Alaor se lembrara de uma frase do amigo Canhotinho, o ala esquerdo metido a centroavante do Alêmio: “Quando está escuro, não se fala e nem se faz mais nada, só se tateia!”. Canhotinho era até um bom jogador amador, mas não seguiu na carreira. Arriscou até o futsal por alguns anos, mas também não tivera sucesso, era um azarado: quebrara o mesmo tornozelo três vezes.
Sempre lhe dizia aquela frase quando falavam sobre as mulheres de Alegrete nos bares da cidade. Quando ganhavam, perdiam a noite bebericando e petiscando algumas azeitonas, queijos e salamitos. A frase surgira depois de uma noite do centroavante com a mocinha mais admirada das redondezas de Alegrete: Isabel. Estavam numa festa bailando ao som charrua entre trocadas de passos e paradas bruscas, quando faltara luz no ambiente. O baile parou e nada havia acontecido. Então, foi ai que Canhotinho a tentara beijar despretensiosamente, conseguira apenas um beijinho rápido, de encostar os lábios. Como no escuro não se viam, puxou-a mais para perto a enlaçando pela cintura, não falou nada e a tascou o beijo mais doce que já havia dado na vida. Do beijo lembra até hoje, mas lembra mais ainda, bem mais, da cintura daquela prenda, o formato mais violino que já havia apalpado e contornado com as mãos na vida.
O cavaleiro sorria ao lembrar-se da história do amigo. Estava em um dilema: sairia do quarto e correria o risco de ser pego por aquele pit-bull ou tentaria achar alguma coisa que lhe fizesse passar o tempo naquele quarto?
Claro, ficaria no quarto. Alaor não era burro nem nada. Sabia que brevemente Paula viria lhe salvar, ver se ele já estava acordado. Certamente até lhe traria uma colher com a prova de janta para ele apontar se estava bom de sal e pimenta. Enquanto isso não acontecia, Alaor saiu tateando os objetos e paredes do quarto. Não era um quarto muito grande, então rapidamente estaria sentado no fofo colchão daquela cama alta, de cabeceira trabalhada em madeira de Gramado.
Rodou o quarto à procura de alguma pista que o fizesse saber um pouco mais sobre a sua misteriosa morena. Logo em seguida da porta achou uma gaveteira. Na primeira encontrou algumas meias e calcinhas. Hmmmm, calcinhas! – exclamou Alaor. Havia de todos os tipos. Tatetou todas e até cheirou algumas. Talvez algum instinto do cantor Wando lhe baixara naquele momento. Fechou a gaveta. Ficou com medo de que Paula chegasse de repente e lhe pegasse com as mãos e o nariz cravados em suas peças íntimas. Mas, só mais uma cheiradinha! – assoprava sua (in)consciência. Lutou. Relutou e abriu a gaveta. Cheirou, cheirou e cheirou. Pronto, estava saciado.
Seguiu pelas outras gavetas e apenas encontrara algumas meias-calças, meias soquetes e algumas roupas. Em cima da gaveteira achou alguns colares, anéis e um vaso que quase deixara cair no chão pelo descuido do tateio. Também encontrou um porta-retratos grande. Ficou curioso de ver a foto. Seria Paula em trajes sociais ou ao menos normais? Claro, até porque só a vira com cara de sono e com a sagrada camisola rosa que o hipnotizara. Ou quem sabe seria Paula acompanhada de seu cônjuge? Seria Paula casada? Alaor tinha essa dúvida ainda. Mulheres não costumam ter pit-bulls como animais de estimação. Poodles, yorkshires e shitzus até são comuns. Mas um pit-bull? Se sim, Alaor seria vítima não só do cachorro bem como do marido ou namorado de Paula.
- Ai Jesuuuus! – balbuciou enquanto simultaneamente largava o porta-retratos e fazia o sinal da cruz.
Seguiu. Caminhou mais um pouco. Mais dois passos e tropeçara em suas botas que estavam atiradas e retorcidas pelo chão desde a hora do prazer. Caíra sentado na poltrona que ficara embaixo de um suporte de televisão de frente para janela, de onde vinha o único e estreito feixe de luz natural. Agachou-se frontalmente para juntar as botas. Estralou os tornozelos e escutou um barulho. Não era um barulho vindo de seus tornozelos. Não era mesmo. Era um grito. Um grito de uma mulher. Um grito de sofrimento, de dor. Seria a voz de Paula? Não era um grito proveniente de uma dor de uma cutícula mal cortada, sem querer, pela manicura. Fora um grito forte e curto como aqueles de filme de terror.
Imerso no quarto escuro, não poderia fazer nada. Quando levantou a cabeça não acreditara no que vira através do vidro sujo da janela. Apertou um pouco os olhos para tentar compreender a imagem que via através dos vidros. Nossa, será mesmo que eu tô vendo isso? – perguntava-se interiormente enquanto se levantava da poltrona e se escondia pela cortina. Infelizmente não tinha seus óculos ali para lhe ajudar a dar maior nitidez àquela cena. Mesmo assim, era uma horrenda cena, disso tinha certeza. Muita certeza.
Sempre lhe dizia aquela frase quando falavam sobre as mulheres de Alegrete nos bares da cidade. Quando ganhavam, perdiam a noite bebericando e petiscando algumas azeitonas, queijos e salamitos. A frase surgira depois de uma noite do centroavante com a mocinha mais admirada das redondezas de Alegrete: Isabel. Estavam numa festa bailando ao som charrua entre trocadas de passos e paradas bruscas, quando faltara luz no ambiente. O baile parou e nada havia acontecido. Então, foi ai que Canhotinho a tentara beijar despretensiosamente, conseguira apenas um beijinho rápido, de encostar os lábios. Como no escuro não se viam, puxou-a mais para perto a enlaçando pela cintura, não falou nada e a tascou o beijo mais doce que já havia dado na vida. Do beijo lembra até hoje, mas lembra mais ainda, bem mais, da cintura daquela prenda, o formato mais violino que já havia apalpado e contornado com as mãos na vida.
O cavaleiro sorria ao lembrar-se da história do amigo. Estava em um dilema: sairia do quarto e correria o risco de ser pego por aquele pit-bull ou tentaria achar alguma coisa que lhe fizesse passar o tempo naquele quarto?
Claro, ficaria no quarto. Alaor não era burro nem nada. Sabia que brevemente Paula viria lhe salvar, ver se ele já estava acordado. Certamente até lhe traria uma colher com a prova de janta para ele apontar se estava bom de sal e pimenta. Enquanto isso não acontecia, Alaor saiu tateando os objetos e paredes do quarto. Não era um quarto muito grande, então rapidamente estaria sentado no fofo colchão daquela cama alta, de cabeceira trabalhada em madeira de Gramado.
Rodou o quarto à procura de alguma pista que o fizesse saber um pouco mais sobre a sua misteriosa morena. Logo em seguida da porta achou uma gaveteira. Na primeira encontrou algumas meias e calcinhas. Hmmmm, calcinhas! – exclamou Alaor. Havia de todos os tipos. Tatetou todas e até cheirou algumas. Talvez algum instinto do cantor Wando lhe baixara naquele momento. Fechou a gaveta. Ficou com medo de que Paula chegasse de repente e lhe pegasse com as mãos e o nariz cravados em suas peças íntimas. Mas, só mais uma cheiradinha! – assoprava sua (in)consciência. Lutou. Relutou e abriu a gaveta. Cheirou, cheirou e cheirou. Pronto, estava saciado.
Seguiu pelas outras gavetas e apenas encontrara algumas meias-calças, meias soquetes e algumas roupas. Em cima da gaveteira achou alguns colares, anéis e um vaso que quase deixara cair no chão pelo descuido do tateio. Também encontrou um porta-retratos grande. Ficou curioso de ver a foto. Seria Paula em trajes sociais ou ao menos normais? Claro, até porque só a vira com cara de sono e com a sagrada camisola rosa que o hipnotizara. Ou quem sabe seria Paula acompanhada de seu cônjuge? Seria Paula casada? Alaor tinha essa dúvida ainda. Mulheres não costumam ter pit-bulls como animais de estimação. Poodles, yorkshires e shitzus até são comuns. Mas um pit-bull? Se sim, Alaor seria vítima não só do cachorro bem como do marido ou namorado de Paula.
- Ai Jesuuuus! – balbuciou enquanto simultaneamente largava o porta-retratos e fazia o sinal da cruz.
Seguiu. Caminhou mais um pouco. Mais dois passos e tropeçara em suas botas que estavam atiradas e retorcidas pelo chão desde a hora do prazer. Caíra sentado na poltrona que ficara embaixo de um suporte de televisão de frente para janela, de onde vinha o único e estreito feixe de luz natural. Agachou-se frontalmente para juntar as botas. Estralou os tornozelos e escutou um barulho. Não era um barulho vindo de seus tornozelos. Não era mesmo. Era um grito. Um grito de uma mulher. Um grito de sofrimento, de dor. Seria a voz de Paula? Não era um grito proveniente de uma dor de uma cutícula mal cortada, sem querer, pela manicura. Fora um grito forte e curto como aqueles de filme de terror.
Imerso no quarto escuro, não poderia fazer nada. Quando levantou a cabeça não acreditara no que vira através do vidro sujo da janela. Apertou um pouco os olhos para tentar compreender a imagem que via através dos vidros. Nossa, será mesmo que eu tô vendo isso? – perguntava-se interiormente enquanto se levantava da poltrona e se escondia pela cortina. Infelizmente não tinha seus óculos ali para lhe ajudar a dar maior nitidez àquela cena. Mesmo assim, era uma horrenda cena, disso tinha certeza. Muita certeza.
Era só o que faltava! Mais mistério para aquela casa no Parque Marinha. Pobre Alaor! Confira a seqüência do folhetim, amanhã, no décimo segundo capítulo de "Estradas Alternativas".
Um comentário:
tchê, esse alaor só se ferra!
tô com dó do cara! haha
mto bom velhinho!
abraço!
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