Feixes de luz entravam pelas aberturas da janela e iluminavam com sutileza o quarto do filho. Uma luz suficiente para Adelaide perceber o quarto e apontar que tudo estava nos conformes. Exceto uma coisa: a televisão.
A voz que havia escutado era a mesma da mensagem misteriosa da sala. O mesmo homem encapuzado estava a monologar ameaças e textos soltos sem pé nem cabeça. Falava de alguns clientes da médica, falava dos amigos do marido dela e falava também de Andressa:
“(...) eu sei muito bem que o teu marido tem um caso com a Andressa. É só tu saíres de casa que ele volta correndo e passa a tarde inteirinha com ela. Tu é uma trouxa, doutorinha de quinta categoria mesmo. Além do mais é guampuda! (...)” – dizia o mesmo homem, com risadas sarcásticas e emendando com a frase mais incisiva e perturbadora:
“E mais, se tu não sabes ou ainda não percebesses, a tua empregadinha está grávida! Grávida! Entendeu bem? Grá-vi-da! Agora além de médica, mãe e guampuda, madrasta! Que beleza, que beleza! E sabes do melhor? Este pesadelo não vai ter fim tão cedo!”
Adelaide caiu sentada no sofá do quarto do filho e se desligou do mundo. Como que o seu marido poderia ter um caso com aquela jovem? Ela poderia ser sua filha, sua sobrinha até. Ter um caso com Andressa seria de tamanha grandeza a ponto de Adelaide tomar providências mais fortes, até o final do casamento de anos.
A médica ficou sentada com as mãos no rosto e desmanchando-se em lágrimas. Os cachorros tentaram fazê-la sorrir. Mas ela não pensava em nada a não ser Andressa. Tudo relativo à Andressa. O caso da empregada doméstica com o marido. A possível gravidez de Andressa e a paternidade de Francisco. Não acreditava naquilo. Decerto estava vivendo um pesadelo.
Depois de alguns minutos, recostou-se no sofá. Acomodou a cabeça numa almofada e tapou-se com a colcha gremista do filho.
Adormeceu.
O homem mascarado continuou a falar e falar fazendo repetidas e até outras ameaças. Fez algumas revelações também, mas Adelaide estava imersa no sono mais triste e também mais profundo. O aparelho de DVD desligou depois do final da mensagem e a televisão ficou preta. Só que preta mesmo estava a situação do marido que escutaria muitas e muitas coisas quando chegasse em casa.
Enquanto isso, em um dos sonhos de Adelaide:
- Eu vou pular daqui! Não adianta nem falar, eu vou pular, Francisco!
- Amor, eu juro que não fiz nada de errado desta vez! Eu nunca sequer toquei na mão da Andressa! Ela tem idade para ser nossa filha!
- Duvido! Tu és um sem vergonha, nem vem! Da outra vez também não tinhas feito nada e na verdade estavas com outra, lembras? Eu vou pular!
- Ah é? Não acreditas em mim?
- Nããããão!
- Então pode pular, pode pular porque eu tenho mais o que fazer do que ficar ouvindo ameaçazinha de esposa ciumenta que acredita em armação dos outros!
- Franciiiiis...
Ela acordou.
Ainda com os olhos entreabertos olhou para o rádio-relógio do filho ao lado da cama e viu: vinte e uma horas e treze minutos... quatorze. Puxa vida, são nove da noite! Cadê o pessoal desta casa? – apontou. Era hora de levantar e dar um jeito naquela situação. Primeiro ligar para os filhos e ver o paradeiro de cada um. Depois passar no BIG para comprar alguma ração para o novo mascote da casa. Mas e as mensagens do homem mascarado? Isso é o que Adelaide ainda precisava definir a melhor coisa a fazer.
Apagou a televisão, tirou o DVD do aparelho e verificou a parte de cima do disco. Uma marca desconhecida, possivelmente comprada no comércio informal. Logo abaixo da marca havia uma frase escrita em vermelho que dizia: “Mensagem 02 – Outro passo para o fim”.
Adelaide não gostou nada daquilo. Se aquela era a mensagem número dois, a da sala seria a primeira, claro, mas pelo jeito haveria uma trilogia ou até mais do que isso, capítulos subseqüentes que aumentariam ainda mais o mistério que a médica estava vivendo.
Desceu a escada ainda sonolenta e dolorida pelo cochilo no sofá e foi até a sala. Ligou a luz, viu os dois cachorros dormindo em frente à televisão. Fez um carinho em cada um até o aparelho de DVD ligar. Estava ansiosa. Apertou o eject do aparelho e tirou o disco. “Mensagem 01 – O começo do fim” – era o que dizia, nos mesmos moldes do disco número dois.
Era chegada a hora de tomar uma decisão, mas antes ligar para os filhos.
Press Stop.A voz que havia escutado era a mesma da mensagem misteriosa da sala. O mesmo homem encapuzado estava a monologar ameaças e textos soltos sem pé nem cabeça. Falava de alguns clientes da médica, falava dos amigos do marido dela e falava também de Andressa:
“(...) eu sei muito bem que o teu marido tem um caso com a Andressa. É só tu saíres de casa que ele volta correndo e passa a tarde inteirinha com ela. Tu é uma trouxa, doutorinha de quinta categoria mesmo. Além do mais é guampuda! (...)” – dizia o mesmo homem, com risadas sarcásticas e emendando com a frase mais incisiva e perturbadora:
“E mais, se tu não sabes ou ainda não percebesses, a tua empregadinha está grávida! Grávida! Entendeu bem? Grá-vi-da! Agora além de médica, mãe e guampuda, madrasta! Que beleza, que beleza! E sabes do melhor? Este pesadelo não vai ter fim tão cedo!”
Adelaide caiu sentada no sofá do quarto do filho e se desligou do mundo. Como que o seu marido poderia ter um caso com aquela jovem? Ela poderia ser sua filha, sua sobrinha até. Ter um caso com Andressa seria de tamanha grandeza a ponto de Adelaide tomar providências mais fortes, até o final do casamento de anos.
A médica ficou sentada com as mãos no rosto e desmanchando-se em lágrimas. Os cachorros tentaram fazê-la sorrir. Mas ela não pensava em nada a não ser Andressa. Tudo relativo à Andressa. O caso da empregada doméstica com o marido. A possível gravidez de Andressa e a paternidade de Francisco. Não acreditava naquilo. Decerto estava vivendo um pesadelo.
Depois de alguns minutos, recostou-se no sofá. Acomodou a cabeça numa almofada e tapou-se com a colcha gremista do filho.
Adormeceu.
O homem mascarado continuou a falar e falar fazendo repetidas e até outras ameaças. Fez algumas revelações também, mas Adelaide estava imersa no sono mais triste e também mais profundo. O aparelho de DVD desligou depois do final da mensagem e a televisão ficou preta. Só que preta mesmo estava a situação do marido que escutaria muitas e muitas coisas quando chegasse em casa.
Enquanto isso, em um dos sonhos de Adelaide:
- Eu vou pular daqui! Não adianta nem falar, eu vou pular, Francisco!
- Amor, eu juro que não fiz nada de errado desta vez! Eu nunca sequer toquei na mão da Andressa! Ela tem idade para ser nossa filha!
- Duvido! Tu és um sem vergonha, nem vem! Da outra vez também não tinhas feito nada e na verdade estavas com outra, lembras? Eu vou pular!
- Ah é? Não acreditas em mim?
- Nããããão!
- Então pode pular, pode pular porque eu tenho mais o que fazer do que ficar ouvindo ameaçazinha de esposa ciumenta que acredita em armação dos outros!
- Franciiiiis...
Ela acordou.
Ainda com os olhos entreabertos olhou para o rádio-relógio do filho ao lado da cama e viu: vinte e uma horas e treze minutos... quatorze. Puxa vida, são nove da noite! Cadê o pessoal desta casa? – apontou. Era hora de levantar e dar um jeito naquela situação. Primeiro ligar para os filhos e ver o paradeiro de cada um. Depois passar no BIG para comprar alguma ração para o novo mascote da casa. Mas e as mensagens do homem mascarado? Isso é o que Adelaide ainda precisava definir a melhor coisa a fazer.
Apagou a televisão, tirou o DVD do aparelho e verificou a parte de cima do disco. Uma marca desconhecida, possivelmente comprada no comércio informal. Logo abaixo da marca havia uma frase escrita em vermelho que dizia: “Mensagem 02 – Outro passo para o fim”.
Adelaide não gostou nada daquilo. Se aquela era a mensagem número dois, a da sala seria a primeira, claro, mas pelo jeito haveria uma trilogia ou até mais do que isso, capítulos subseqüentes que aumentariam ainda mais o mistério que a médica estava vivendo.
Desceu a escada ainda sonolenta e dolorida pelo cochilo no sofá e foi até a sala. Ligou a luz, viu os dois cachorros dormindo em frente à televisão. Fez um carinho em cada um até o aparelho de DVD ligar. Estava ansiosa. Apertou o eject do aparelho e tirou o disco. “Mensagem 01 – O começo do fim” – era o que dizia, nos mesmos moldes do disco número dois.
Era chegada a hora de tomar uma decisão, mas antes ligar para os filhos.
Stop.
Off.
Confira a seqüência do folhetim "Ela Sabia de Tudo" nas próximas atualizações esporádicas do Palavra de Guri. Lembrando que o blog voltará a ser publicado diariamente a partir de 01/08/08.
3 comentários:
Ki.
Achei que tinhas abandonado...
Bom fiz o meu, depois olha lá.
Beijo :)
Obrigado por Blog intiresny
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