terça-feira, 17 de junho de 2008

Ela Sabia de Tudo - Capitulo II


Todos os tipos de vingança passaram pela cabeça dela. Mas de todas, optou pela vingança branca, a de envolvimento limpo: sem sangues ou mortes.

Optou por chantagear.

E o plano começaria na manhã daquela terça-feira, depois do bom dia forçado que provocara na família Martinatto. Dos quatro membros da casa, pensou em começar pelo dono da família – de que sabia muitas e muitas coisas sujas – ou pela patroa, mas como ela era nem fede e nem cheira, preferiu começar de leve com os filhos. Optando pela idade como ordem. Começou pela menor, por Carolina, de dezessete anos.

Carolina estava no segundo ano do ensino médio. Era uma menina como as outras, nada de muito diferente, a não ser suas manias anti-sociais. Aos sábados, preferia ficar em casa enquanto suas amigas sacolejavam pelos bailes da cidade. Porém, era aí que morava o grande segredo de Carolina: aos sábados ficava em casa e os pais aplaudiam o comportamento caseiro da filha que lhe rendia alguns trocados extras. Durante a semana, ao invés de ir aos cursos de inglês e espanhol, ficava em casa recebendo variadas visitas masculinas, justamente quando os pais e o irmão estavam na rua trabalhando.

Mas ela sabia! Ela, a vingativa! Ela sabia de tudo o que ocorria na casa da família. Sabia quem ligava e quem visitava. Tinha o controle da despensa por mais que não colocasse o pé para fazer a checagem dos itens faltantes. Sabia e ponto. Era tão mais informada que Renê, o porteiro do edifício Villwock, prédio vizinho da casa dos Martinatto.

Tinha em mãos o poder de fazer Carolina lhe dar mais atenção, quem sabe. Chantagearia e estava certa disso. Não sabia como, não possuía etapas, mas ia pela ordem crescente de idade.

De repente todos levantaram da mesa e foram dispersando para os quartos a fim de seguirem suas rotinas. Ela ficou ali, desbundada, escanteada como sempre. O plano de chantageá-los havia falhado. Contudo, ela tirou uma lição positiva do ato falho: arrumaria mais provas e desenvolveria métodos específicos mais incisivos, talvez etapas mais pensadas, para dar forma à vingança.

Ela teria cerca de quatro horas até a hora do almoço, para achar algumas provas contra algum dos membros da família. Decerto que seriam três, pois a patroa era uma santa, por mais que nunca a dirigisse uma palavra, assistia à novela de quando em vez com ela. E isso já lhe era suficiente.

Carolina rumou para a escola e Francisco e Tales para seus trabalhos. Adelaide fora para cozinha lavar a louça do café da manhã e preparar o almoço. Fazia isso com muito gosto. Gostava de agradar o marido e as crianças – que nem poderiam mais ser chamadas assim por causa da idade – com pratos deliciosos ensinados por sua mãe, por dona Alzira.

Enquanto todos seguiam suas vidas, a televisão na sala pareceu tomar vida. Ligou-se sozinha, mudava de canal e apagava. Algo estranho começou a acontecer. Ligou-se novamente, aumentava o volume até o máximo e apagava. Ato suficiente para chamar a atenção de Adelaide que rumou da cozinha em dois toques para ver o porquê de a televisão estar ligando e desligando sozinha.

Ainda com o pano de pratos úmido em mãos, Adelaide elucidara que o barulho que havia ouvido era da televisão mesmo. Pensou em Tobby, o yorkshire de estimação da famíla, estar brincando com o controle, mas não, ele estava no andar de cima no quarto de Carolina. Presenciou mais duas ligadas e desligadas automáticas e procurou o controle remoto para apagá-la. Catou pelos sofás, procurou embaixo das almofadas e nada. Neste meio tempo, a televisão ligou-se mais uma vez e permaneceu ligada com um fundo preto, sem emitir nenhum som, nenhum ruído.

De repente, uma gargalhada muito alta saiu pelos auto-falantes da televisão enquanto simultaneamente algo muito estranho substituiu o preto da tela.

Adelaide pasmou.





O que apareceu na televisão? Seria uma das vinganças da tal mulher vingativa? Isso é o que você saberá amanhã no terceiro capítulo do folhetim "Ela Sabia de Tudo"!

2 comentários:

Andréia Pires disse...

fico esperando junto com a Adelaide.. :D

Narca disse...

"E volta o cão arrependido, com suas orelhas tão fartas, o seu osso roído e o rabo entre as patas..." Hehehehe

Apesar da falta de comentários tenho acompanhado o novo folhetim, mas confesso que tô ficando com medo de ler o próximo capítulo, histórias de suspense me apavoram...

Beijosss!