Paralisou como se alguém a tivesse apertado o pause. Não se moveu durante bons segundos, talvez minutos, enquanto mirava aquela imagem. Tremelicava por dentro, mas não se movia. Uma sensação de medo e raiva lhe tomara conta após o término da cena.
Um vídeo com alguém mascarado, provavelmente um homem, lhe disse algumas palavras e depois desatou a falar em tom irônico, talvez sarcástico, mas muito ameaçador:
“(...) Eu sei de tudo o que ele fez com a tua empregadinha! Sei também dos dinheiros que ele andou emprestando para a vizinha do prédio ao lado. Sem contar que ele também teve algumas noites de prazer com ela. Claro, ela não poderia pagar com dinheiro, dava-lhe o corpo e o prazer que talvez tu não tenhas mais vigor para dá-lo. A vida é assim, Adelaide. As máscaras sempre caem, sabias? (..)” – dizia o mascarado.
Aquela face coberta por uma meia preta e com a baixa qualidade do vídeo não seria possível definir quem seria. Homem, decerto que era, porém quem? Adelaide assistiu impávida, imóvel a mensagem enquanto sua cabeça martelava e fazia muitas relações de quem seria o tal homem. Pensou no jardineiro da casa ou ainda no caseiro do sítio da família, o Renato. Mas não. Nenhum deles tinha uma voz daquelas, grossa, como um locutor de rádio AM.
E ele continuou:
“(...) não tem graça ser rico nestas horas, não? Qualquer um pode levantar uma suspeita, fazer uma intriga ou pegar uma fofoca das boas para transformar numa chantagem. Agora a tua cabeça deve estar bem confusa... – uma pausa longa seqüenciou. Seriam reticências intermináveis como manda o figurino da língua portuguesa, até que Adelaide ouviu um estouro na cozinha e deixou o homem mascarado sozinho na sala.
Meu Deus! – pensou ela. Mas correu em disparada a cozinha. Cogitou relutar, mas era uma mulher forte e muito corajosa. Se não havia pestanejado e nem movido o pé da sala durante aquela mensagem, não teria medo do barulho na cozinha. Essa era uma das qualidades que conquistara o marido, o major Francisco.
- Drooooga! – lamentou, com muitos o’s.
A máquina de lavar louça havia aberto – sozinha? – e alguns talheres e pratos estavam caídos no chão. Não pensou que houvesse alguém ali. A máquina já estava um pouco antiga, talvez a presilha de borracha da tampa estivesse gasta. Entretanto, tal afirmação fora interrompida e desconfirmada pelos latidas de Tobby, que estava no pátio, ao lado da cozinha, latindo para o alto do muro.
O cachorro da família sempre latia quando algum desconhecido chegava à casa dos Martinatto. Yorkshires latem por qualquer coisa, sim. Um latido seguido e irritante aos tímpanos. Mas a dona-de-casa sabia que aqueles latidos constantes e, até então, desesperadores do pequeno cachorro não eram de desconfiança e sim de alerta.
Adelaide não estava sozinha na casa, realmente.
Um vídeo com alguém mascarado, provavelmente um homem, lhe disse algumas palavras e depois desatou a falar em tom irônico, talvez sarcástico, mas muito ameaçador:
“(...) Eu sei de tudo o que ele fez com a tua empregadinha! Sei também dos dinheiros que ele andou emprestando para a vizinha do prédio ao lado. Sem contar que ele também teve algumas noites de prazer com ela. Claro, ela não poderia pagar com dinheiro, dava-lhe o corpo e o prazer que talvez tu não tenhas mais vigor para dá-lo. A vida é assim, Adelaide. As máscaras sempre caem, sabias? (..)” – dizia o mascarado.
Aquela face coberta por uma meia preta e com a baixa qualidade do vídeo não seria possível definir quem seria. Homem, decerto que era, porém quem? Adelaide assistiu impávida, imóvel a mensagem enquanto sua cabeça martelava e fazia muitas relações de quem seria o tal homem. Pensou no jardineiro da casa ou ainda no caseiro do sítio da família, o Renato. Mas não. Nenhum deles tinha uma voz daquelas, grossa, como um locutor de rádio AM.
E ele continuou:
“(...) não tem graça ser rico nestas horas, não? Qualquer um pode levantar uma suspeita, fazer uma intriga ou pegar uma fofoca das boas para transformar numa chantagem. Agora a tua cabeça deve estar bem confusa... – uma pausa longa seqüenciou. Seriam reticências intermináveis como manda o figurino da língua portuguesa, até que Adelaide ouviu um estouro na cozinha e deixou o homem mascarado sozinho na sala.
Meu Deus! – pensou ela. Mas correu em disparada a cozinha. Cogitou relutar, mas era uma mulher forte e muito corajosa. Se não havia pestanejado e nem movido o pé da sala durante aquela mensagem, não teria medo do barulho na cozinha. Essa era uma das qualidades que conquistara o marido, o major Francisco.
- Drooooga! – lamentou, com muitos o’s.
A máquina de lavar louça havia aberto – sozinha? – e alguns talheres e pratos estavam caídos no chão. Não pensou que houvesse alguém ali. A máquina já estava um pouco antiga, talvez a presilha de borracha da tampa estivesse gasta. Entretanto, tal afirmação fora interrompida e desconfirmada pelos latidas de Tobby, que estava no pátio, ao lado da cozinha, latindo para o alto do muro.
O cachorro da família sempre latia quando algum desconhecido chegava à casa dos Martinatto. Yorkshires latem por qualquer coisa, sim. Um latido seguido e irritante aos tímpanos. Mas a dona-de-casa sabia que aqueles latidos constantes e, até então, desesperadores do pequeno cachorro não eram de desconfiança e sim de alerta.
Adelaide não estava sozinha na casa, realmente.
Quem estava na casa? Se é que havia alguém... Confira amanhã, na seqüência do folhetim "Ela Sabia de Tudo".
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