Vivia como um cigano, de um lado para o outro. Sem destino. Até poderia tentar viver uma vida pacata ao lado de outra mulher, mas Maritza não lhe saíra da cabeça. Aquele cheio doce ao seu lado todas as noites acompanhado por aquela voz em sua orelha. Ela tinha o poder de fazê-lo arrepiar-se com apenas um a, um simples a, a vogal a acompanhada por vários h’s repetidos. Adorava ouvir aquelas interjeições ao pé do mundo. Mesmo depois de quase quatorze anos ainda sentia o mesmo arrepio só de lembrar-se daquelas cenas da vida de casado com Maritza. Sentia saudades.
Nem o chacoalhar das estradas alternativas que tomara lhe fazia perder o foco do norte. Seus olhos miravam o horizonte, mas seu pensamento estava em outros ares. Mas por que estaria ele seguindo em direção ao sul do estado se a cidade de Alegrete estaria na direção contrária? A cidade mais próxima seria Rio Grande ou ainda o balneário da cidade: a Praia do Cassino. Já tinha cavalgado aqueles quilômetros por muitas vezes. Ia e voltava. O amigo Fábio também funcionava como uma espécie de contador. A cada ida e vinda de Alaor, tascava um risco no pau da barraca em que vendia seus legumes e frutas. Em cinco meses o pau já estava com sete marcas e provavelmente a oitava marca em alguns dias quando o cavaleiro retornaria.
Alaor relembrava de cada momento ao lado da sua amada. O primeiro beijo ainda lá nos idos de 75, quando tudo era mais difícil em matéria de conquistar uma mulher. Um beijo escondido na porta do galpão da casa de Maritza. Um beijo rápido de cinco segundos por medo de o Coronel Argelim, o pai ela, pegá-los naqueles agarramentos. A vontade instigante de prosseguir o beijo e dar continuidade aos outros e outros. Mas não. Maritza recusava por mais que quisesse. Era uma mulher difícil na época. Talvez fora a mulher mais difícil que passara pelas mãos, boca e outras partes do corpo de Alaor. Por isso talvez tenha marcado e conquistado para valer o coração do cavaleiro.
Havia tido alguns casos antes de Maritza ainda na adolescência, mas nada tão forte como aquele dos dois. Depois do primeiro beijo deles, ele, o garanhão Alaor, fervilhando energia, arrebataria a inocência dela em cinco meses. Cinco, um número que Alaor tinha como sina. Cinco segundos no primeiro beijo, cinco meses até pedir a mão de Maritza em casamento e ainda o número cinco da camisa do time amador que jogava em Alegrete: o Alêmio - um time formado apenas por gremistas e por um número expressivo de alemães que trabalhavam na cidade.
Não dera nem cinco meses depois do pedido e casou-se com aquela que seria o seu grande e único amor na vida: Maritza. Um amor que nascera de um beijo rápido, instantâneo e que duraria anos e anos até o tragicômico final ciumento. Subiu os dez degraus da igreja matriz de Alegrete e esperou Maritza chegar de braço dado com o Coronel Argelim. Estava linda dando formas a um vestido branco igual ao de todas as noivas do mundo, mas certamente aquele era o vestido mais bonito do mundo para Alaor. Não entendia de moda, claro. Mas estava lá apreciando sua futura esposa e talvez mãe de seus filhos, enquanto seu sogro lhe atravessara um olhar atravessado de cachorro faminto, relutando entregar a mão de sua ninfeta, arrãm!, filha para Alaor.
Franzira a testa e lhe dissera com o mesmo olhar atravessado, agora acompanhado de um sorriso sarcástico, na hora de passar a mão da filha para a mão do cavaleiro:
- Muito juízo! Ouviu bem, tchê!? Se não...
Aquele se não lhe martelava a cabeça na hora de responder sim ao padre Quirino. Imagine responder se não ou não ao invés de sim? Seria uma catástrofe. O coronel tiraria o três-oitão da cintura e distribuíra tiros como se fossem as moedas da hora do dízimo. Felizmente disse sim, ouviu sim, ganhou uma bitóca rápida e rumou para Rio Grande, passar a lua-de-mel no Hotel Europa. Idéia de Maritza que tanto ouvira falar bem da cidade e da maior praia do mundo em extensão, a Praia do Cassino.
Rumaram embora da Igreja para pegar o primeiro ônibus para a capital e depois o segundo ônibus para Rio Grande. Uma lua-de-mel simples, claro. Até porque não tinham condições de muitos luxos. Casaram, mesmo sem a presença do padrinho, o irmão de Maritza: Matias, o homem que causara o final do casamento e ainda fora baleado pela fúria ciumenta do amor de Alaor.
Depois de horas relembrando essas histórias do casamento com Maritza chegara ao Parque Marinha, um bairro da cidade do Rio Grande. Percorrera quilômetros sem dormir enquanto a lua já ia dando espaço ao sol. O dia vinha chegando e iluminando aquela estrada pela qual havia passado há décadas atrás em sua lua-de-mel em 78. Os ainda fracos raios de sol começavam a iluminar a cidade onde havia passado a lua-de-mel com sua “nêga”. A fuga da casa onde morava com Deise nem lhe fazia sentir-se culpado, estava há meses na estrada e não lembrava nem do cheiro dela, apenas dos cachorros. Eram cachorros bons.
Estava em Rio Grande, isso é o que lhe importava. Mas qual seria o porquê da ida a Noiva do Mar? Estaria à procura de quem? Do que? Alaor realmente era um cavaleiro misterioso. Percorrer tantos quilômetros durantes meses e vir parar justamente em Rio Grande? Ninguém entenderia o que passaria na cabeça de Alaor. Nem o inseparável Amanhento que, agora, depois de tamanha distância percorrida estava realmente exausto.
Nem o chacoalhar das estradas alternativas que tomara lhe fazia perder o foco do norte. Seus olhos miravam o horizonte, mas seu pensamento estava em outros ares. Mas por que estaria ele seguindo em direção ao sul do estado se a cidade de Alegrete estaria na direção contrária? A cidade mais próxima seria Rio Grande ou ainda o balneário da cidade: a Praia do Cassino. Já tinha cavalgado aqueles quilômetros por muitas vezes. Ia e voltava. O amigo Fábio também funcionava como uma espécie de contador. A cada ida e vinda de Alaor, tascava um risco no pau da barraca em que vendia seus legumes e frutas. Em cinco meses o pau já estava com sete marcas e provavelmente a oitava marca em alguns dias quando o cavaleiro retornaria.
Alaor relembrava de cada momento ao lado da sua amada. O primeiro beijo ainda lá nos idos de 75, quando tudo era mais difícil em matéria de conquistar uma mulher. Um beijo escondido na porta do galpão da casa de Maritza. Um beijo rápido de cinco segundos por medo de o Coronel Argelim, o pai ela, pegá-los naqueles agarramentos. A vontade instigante de prosseguir o beijo e dar continuidade aos outros e outros. Mas não. Maritza recusava por mais que quisesse. Era uma mulher difícil na época. Talvez fora a mulher mais difícil que passara pelas mãos, boca e outras partes do corpo de Alaor. Por isso talvez tenha marcado e conquistado para valer o coração do cavaleiro.
Havia tido alguns casos antes de Maritza ainda na adolescência, mas nada tão forte como aquele dos dois. Depois do primeiro beijo deles, ele, o garanhão Alaor, fervilhando energia, arrebataria a inocência dela em cinco meses. Cinco, um número que Alaor tinha como sina. Cinco segundos no primeiro beijo, cinco meses até pedir a mão de Maritza em casamento e ainda o número cinco da camisa do time amador que jogava em Alegrete: o Alêmio - um time formado apenas por gremistas e por um número expressivo de alemães que trabalhavam na cidade.
Não dera nem cinco meses depois do pedido e casou-se com aquela que seria o seu grande e único amor na vida: Maritza. Um amor que nascera de um beijo rápido, instantâneo e que duraria anos e anos até o tragicômico final ciumento. Subiu os dez degraus da igreja matriz de Alegrete e esperou Maritza chegar de braço dado com o Coronel Argelim. Estava linda dando formas a um vestido branco igual ao de todas as noivas do mundo, mas certamente aquele era o vestido mais bonito do mundo para Alaor. Não entendia de moda, claro. Mas estava lá apreciando sua futura esposa e talvez mãe de seus filhos, enquanto seu sogro lhe atravessara um olhar atravessado de cachorro faminto, relutando entregar a mão de sua ninfeta, arrãm!, filha para Alaor.
Franzira a testa e lhe dissera com o mesmo olhar atravessado, agora acompanhado de um sorriso sarcástico, na hora de passar a mão da filha para a mão do cavaleiro:
- Muito juízo! Ouviu bem, tchê!? Se não...
Aquele se não lhe martelava a cabeça na hora de responder sim ao padre Quirino. Imagine responder se não ou não ao invés de sim? Seria uma catástrofe. O coronel tiraria o três-oitão da cintura e distribuíra tiros como se fossem as moedas da hora do dízimo. Felizmente disse sim, ouviu sim, ganhou uma bitóca rápida e rumou para Rio Grande, passar a lua-de-mel no Hotel Europa. Idéia de Maritza que tanto ouvira falar bem da cidade e da maior praia do mundo em extensão, a Praia do Cassino.
Rumaram embora da Igreja para pegar o primeiro ônibus para a capital e depois o segundo ônibus para Rio Grande. Uma lua-de-mel simples, claro. Até porque não tinham condições de muitos luxos. Casaram, mesmo sem a presença do padrinho, o irmão de Maritza: Matias, o homem que causara o final do casamento e ainda fora baleado pela fúria ciumenta do amor de Alaor.
Depois de horas relembrando essas histórias do casamento com Maritza chegara ao Parque Marinha, um bairro da cidade do Rio Grande. Percorrera quilômetros sem dormir enquanto a lua já ia dando espaço ao sol. O dia vinha chegando e iluminando aquela estrada pela qual havia passado há décadas atrás em sua lua-de-mel em 78. Os ainda fracos raios de sol começavam a iluminar a cidade onde havia passado a lua-de-mel com sua “nêga”. A fuga da casa onde morava com Deise nem lhe fazia sentir-se culpado, estava há meses na estrada e não lembrava nem do cheiro dela, apenas dos cachorros. Eram cachorros bons.
Estava em Rio Grande, isso é o que lhe importava. Mas qual seria o porquê da ida a Noiva do Mar? Estaria à procura de quem? Do que? Alaor realmente era um cavaleiro misterioso. Percorrer tantos quilômetros durantes meses e vir parar justamente em Rio Grande? Ninguém entenderia o que passaria na cabeça de Alaor. Nem o inseparável Amanhento que, agora, depois de tamanha distância percorrida estava realmente exausto.
Confira no capítulo de amanhã a seqüência do folhetim "Estradas Alternativas".
Um comentário:
Escrevo um resumo dos quatro capítulos que li até agora! Muito bom o folhetim do Alaor... Já conheci um cavaleiro desses. Quem fez as conexões desta vez fui eu... Mas só uma dúvida, não seria RS 734 e BR 392? dá uma confirmada.. Mesmo com qualquer equívoco, tá excelente! E não poderia ser diferente! Quem não teve afinal de contas um amor inesquecível? Parabéns! bj
Postar um comentário