja e etc. tem encaminharam prum lado mlhor, pensa bem! ahuiaHAhuiaUAHu :D
Beijooo Markito!
=***

Jennifer Azambuja de Morais disse...

Não acredito em macumbas e coisas assim. Era para ser assim apenas. Pois podia ter muita inveja na volta dele, mas se ele era bom assim também tinha muita torcida. Então era para acontecer. Agora se era o melhor para ele eu não sei, sei que ele tem que fazer o que é o melhor para ele. Só ele pode dizer se isso foi obra do destino ou não, ou seja, se hoje ele está melhor ou está indo por um caminho melhor... Mas o melhor de tudo isso é que ele não deixou de jogar, apenas mudou o caráter do jogo, mas continua indo em frente com a vida...

Unknown disse...

Eu achei a história interessante, mas em Quedas do Iguaçu tem hospitais e o pronto socorro fica a 2 quadras do ginásio de esportes tarumã e campo giacomar e os campeonatos inclusive este q vc menciona, são nesses lugares ou no ginásio iguaçu q fica bem proximo ao pronto socorro também, não entendo se foi escolhido pela infra estutura então não seria na mata neh... Mas até entendo vc quis deixar a história mais dramática pena q pra isso vc mentiu sobre nossa Quedas do Iguaçu.