Agachada, juntando os talhes e os restos dos pratos quebrados, sentiu um vento vir em sua direção. Um vento frio, de outono. Olhou para o lado direito e viu as janelas fechadas. Olhou para o lado esquerdo e viu a porta da cozinha que dá para o pátio dos fundos, entreaberta.
Pensou em ligar para a polícia ou até para o marido, mas ainda precisava de mais provas de que estaria em perigo. De imediato, largou os talheres na pia, deixou os cacos dos pratos no chão e gadunhou a vassoura com a mão direita e seguiu em direção ao pátio, guiando-se pelas latidas de Tobby.
Abriu a porta com a maior destreza que lhe era peculiar e fora, passo a passo, sem fazer nenhum barulho além das latidas do cachorro. Seguira mais dois, três ou quatro passos e pararia de repente. Normal quando se tem medo do desconhecido. Mas não. Adelaide voltou em passos curtos e mais rápidos até a cozinha. Largou a vassoura e abriu a primeira gaveta do balcão da cozinha, a gaveta dos talheres. Tateou enquanto olhava para o corredor do pátio esperando a aparição do desconhecido.
Ela não achava o que queria. Tateava e nada. Resolveu olhar. Procurava alguma coisa para se defender, decerto. Procurava era uma faca de cortar carne, a dos churrascos de domingo, a mais afiada da casa. Não estava ali na primeira gaveta. Seguiu para a gaveta de baixo, a segunda de cima para baixo, só achou panos de secar pratos e uma caixa de fósforos. Foi para a terceira e só achou os descansos para panelas. Merda! – balbuciou.
As mãos começaram a tremelicar para valer.
Chegou à quarta, a última e esperançosa gaveta, e só achou martelos de bater bifes, escumadeiras e ganchos para servir massas. A faca não estava ali. Pensou em pegar o martelo, mas relutou. Era muito pesado e seria difícil de usá-lo naquela situação de perigo. Foi quando olhara para a máquina de lavar louça, a faca estava lá dentro, imersa em espuma.
Abriu a máquina em dois toques, pegou a faca, a enxugou com um pano e seguira destemida porta a fora. Estava obstinada a achar aquele desconhecido. Seu pensamento estava na procura do tal visitante que poderia ser talvez o homem mascarado da televisão. Talvez sua casa estivesse sendo o alvo de uma quadrilha. Muitas perguntas lhe assolavam a cabeça. Ainda mais depois da revelação do homem de que seu marido havia tido um caso com a vizinha metida a rica do edifício Villwock.
Caminhou com os mesmos passos curtos, desta vez, ainda mais tranqüilos como se estivesse pisando em ovos. Olhava para cima e para baixo, para baixo e para cima. Aquela cena havia se tornado um set de gravação de um filme. Um filme de suspense é claro, com pitadas de ação e terror, de certo modo. Uma mulher que recebe uma mensagem ameaçadora na televisão escuta um barulho e sai caminhando por um corredor de paredes de quase oito metros de altura dos dois lados, com uma faca empunhada na mão direita, guiando-se pelos latidos de um cachorro de latidos intermitentes. Um bom enredo para a competente direção de Scorsese ou até pelos irmãos Coen.
Até chegar ao final do corredor ainda lhe havia um caminho de vinte passos normais ou sessenta dos passos curtos dos quais ela estava galgando. Seguiu fazendo a mesma estratégia de olhar para cima e para baixo – posicionamento aprendido nas aulas de dança de salão que fazia todas às quintas-feiras à noite com o marido.
Depois de alguns segundos chegara ao final do quase interminável corredor. Já enxergava agora com nitidez a piscina à sua esquerda e a porta do quarto dos fundos, o antigo quarto de empregada, que agora que servira como depósito, também entreaberta. Tobby estava latido, quase afônico, em frente à porta. Mais uma porta entreaberta! Ave Maria Santíssima! – exclamou, fazendo o sinal da cruz.
- Se nem ele entrou é porque tem gente ali! – deduziu Adelaide em voz baixinha.
Não sabia se ia, não sabia se voltava. Estava na dúvida, uma dúvida cruel e vital até então. Sua vida estaria em risco se houvesse um ladrão armado ali ou até um estuprador. Talvez o mesmo homem da imagem da televisão. Vá saber!
Decidiu avançar um pouco mais e caminhou mais dois passos. E mais dois, três, quatro passos. Tobby a vira chegar e correra para perto de sua dona, correndo em sua volta como se a estivesse avisando do perigo. Depois de a circundá-la, correra para trás dos pés de Adelaide que agora tomara as rédeas da situação como uma verdadeira caçadora.
Pensou em ligar para a polícia ou até para o marido, mas ainda precisava de mais provas de que estaria em perigo. De imediato, largou os talheres na pia, deixou os cacos dos pratos no chão e gadunhou a vassoura com a mão direita e seguiu em direção ao pátio, guiando-se pelas latidas de Tobby.
Abriu a porta com a maior destreza que lhe era peculiar e fora, passo a passo, sem fazer nenhum barulho além das latidas do cachorro. Seguira mais dois, três ou quatro passos e pararia de repente. Normal quando se tem medo do desconhecido. Mas não. Adelaide voltou em passos curtos e mais rápidos até a cozinha. Largou a vassoura e abriu a primeira gaveta do balcão da cozinha, a gaveta dos talheres. Tateou enquanto olhava para o corredor do pátio esperando a aparição do desconhecido.
Ela não achava o que queria. Tateava e nada. Resolveu olhar. Procurava alguma coisa para se defender, decerto. Procurava era uma faca de cortar carne, a dos churrascos de domingo, a mais afiada da casa. Não estava ali na primeira gaveta. Seguiu para a gaveta de baixo, a segunda de cima para baixo, só achou panos de secar pratos e uma caixa de fósforos. Foi para a terceira e só achou os descansos para panelas. Merda! – balbuciou.
As mãos começaram a tremelicar para valer.
Chegou à quarta, a última e esperançosa gaveta, e só achou martelos de bater bifes, escumadeiras e ganchos para servir massas. A faca não estava ali. Pensou em pegar o martelo, mas relutou. Era muito pesado e seria difícil de usá-lo naquela situação de perigo. Foi quando olhara para a máquina de lavar louça, a faca estava lá dentro, imersa em espuma.
Abriu a máquina em dois toques, pegou a faca, a enxugou com um pano e seguira destemida porta a fora. Estava obstinada a achar aquele desconhecido. Seu pensamento estava na procura do tal visitante que poderia ser talvez o homem mascarado da televisão. Talvez sua casa estivesse sendo o alvo de uma quadrilha. Muitas perguntas lhe assolavam a cabeça. Ainda mais depois da revelação do homem de que seu marido havia tido um caso com a vizinha metida a rica do edifício Villwock.
Caminhou com os mesmos passos curtos, desta vez, ainda mais tranqüilos como se estivesse pisando em ovos. Olhava para cima e para baixo, para baixo e para cima. Aquela cena havia se tornado um set de gravação de um filme. Um filme de suspense é claro, com pitadas de ação e terror, de certo modo. Uma mulher que recebe uma mensagem ameaçadora na televisão escuta um barulho e sai caminhando por um corredor de paredes de quase oito metros de altura dos dois lados, com uma faca empunhada na mão direita, guiando-se pelos latidos de um cachorro de latidos intermitentes. Um bom enredo para a competente direção de Scorsese ou até pelos irmãos Coen.
Até chegar ao final do corredor ainda lhe havia um caminho de vinte passos normais ou sessenta dos passos curtos dos quais ela estava galgando. Seguiu fazendo a mesma estratégia de olhar para cima e para baixo – posicionamento aprendido nas aulas de dança de salão que fazia todas às quintas-feiras à noite com o marido.
Depois de alguns segundos chegara ao final do quase interminável corredor. Já enxergava agora com nitidez a piscina à sua esquerda e a porta do quarto dos fundos, o antigo quarto de empregada, que agora que servira como depósito, também entreaberta. Tobby estava latido, quase afônico, em frente à porta. Mais uma porta entreaberta! Ave Maria Santíssima! – exclamou, fazendo o sinal da cruz.
- Se nem ele entrou é porque tem gente ali! – deduziu Adelaide em voz baixinha.
Não sabia se ia, não sabia se voltava. Estava na dúvida, uma dúvida cruel e vital até então. Sua vida estaria em risco se houvesse um ladrão armado ali ou até um estuprador. Talvez o mesmo homem da imagem da televisão. Vá saber!
Decidiu avançar um pouco mais e caminhou mais dois passos. E mais dois, três, quatro passos. Tobby a vira chegar e correra para perto de sua dona, correndo em sua volta como se a estivesse avisando do perigo. Depois de a circundá-la, correra para trás dos pés de Adelaide que agora tomara as rédeas da situação como uma verdadeira caçadora.
Mais uma porta entreaberta! O que estava acontecendo na casa da família Martinatto? Confira amanhã no próximo capítulo do folhetim "Ela Sabia de Tudo"!
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