Um é bom, dois é bom e três é demais. Isso todo mundo sabe ou ao menos deveria saber desde pequeno. Mas há exceções como toda a regra, ainda mais aqui no Brasil. O filho teimar uma ou duas vezes tudo bem, mas na terceira acaba levando umas palmadas. O vizinho de cima que coloca a música alta uma ou duas vezes, também está quase tudo bem, mas na terceira também é demais e a gente acaba tomando providências provocativas ou usuais conforme qualquer legislação de edifícios. Mas, como eu disse: há exceções. Na verdade, muitas e muitas delas.
Aqui no Brasil não são apenas os filhos ou os vizinhos de cima as pessoas mais afetadas pela regra do três é demais. É o caminhão de lixo que passa fazendo barulho em plena madrugada, é o caminhão do gás que passa apitando e cantarolando uma musiqueta de apertamos os lábios e cerramos os olhos. Sim, são trabalhos dignos e deveras respeitados – infelizmente não pela totalidade das pessoas. Porém, o problema não tange a eles e sim dos receptores que necessitam ter a paciência necessária para agüentar os barulhos emitidos. E ter paciência é uma virtude de poucos atualmente – um grande dom em mãos. Paciência, ora bolas!
Conheci um camarada em uma viagem recente que viveu um paradigma daqueles de deixar qualquer técnico de seleção com a dúvida mais gostosa dos campos de futebol: saber escolher entre tantas opções boas que lhe fronteavam as retinas. E coitado do meu camarada, deu pena dele! Não eram um, dois ou três. Nada disso. Eram: uma, duas, três, quatro e cinco! Palavras femininas e curvas mais femininas ainda. Eram mais do que o convencional do três é demais. Neste caso, a regra fez jus à cabível exceção que nenhum reles homem desta bola azul saberia desperdiçar ou seguir a regra que aprendemos desde berço.
O Roberto ia para um lado e as cinco – pasme, sim, as cinco – iam atrás. Não era nenhuma brincadeira de pega-pega, policia ou ladrão ou até de siga o mestre. Elas estavam enfeitiçadas por ele. Eu ficava lá na platéia esperando ele acabar de apresentar os trabalhos do congresso que participávamos e elas trocavam risinhos e balbucios na platéia. Com certeza comentavam da calça jeans colada dele ou do tênis com botão giratório de fogão, daqueles bem moderninhos. Não, realmente não comentavam isso. Preciso ser sincero e dizer que deviam estar falando das qualidades deles, mas essa parte eu prefiro não mais imaginar e muito menos nem comentar.
Fim do primeiro trabalho apresentado, hora de descansar para as próximas apresentações. Água e uma bolacha salgada, banheiro para tirar a água do joelho. Pronto, podíamos tomar rumo para a próxima sala.
Comentamos no caminho sobre as perguntas da banca e do grau de exigência dos jurados. Chegamos à aula, ajudei-o a instalar o equipamento de projeção e repassar os slides. Pronto, tudo instalado. E quem é que estava na platéia? Eram uma, duas, três, quatro e... e... cinco! Cin-co! – com direito a dividir sílabas para compreender a pausa da fala. Apenas olhei e fiquei tentando compreender o que chamava a atenção daquelas mulheres que o seguiam para lá e para cá.
Mais um trabalho apresentado, uma beleza. Mais uma boa apresentação do Roberto, mas ainda lhe faltava uma apresentação no final da noite. Teríamos duas horas para esperar e tempo suficiente para jantarmos e comentarmos sobre as paranaenses e sulinas que transitavam pelos corredores da Unicentro.
Corremos para o Restaurante Universitário e pedimos uns baurus já que a janta ainda não havia saindo. Sentamos com duas colegas e lá ficamos conversando e jogando conversa fora enquanto engolíamos os baurus e tomavam uma água com sabor, dessas novinhas aí que a Coca-cola e a Pepsi vivem concorrendo entre si. E quem é que aparece?
- Elas! Uma, duas, três, quatro e cinco! Óbvio.
PeloamordeDeus! Santamariajustíssima! Só poderia ser perseguição, sim, só poderia ser sim. Elas de novo, chegavam como se respeitassem uma fila de banco, uma atrás da outra. Uma fila indiana. Mas não! Neste caso era uma fila japonesa. Cinco japonesas! É mole? O Roberto estava com a bola toda, como uma boa fase de um centroavante.
Os lanches acabaram, as bebidas chegaram ao seu final e elas o ficavam cuidando de canto olho – pelo canto quase inexistente que iriam preguear seus ainda não visíveis pés de galinhas. Numa dessas, o Roberto inventou de ir ao banheiro antes de ir apresentar o último trabalho do dia. Toda aquela minha suspeita havia sido confirmada, ela estavam realmente de olho nele. Todas. Uma olhava e a outra também. E a outra, outra e outra. Simultâneas como os semáforos de um cruzamento. Cutucavam-se entre si em uma sintonia absurda como o clique-clique de uma caneta.
Não preciso nem falar, elas estavam lá na apresentação, claro. Bem sentadas na terceira fileira de cadeiras marrons e de classes brancas com preto. Trajavam casacos aveludados, toquinhas de inverno de pelúcia, botas meio cano, cano alto e até um sapato vermelho muito estranho – talvez coisa da moda lá do Japão.
“Nesta página eu fiz o uso do gênero opinativo no conteúdo do texto. São dois blocos de textos na página da esquerda logo abaixo da foto acompanhada de uma legenda em negrito e tamanho oito como forma de destacar também o conteúdo da legenda” – dizia Roberto, o futuro jornalista, lá na frente, fazendo uma apresentação de luxo enquanto eu ficava só olhando aquelas nipônicas o mirando e anotando vários comentários acerca das falas dele. Decerto, o trabalho dele também era importante para elas, pois assim teriam uma arma de conquistar a atenção dele mais tarde na saída do trabalho, não sei.
Palmas, palmas e palmas. Final de apresentação.
Banca fazendo as perguntas e eu lá, louco para ir para o hotel tirar um bom sono depois de dezoito horas de viagem de Pelotas até Guarapuava. Elas? Devorando o paper do trabalho dele acompanhado com o cartão de visitas junto com o endereço do blog famosinho que ele mantém. Pareciam urubus trocando um pedaço de carne, se é que urubus fazem isso amistosamente. E eu chupando o dedo! Será que nenhuma delas olharia para mim na minha apresentação? Será que elas gostariam de escutar sobre os meus conceitos técnicos e práticos de Publicidade e Propaganda do meu trabalho?
Fomos para o hotel, descansamos finalmente. Comentei sobre as japonesinhas com ele. Ele apenas sorriu e disse que nem as tinha percebido nas apresentações e que inclusive eu era o segundo a falar sobre elas com ele, pois uma colega minha de curso havia falado do interesse delas por ele e que as mesmas estavam hospedadas no mesmo hotel. Dá para acreditar? Eu era o segundo mais uma vez. Paciência.
No dia seguinte, no dia da minha apresentação, nem bola deram para mim. Foram lá na sala, sentaram na décima terceira fileira e ficaram trocando fofoquinhas, nem me olhavam enquanto eu falava. Eu havia caprichado no gel no cabelo e tinha colocado a minha melhor Hering. Não estavam falando do meu cabelo esquisito ou da minha barba não feita. Era dele que estavam falando. Não tiraram os olhos do Roberto que ocupava agora o meu lugar de platéia na primeira fila. Que rica inveja! Qual o homem que não gostaria de ter cinco mulheres interessadas? Seja por beleza, estilo ou por inteligência, mas cinco? E logo japonesas? Que fetiche!
Como toda regra tem a sua exceção, aquelas nipônicas mulheres assistiram o Roberto em seus trabalhos e excederam o limite da regra de três que aprendemos desde pequenos com nossas mães e avós. Em relação àquela cena, pude aprender demais assistindo o meu camarada e ao sucesso que ele fez repercutir aquele vai e vem e o ti-ti-ti miado daquelas universitárias de descendência asiática.
Depois na viagem de retorno a Pelotas, escutando Djavans e Leonis, concluí que para toda regra há uma exceção, ou melhor, cinco, cinco exceções de olhos puxados, peles caucasianas preenchidas por muito gosto em saber escolher um homem gente boa e inteligente como é o meu camarada Roberto.
Agora ele deve estar em casa afogado em livros, tentando acabar os projetos de pesquisa e a temida monografia que para ele se torna mais um trabalhinho corriqueiro. E eu aqui, reclamando através deste texto e simultaneamente vendo que no perfil dele no Orkut, no blog, no fotolog e em outros espaços sociais que ele faz parte, as cinco japonesinhas já o acharam e já deram o ar da graça com oi e olás, sem contar nos elogios e futuros encontros que já devem estar marcando via MSN para os próximos congressos.
Paciência.
Aqui no Brasil não são apenas os filhos ou os vizinhos de cima as pessoas mais afetadas pela regra do três é demais. É o caminhão de lixo que passa fazendo barulho em plena madrugada, é o caminhão do gás que passa apitando e cantarolando uma musiqueta de apertamos os lábios e cerramos os olhos. Sim, são trabalhos dignos e deveras respeitados – infelizmente não pela totalidade das pessoas. Porém, o problema não tange a eles e sim dos receptores que necessitam ter a paciência necessária para agüentar os barulhos emitidos. E ter paciência é uma virtude de poucos atualmente – um grande dom em mãos. Paciência, ora bolas!
Conheci um camarada em uma viagem recente que viveu um paradigma daqueles de deixar qualquer técnico de seleção com a dúvida mais gostosa dos campos de futebol: saber escolher entre tantas opções boas que lhe fronteavam as retinas. E coitado do meu camarada, deu pena dele! Não eram um, dois ou três. Nada disso. Eram: uma, duas, três, quatro e cinco! Palavras femininas e curvas mais femininas ainda. Eram mais do que o convencional do três é demais. Neste caso, a regra fez jus à cabível exceção que nenhum reles homem desta bola azul saberia desperdiçar ou seguir a regra que aprendemos desde berço.
O Roberto ia para um lado e as cinco – pasme, sim, as cinco – iam atrás. Não era nenhuma brincadeira de pega-pega, policia ou ladrão ou até de siga o mestre. Elas estavam enfeitiçadas por ele. Eu ficava lá na platéia esperando ele acabar de apresentar os trabalhos do congresso que participávamos e elas trocavam risinhos e balbucios na platéia. Com certeza comentavam da calça jeans colada dele ou do tênis com botão giratório de fogão, daqueles bem moderninhos. Não, realmente não comentavam isso. Preciso ser sincero e dizer que deviam estar falando das qualidades deles, mas essa parte eu prefiro não mais imaginar e muito menos nem comentar.
Fim do primeiro trabalho apresentado, hora de descansar para as próximas apresentações. Água e uma bolacha salgada, banheiro para tirar a água do joelho. Pronto, podíamos tomar rumo para a próxima sala.
Comentamos no caminho sobre as perguntas da banca e do grau de exigência dos jurados. Chegamos à aula, ajudei-o a instalar o equipamento de projeção e repassar os slides. Pronto, tudo instalado. E quem é que estava na platéia? Eram uma, duas, três, quatro e... e... cinco! Cin-co! – com direito a dividir sílabas para compreender a pausa da fala. Apenas olhei e fiquei tentando compreender o que chamava a atenção daquelas mulheres que o seguiam para lá e para cá.
Mais um trabalho apresentado, uma beleza. Mais uma boa apresentação do Roberto, mas ainda lhe faltava uma apresentação no final da noite. Teríamos duas horas para esperar e tempo suficiente para jantarmos e comentarmos sobre as paranaenses e sulinas que transitavam pelos corredores da Unicentro.
Corremos para o Restaurante Universitário e pedimos uns baurus já que a janta ainda não havia saindo. Sentamos com duas colegas e lá ficamos conversando e jogando conversa fora enquanto engolíamos os baurus e tomavam uma água com sabor, dessas novinhas aí que a Coca-cola e a Pepsi vivem concorrendo entre si. E quem é que aparece?
- Elas! Uma, duas, três, quatro e cinco! Óbvio.
PeloamordeDeus! Santamariajustíssima! Só poderia ser perseguição, sim, só poderia ser sim. Elas de novo, chegavam como se respeitassem uma fila de banco, uma atrás da outra. Uma fila indiana. Mas não! Neste caso era uma fila japonesa. Cinco japonesas! É mole? O Roberto estava com a bola toda, como uma boa fase de um centroavante.
Os lanches acabaram, as bebidas chegaram ao seu final e elas o ficavam cuidando de canto olho – pelo canto quase inexistente que iriam preguear seus ainda não visíveis pés de galinhas. Numa dessas, o Roberto inventou de ir ao banheiro antes de ir apresentar o último trabalho do dia. Toda aquela minha suspeita havia sido confirmada, ela estavam realmente de olho nele. Todas. Uma olhava e a outra também. E a outra, outra e outra. Simultâneas como os semáforos de um cruzamento. Cutucavam-se entre si em uma sintonia absurda como o clique-clique de uma caneta.
Não preciso nem falar, elas estavam lá na apresentação, claro. Bem sentadas na terceira fileira de cadeiras marrons e de classes brancas com preto. Trajavam casacos aveludados, toquinhas de inverno de pelúcia, botas meio cano, cano alto e até um sapato vermelho muito estranho – talvez coisa da moda lá do Japão.
“Nesta página eu fiz o uso do gênero opinativo no conteúdo do texto. São dois blocos de textos na página da esquerda logo abaixo da foto acompanhada de uma legenda em negrito e tamanho oito como forma de destacar também o conteúdo da legenda” – dizia Roberto, o futuro jornalista, lá na frente, fazendo uma apresentação de luxo enquanto eu ficava só olhando aquelas nipônicas o mirando e anotando vários comentários acerca das falas dele. Decerto, o trabalho dele também era importante para elas, pois assim teriam uma arma de conquistar a atenção dele mais tarde na saída do trabalho, não sei.
Palmas, palmas e palmas. Final de apresentação.
Banca fazendo as perguntas e eu lá, louco para ir para o hotel tirar um bom sono depois de dezoito horas de viagem de Pelotas até Guarapuava. Elas? Devorando o paper do trabalho dele acompanhado com o cartão de visitas junto com o endereço do blog famosinho que ele mantém. Pareciam urubus trocando um pedaço de carne, se é que urubus fazem isso amistosamente. E eu chupando o dedo! Será que nenhuma delas olharia para mim na minha apresentação? Será que elas gostariam de escutar sobre os meus conceitos técnicos e práticos de Publicidade e Propaganda do meu trabalho?
Fomos para o hotel, descansamos finalmente. Comentei sobre as japonesinhas com ele. Ele apenas sorriu e disse que nem as tinha percebido nas apresentações e que inclusive eu era o segundo a falar sobre elas com ele, pois uma colega minha de curso havia falado do interesse delas por ele e que as mesmas estavam hospedadas no mesmo hotel. Dá para acreditar? Eu era o segundo mais uma vez. Paciência.
No dia seguinte, no dia da minha apresentação, nem bola deram para mim. Foram lá na sala, sentaram na décima terceira fileira e ficaram trocando fofoquinhas, nem me olhavam enquanto eu falava. Eu havia caprichado no gel no cabelo e tinha colocado a minha melhor Hering. Não estavam falando do meu cabelo esquisito ou da minha barba não feita. Era dele que estavam falando. Não tiraram os olhos do Roberto que ocupava agora o meu lugar de platéia na primeira fila. Que rica inveja! Qual o homem que não gostaria de ter cinco mulheres interessadas? Seja por beleza, estilo ou por inteligência, mas cinco? E logo japonesas? Que fetiche!
Como toda regra tem a sua exceção, aquelas nipônicas mulheres assistiram o Roberto em seus trabalhos e excederam o limite da regra de três que aprendemos desde pequenos com nossas mães e avós. Em relação àquela cena, pude aprender demais assistindo o meu camarada e ao sucesso que ele fez repercutir aquele vai e vem e o ti-ti-ti miado daquelas universitárias de descendência asiática.
Depois na viagem de retorno a Pelotas, escutando Djavans e Leonis, concluí que para toda regra há uma exceção, ou melhor, cinco, cinco exceções de olhos puxados, peles caucasianas preenchidas por muito gosto em saber escolher um homem gente boa e inteligente como é o meu camarada Roberto.
Agora ele deve estar em casa afogado em livros, tentando acabar os projetos de pesquisa e a temida monografia que para ele se torna mais um trabalhinho corriqueiro. E eu aqui, reclamando através deste texto e simultaneamente vendo que no perfil dele no Orkut, no blog, no fotolog e em outros espaços sociais que ele faz parte, as cinco japonesinhas já o acharam e já deram o ar da graça com oi e olás, sem contar nos elogios e futuros encontros que já devem estar marcando via MSN para os próximos congressos.
Paciência.
2 comentários:
Em breve receberás meu comentário! ;p
Beijosss!
mazuquê? por acaso o Roberto é o teu alter ego?
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