terça-feira, 27 de maio de 2008

Estradas Alternativas - Capítulo XVI


Um aroma de frutas impregnou o ar da rua principal do Parque Marinha e certamente o ombro de Alaor. Não era um cheiro tão doce quanto ao cheiro doce e natural que Maritza tinha, claro. Esse era bem diferente: um misto de frutas com suor, suor com frutas, resultado final de um dia de muito trabalho na Fruteira Internacional.

- Vivente velho! Não acredito que és tu! – iniciou Carlos Alberto.
- Que prazer te ver meu amigo!
- O que aconteceu? Andasses assaltando a casa da queridona da minha vizinha?
- Bem pelo contrário! Fui vítima dela e o meu cavalo do tal homem que tem combinandinhos com ela...
- Cruzes! Mas o que te fez vir para essas querências?
– questionou o dono da Fruteira.
- Isso é uma longa história, mas posso te adiantar que eu queria te visitar e ai aconteceu tudo isso...
- Tu e o teu azar de sempre, hein?

O amigo Carlos Alberto não havia esquecido a fama de azarado de Alaor. E também, nem poderia. Haviam passado por tantas situações azaradas que o futuro também não deveria ser diferente, nem que Alaor tomasse um banho de sal grosso e carregasse no pescoço uma dúzia de rabos de coelho.

De repente uma voz infantil ainda carregada de agudos interrompeu a conversa dos amigos:

- Eu vi tudo moço! Eu vi tudo! – Alaor olhara para baixo com um olhar plongé e vira uma criança, um garotão, puxando parte da sua calça lhe pedindo atenção.
- Foi o Ari! Foi o Ari!
- Mas quem é Ari, meu querido?
- Ari é o dono de um restaurante daqui do bairro Alaor!
– explicou o amigo Carlos Alberto.
- Ele tem mania de vigilante do bairro! E hoje te seguiu desde quando o moço chegou de manhã bem cedinho!
- E como tu sabes disso?
- Ah moço eu tenho as minhas fontes!
– disse o pequeno garoto que trajava uma camiseta do Sport Club Rio Grande, bermuda jeans e um par de havaianas vermelhas.
- Está certo! Mas me diz, sabes de mais alguma coisa sobre o tal Ari?
- Ele anda sempre visitando a dona Paula aqui, vira e mexe e ele entra ai. Ele até é um moço legal, até me deu uma bola de futebol quando a dona Eulália furou a minha...
- Hmmm...
– balbuciou Alaor enquanto coçava o queixo e balançava a cabeça.
- Vou ali chamar o brigada e tu fala isso para ele, está bem? – questionou Carlos Alberto.
- Claro tio! E se eu falar será que eu ganho uma dúzia daquela laranjinha pequeninha?
- Vou pensar...

Enquanto todos aguardavam ansiosos, o surgimento dos criminosos resultante do aborde que a Brigada Militar daria à peça dos fundos da casa, dona Eulália continuava distribuindo entrevistas como se estivesse numa coletiva de imprensa. Dona Lurdes conversava com Alaor tentando compreender o que havia acontecendo lá dentro, fazendo uma retrospectiva dos fatos para depois informar as jornalistas de portão e também os clientes da Fruteira Internacional.

Lá dentro, os policiais chegavam ao fundo casa, depois de driblarem facilmente o dócil pit-bull com uma surrada e furada bola de futebol:

- No três tu avanças Tavão! – ordenou Silveira.
- O.k. – sinalizou Tavão com a mão esquerda.

Pé na porta e “buuuum!”. Pronto, a porta já era. Mãos ao alto é a polícia! – anunciou Silveira, enquanto um cheiro fétido de carnes putrefatas tomava conta da peça dos fundos. Uma cena dantesca: cavalos pendurados em ganchos metálicos; porcos carneados e suas partes separadas por setores em cima de um balcão metálico - confirmando a imagem que Alaor tinha visto através da janela do quarto de Paula. Mas o problema nem era os porcos e sim os cavalos. Silveira não agüentou, virou para o lado e despejou a janta que recém havia engolido. Tavão também, dera dois passos para trás e fizera o mesmo.

Paula e o tal homem – possivelmente Ari – teriam poucos segundos para fugir dali enquanto os dois botavam os bofes para fora.

E fugiram.

Driblaram os cavalos que estavam ali pendurados, passaram pelos dois brigadas e seguiram em frente, com Paula dando apoio ao homem que ainda sentia as dores do coice de Amanhento. Pensaram em seguir até a frente da casa, mas ouviram o burburinho vindo lá da frente e também o reflexo azul e vermelho das sirenes da viatura da polícia. Restavam-lhes três saídas: pular o muro, seguir para dentro da casa da frente ou se entregar assumindo o plano maquiavélico que haviam realmente planejado.




Para onde fugiriam o casal? E Alaor como sairia dessa: livre ou culpado? Isso você só saberá nos próximos capítulos do folhetim "Estradas Alternativas"!

Um comentário:

Narca disse...

Hmm, tô vendo que a história tá começando a ser esclarecida!!!
Só quero ver o que acontecerá com Alaor e com os casal bandido, hehehe.
Ainda bem que agora o Alaor pode contar com a ajuda do Carlos Alberto (se é que isso pode diminuir com a má sorte dele):p.
Beijosss!!!