domingo, 18 de maio de 2008

Estradas Alternativas - Capítulo VII


O dia ia chegando. As pessoas começavam a passar pela frente da casa e pensavam: “Um cavalo no pátio? Que estranho!”. Achavam aquela cena estranha, mas seguiam seus caminhos. As crianças que se dirigiam a parada do ônibus para rumarem as suas escolas sorriam ao olhar aquele animal solto ali, davam uma paradinha, mas seguiam empunhando as merendeiras debaixo dos braços e carregando mochilas pesadas nas costas, o oposto de como estaria Alaor: leve, leve, quase flutuando.

A única palavra que ouviu da morena de baby doll rosa foi um direto shiiiiiiiiu! para ficar quieto e segui-la até o sofá. Fora puxado pela mão até aquele plano imóvel e mais confortável. Ali seria o seu berço, mas antes deveria pagar a diária: ser o prazer daquela mulher. Não sabia seu nome, muito menos seu apelido. Era atraído e hipnotizado por aquele cheiro de morango e por aquele calor de estourar qualquer escala termométrica.

Pensara no amigo e tentara falar dele, mas no momento em que começaria a abrir a boca para pronunciar o nome de Carlos Alberto receberá um empurrão que o fizera cair com o rosto sobre as almofadas amarelas com bordas felpudinhas brancas que estavam sobre o sofá. A sua camiseta Hering básica já fora arrancada em dois movimentos: pá-pum. De repente sentira um gel gelado em suas costas. Um arrepio percorrera seu corpo de 1,84m debaixo para cima e de cima para baixo.

Alaor recebera a melhor massagem da história. Talvez a melhor massagem da sua vida. Lembrou do massagista Alceu, do seu velho time de Alegrete. Alceu tinha mãos divinas que curavam qualquer lesão. Mas as mãos daquela morena eram sobrenaturais! Pequenas mãos delicadas que lhe aplicavam movimentos curtos e intensos das omoplatas até a última vértebra na base da cintura. Aquilo era tão relaxante quanto suas cavalgadas pelo campo. Gostara da massagem, claro, e ainda mais das regalias que recebia: intermináveis e provocantes beijos na nuca.

Imagine a cena: uma morena montada sobre suas nádegas lhe distribuindo apertões calculados acompanhados de beijos. Qual seria o homem capaz de resistir àqueles carinhos? Alaor no alto de seus 51 anos tinha ainda muito sangue circulando em seu corpo. Ação reação, Alaor! Ação reação, índio velho! – escutara seu pensamento martelando-o.

O cavaleiro esticando as mãos para trás abraçou a morena e retribuiu com certa dificuldade a massagem da morena. Aquilo servira como um código, pois de imediato a mulher deu por encerrada a massagem e caminhara até o marco de uma porta, encostando-se e fazendo novamente aquele sinal com o dedo indicador, chamava Alaor para outra parte da casa. Talvez um quarto. Alaor estava entregue aos desejos selvagens e matutinos daquela mulher. Não queria nem mais saber se era mulher ou não do amigo Carlos Alberto. Decerto, mesmo que fosse ele não haveria de estar em casa.

O dedo abria e fechava, abria e fechava e Alaor ali se levantando lentamente depois daquela relaxante massagem. Que mulher! Que mulher! – pensava enquanto que simultaneamente mordia os beiços. Alaor iria até o fim, por mais que não conhecesse aquela mulher. Suas orações e preces haviam sido atendidas. Uma mulher misteriosa lhe fazia feliz, coisa que não era já havia um bom tempo desde que abandonara a sua última mulher, Deise. E Maritza? Nem lembrava mais. Ele estava entregue, lembra? E um homem entregue aos prazeres da carne, bem, você sabe como é.

Alaor tirava as botas enquanto a vontade de possuir a morena aumentava. Ela ficou rebolando para cá e para lá segurando o marco da porta com as duas mãos. Agachava e levantava, descia e subia. Devia ter uns 40 anos ou 41, quem sabe 42. Não mais que isso. Estava em perfeita forma. Não aparentava já ter tido dois filhos. Letícia e Lucas não deveriam ter saído dali. Era uma mulher perfeita para sua idade. Se parecia com Solange Frazão, a personal trainner da televisão, da extinta Casa dos Artistas do Sílvio Santos. Realmente era muito bonita, quase completa. Tinha encanto, beleza e atitude. Atitude lhe sobrava, claro. Mas todo o pensamento de Alaor, enquanto ainda sofria para desafivelar uma das botas, havia sido quebrado: uma voz masculina fora escutada vinda da frente da casa:

- Ô de casa! Ô de casa! – gritou um homem.

Alaor quase teve um enfarto. Gadunhou uma das botas, encaixou a que não havia tirado e seguiu o dedo da morena que apontava para uma porta no fundo do corredor. Correu e correu no ápice de sua forma física. Era a cozinha. Uma cozinha pequena, um tanto quanto rústica, com móveis vermelhos suspensos. Escondeu-se entre uma Prosdócimo e um armário repleto de pratos, agachado, escondidinho como se fosse um larápio fugido da polícia. E de lá ouviu:

- Oi Paulinha, te acordei? – falou aquela voz masculina.

Paulinha? Como assim? – pensou o cavaleiro lá no fundo do corredor.

Definitivamente aquela não era a casa e muito menos a esposa do amigo Carlos Alberto.




Os caminhos de Alaor estavam realmente tendo outros rumos. Paulinha? Pois é! E o tal homem no portão? Confira essas respostas e outras surpresas amanhã, no próximo capítulo do folhetim "Estradas Alternativas" aqui no Palavra de Guri.

Um comentário:

Narca disse...

Curiosa, muito curiosa. É assim que me sinto cada vez que leio um capítulo dessa história!!! Quero muito saber qual será o final de Alaor e o que está por trás de tudo isso, hehehe.
Beijoss!!! ;)
OBS.: Já me viciei nos teus textos!