Os cachorros latiam antes de entrar em casa. Enquanto Adelaide procurava a chave na bolsa, Tobby arranhava a porta como se avisasse a dona de alguma possível surpresa. O labrador latia junto, sem entender nada decerto, mas latia.
O nervosismo de ver os cachorros latindo fazia Adelaide tremelicar as mãos. Uma sensação estranha pairava no ar. Sentira um arrepio gelado, da nuca até os calcanhares e quando se arrepiava daquela maneira não gostava nada, nada. Não sabia o que era, mas algo estranho havia. Olhara para o ponto de táxi em frente ao Comercial Tadiello e nenhum taxista para ajudá-la. Teria Renê, mas ele não poderia largar a portaria.
Teria de arriscar sozinha. Mais uma vez, sozinha.
Colocou a chave na porta e girou as duas voltas com rapidez. Se tinha de enfrentar o desconhecido mais uma vez, teria e ponto. Sem titubear abriu a porta, deixou os cachorros entrar e correrem desesperados à procura de água, de ração ou, quem sabe, do próprio desconhecido causador das latidas dos bichanos e do arrepio gelado que sentira. Isso, se é que havia mais alguma coisa de estranho na casa.
Latidas, latidas e latidas. Adelaide checou uma por uma. Revistou todos os cômodos e peças do primeiro andar. Viu o sofá com as almofadas arrumadas, o banheiro com as janelas fechadas e a porta da cozinha trancada do mesmo jeito que havia deixado. Realmente não havia nada de estranho no primeiro andar. Nada que justificasse as latidas e o sexto sentido de alguma possível surpresa.
As latidas já não mais eram ouvidas no primeiro andar. Os cachorros já estavam no segundo andar distribuindo intensas e distintas latidas: agudas do yorkshire e graves do labrador. Um barulho de perturbar os tímpanos.
Adelaide subiu a escada pé por pé, tomando coragem. No primeiro degrau pensou em pegar a vassoura, seguiu mais dois e cogitou pegar a faca do churrasco, mas decidiu encarar de peito aberto. Subiu. E viu.
A dupla de muitas latidas estava em frente à porta fechada do quarto de Tales. Talvez latissem para o pôster da mulher melancia que estava grudado na porta do quarto do filho. Ou ainda para as bandeiras do Grêmio grudadas também na porta. Mas não. Tobby estava latindo e cheirando o vão inferior da porta, rastejando com as patas da frente alguma pista. Enquanto o labrador ficava atrás, sentado, só distribuindo latidas como se fosse um alarme – na verdade era o comandado de Tobby. Só tinha tamanho aquele labrador, inofensivo labrador.
Pronto. Adelaide sabia que havia sim algo atrás daquela porta. Não pediu silêncio aos cachorros e foi chegando aos poucos em direção a porta até encostar a orelha direita para escutar alguma coisa.
Depois de três ou seis segundos com a orelha direita encostada na porta do fundo do corredor, pôde deduzir que aquele barulho que vinha por detrás da porta do quarto era a voz de um homem. Uma voz que não lhe era estranha.
Pôs-se a espiar pelo buraco da fechadura do quarto do filho, mas nada enxergou. Teria que abrir aquela porta, pois se os cachorros estavam latindo e se houvesse alguém lá dentro, o alguém já saberia da presença dos cachorros e dos moradores da casa. Caso fosse um ladrão, já poderia pular a janela ou pior: Adelaide e também os cachorros.
A médica respirou fundo. Muito fundo. Encheu os pulmões também de coragem. Colocou a mão esquerda na porta, fez o sinal da cruz com a mão direita, respirou fundo novamente e empurrou a maçaneta para baixo em um só empurrão.
O sexto sentido de Adelaide e as latidas dos cães não eram em vão. Agora sim, a surpresa havia se revelado.
E, mesmo assim, a médica preferia nem ter visto o que viu.
O nervosismo de ver os cachorros latindo fazia Adelaide tremelicar as mãos. Uma sensação estranha pairava no ar. Sentira um arrepio gelado, da nuca até os calcanhares e quando se arrepiava daquela maneira não gostava nada, nada. Não sabia o que era, mas algo estranho havia. Olhara para o ponto de táxi em frente ao Comercial Tadiello e nenhum taxista para ajudá-la. Teria Renê, mas ele não poderia largar a portaria.
Teria de arriscar sozinha. Mais uma vez, sozinha.
Colocou a chave na porta e girou as duas voltas com rapidez. Se tinha de enfrentar o desconhecido mais uma vez, teria e ponto. Sem titubear abriu a porta, deixou os cachorros entrar e correrem desesperados à procura de água, de ração ou, quem sabe, do próprio desconhecido causador das latidas dos bichanos e do arrepio gelado que sentira. Isso, se é que havia mais alguma coisa de estranho na casa.
Latidas, latidas e latidas. Adelaide checou uma por uma. Revistou todos os cômodos e peças do primeiro andar. Viu o sofá com as almofadas arrumadas, o banheiro com as janelas fechadas e a porta da cozinha trancada do mesmo jeito que havia deixado. Realmente não havia nada de estranho no primeiro andar. Nada que justificasse as latidas e o sexto sentido de alguma possível surpresa.
As latidas já não mais eram ouvidas no primeiro andar. Os cachorros já estavam no segundo andar distribuindo intensas e distintas latidas: agudas do yorkshire e graves do labrador. Um barulho de perturbar os tímpanos.
Adelaide subiu a escada pé por pé, tomando coragem. No primeiro degrau pensou em pegar a vassoura, seguiu mais dois e cogitou pegar a faca do churrasco, mas decidiu encarar de peito aberto. Subiu. E viu.
A dupla de muitas latidas estava em frente à porta fechada do quarto de Tales. Talvez latissem para o pôster da mulher melancia que estava grudado na porta do quarto do filho. Ou ainda para as bandeiras do Grêmio grudadas também na porta. Mas não. Tobby estava latindo e cheirando o vão inferior da porta, rastejando com as patas da frente alguma pista. Enquanto o labrador ficava atrás, sentado, só distribuindo latidas como se fosse um alarme – na verdade era o comandado de Tobby. Só tinha tamanho aquele labrador, inofensivo labrador.
Pronto. Adelaide sabia que havia sim algo atrás daquela porta. Não pediu silêncio aos cachorros e foi chegando aos poucos em direção a porta até encostar a orelha direita para escutar alguma coisa.
Depois de três ou seis segundos com a orelha direita encostada na porta do fundo do corredor, pôde deduzir que aquele barulho que vinha por detrás da porta do quarto era a voz de um homem. Uma voz que não lhe era estranha.
Pôs-se a espiar pelo buraco da fechadura do quarto do filho, mas nada enxergou. Teria que abrir aquela porta, pois se os cachorros estavam latindo e se houvesse alguém lá dentro, o alguém já saberia da presença dos cachorros e dos moradores da casa. Caso fosse um ladrão, já poderia pular a janela ou pior: Adelaide e também os cachorros.
A médica respirou fundo. Muito fundo. Encheu os pulmões também de coragem. Colocou a mão esquerda na porta, fez o sinal da cruz com a mão direita, respirou fundo novamente e empurrou a maçaneta para baixo em um só empurrão.
O sexto sentido de Adelaide e as latidas dos cães não eram em vão. Agora sim, a surpresa havia se revelado.
E, mesmo assim, a médica preferia nem ter visto o que viu.
Ai ai ai... É... mais um mistério! Confira amanhã a seqüência do folhetim "Ela Sabia de Tudo", aqui, no Palavra de Guri.
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