segunda-feira, 26 de maio de 2008

Estradas Alternativas - Capítulo XV


Finalmente estava livre da casa, do cachorro e do homem. Infelizmente livre também de Paulinha, mas decerto outras mulheres ainda apareciam na sua vida. Ou reapareciam, quem sabe. Nunca se julga o passado como terminado ou morto meu filho, porque um dia ele vem e muda toda a história! – dizia o pai de Alaor enquanto a tuberculose que o levaria a morte já comia os seus pulmões.

Agora era só guiar Amanhento por mais alguns metros e já estaria na porta da casa do amigo. Desta vez, não erraria a porta ou pararia para alguma necessidade.

Corta.

Quando era pequeno, Alaor sempre foi uma criança feliz. Nunca lhe faltara nada, mesmo com as poucas condições da família Santerna. Mas uma coisa sempre lhe perseguia: o azar. Era tão azarado, mas tão azarado que os amigos começaram a perceber que as coisas só davam erradas quando Alaor estava no meio. Mesmo com a pouca idade, os outros já conseguiam perceber que o pé frio do pequeno menino apaixonado por cavalos acabava sendo distribuído na roda de amizades.

Certa vez, quando Alaor trepou numa árvore para construir a sonhada casa na árvore o óbvio aconteceu. Despencou. Outra vez, quando fora puxar o rabo de um porco, foi simplesmente soterrado por uma dúzia deles que o empurraram na imundícia expelida pelos outros bichanos. Teve ainda um outro fato que Alaor não envolveu só a ele, como também todos os amigos – poucos, mas bons – que tinha, inclusive Carlos Alberto: derrubou os amigos da carroça. Um quebrou o braço, o outro quebrou o dedo, enfim.

Azar. Azar. Azar.

Voltando a realidade sem nostalgia, mesmo depois de muitos anos, Alaor continua o mesmo. Não cai mais de árvores ou derruba carroças, mas envolve-se em cada situação que não dá para acreditar. Mulheres misteriosas, cachorros pseudo-assassinos e açougues de cavalos. Talvez nem pé de coelho resolva.

- Mãos ao alto! E pode ir descendo desse cavalo! – gritou um brigada militar.

É, a sorte de Alaor duraria cerca de três minutos até fugir do quarto do prazer.

- Eu disse mãos ao alto! – repetia o homem com a arma na mão.
- Sim senhor, sim senhor... – respondeu Alaor enquanto descia do cavalo.

Uma quantidade exorbitante de pessoas curiosas alagava a frente da casa de Paulinha. Não era nenhum discurso eleitoreiro ou uma distribuição de dentaduras em época de eleição. Dois carros da polícia e quatro brigadas, dois espalhados com armas em punho e dois escondidos fazendo a cobertura dos outros dois atrás das portas dos carros, estavam no local.

- Seu guarda, eu não fiz nada! Juro!
- Eu também não fiz nada, assim como todos que eu prendo!
- Eu juro seu guarda! Eu conto tudo o que sei, me escuta!
- Me dá as tuas mãos aqui e fica quietinho...
- Tem um homem e uma mulher na peça da parte dos fundos da casa. Eu só passei a noite aqui e tive relações sexuais com a mulher. É Paula o nome dela! Paula! Tem um pit-bull bonzinho solto também. Ah, depois um homem apareceu querendo roubar o meu cavalo para carneá-lo ou sei lá o que. Por favor, seu guarda não me prende! Me escuta: eu fui vítima! Ví-ti-ma!
– explicou Alaor.

- Danilinho, dá uma olhada nele aqui que eu vou lá conferir a tal peça dos fundos! Vem comigo Tavão. É melhor tu não mentir, hein o cavaleiro?

As sábias e sinceras palavras de Alaor o salvaram de ser levado para a delegacia de Rio Grande sem nenhuma explicação. Mais e mais pessoas chegavam para ver o que estava acontecendo na casa da morena de lindos vestidos e calçados sortidos. Dona Eulália e dona Lurdes disputavam a frente da casa para maiores informações sobre o que estava acontecendo. Uma emissora de rádio local já chegava para dar o boletim ao vivo. Dona Eulália era também a vítima e, por conseqüência, a fonte. Talvez sonhasse com isso. Dona Lurdes se mordia.

- Eu vi tudo! Um homem horrível, encapuzado, me fez sinal de silêncio e pulou para dentro da central de luz e apagou a luz geral. Daí eu fiquei lá fora, encostada no mudo, horrorizada e ele saiu dizendo que iria me matar se eu falasse alguma coisa. Mas eu tô aquilo falando porque eu acho que isso tudo é para o bem da segurança municipal e especialmente dessa gente boa daqui do nosso bairro! – declarou ao repórter da Rádio Cassino.

Nesse meio tempo, em que os brigadas encaminhavam o aborde a peça dos fundos e dona Eulália e também Fernando respondiam as perguntas do repórter policial da rádio, uma mão chegou por trás e posou sobre o ombro de Alaor.





Sorte ou Azar? Que loucura! Um misto dos dois! Mas... que mão será essa que pousara sobre o ombro de Alaor? Uma mão masculina? Uma mão feminina? Isso você só vai saber no capítulo de amanhã de "Estradas Alternativas".

3 comentários:

Anônimo disse...

curti, curti mesmo!
aiii ki tu me diveeerte horrores nao adianta!

te adoro e boa sorte lá em me esqueci o nome!
HUAIHEIUHEAIUHEA

beijo locutor :x

Lucas Schuch disse...

hehhehehe

Anônimo disse...

Não aguento mais essas estradas alternativas... aHAuihaUIHAoihauI
Troca de texto...Quero começar a ler denovo ;~~
Beijo Kitooo!
Saudade!