Era o homem da televisão. Seria ele, sim. Adelaide sabia que era ele. Tinha certeza. Sua intuição era tão boa quanto à seleção brasileira de 58 ou ainda a de 70.
Um cheiro diferente tomava conta do quarto. Um cheiro à falta de banho, de roupa encardida. Um cheiro a homem. É ele, é ele, é ele! – falava o sexto sentido da dona da casa. O cheiro invadira o esconderijo de última hora de Adelaide. Havia passado por debaixo da colcha e impregnado e poluído o reles ar que estava entrando no refúgio.
Adelaide ficou pensando em possibilidades, muitas possibilidades talvez para sair ilesa dali. Se fosse descoberta, entregar-se-ia. Mas não entregaria a faca. A esconderia debaixo da cama ou a taparia com um dos pés, pois em caso de descuido do homem mascarado a empunharia novamente e daria o bote. O ameaçaria talvez caso não tivesse coragem de enfrentá-lo. Ou quem sabe o provocaria a ponto de ele tirar a máscara.
Planos. Apenas planos.
As pessoas são assim. Fazem planos mil, traçam estratégias por demais e quando se colocam em frente à tão esperada situação fazem totalmente diferente do que havia sido planejado. E, muitas vezes, fogem. Transformam-se de leões caçadores para formiguinhas fujonas. É assim mesmo! Já deve ter acontecido com você.
Ela manteve-se ali, respirando o mísero ar que adentrava aquela colcha. Uma vontade de espirrar começou a coçar o nariz de Adelaide. Um espirro se aproximava, mas não poderia dá-lo, precisaria segurá-lo a ponto de evitá-lo. Coçava o nariz com a palma da mão. Em círculos. Silenciosamente.
O barulho se intensificava cada vez mais. Passos e passos pelo quarto, indo e voltando. De repente, um peso fora colocado em cima da cama, na beira dela. Uma barra de chocolate. Uma delícia para ocasiões como essa de refúgio. Mas não foi bem assim que aconteceria. A barra de chocolate poderia escorregar de cima da cama e cair próximo de Adelaide, que se deliciaria. Só que a barra caiu bem em cima dela: em suas costas.
- Argh! – deixando escapar uma inesperada reação de dor, seguida do arrependimento:
- Droga! – e outra:
- Opsss!
Adelaide havia se entregado.
Ouviu passos rápidos e seguidos mais próximos ainda. Passos que pararam e não emitiram mais nenhum som. Quando pensou que estaria livre daquele pesadelo, de repente, alguém começou a puxar a colcha. Adelaide, de costas para o homem, segurou-se na ponta da colcha como se estivesse gadunhando as rédeas de um cavalo. Segurou-se mesmo, para valer.
De nada adiantou.
O homem era mais forte. Muito mais forte. Puxava a colcha com a força de um caminhão. Mas não falava nada. Sem falas ameaçadoras ou sussurros. Dois latidos. Três, quatro, cinco. Tobby! Tobby! Tobby! – falou ela. Mais latidos. Latidos graves e não agudos como o de Tobby. Não era ele. Na verdade, o tal homem que estava puxando a colcha, na verdade, era um cachorro. E não era o seu yorkshire, mas um labrador. O brincalhão do labrador, fujão, da vizinha, a dona Helena.
Arrancou a colcha e a lambeu todo o rosto de Adelaide, transformando minutos de agonia, de medo em pura brincadeira. Mas o mistério ainda continuava. Quem seria o homem mascarado da televisão? Qual a razão para ele ameaçá-la? Ela realmente não sabia.
Levantou-se dali e voltou para dentro da casa. Optou por arrumar o quarto da peça dos fundos depois que entregasse o labrador fujão para a sua dona. Saiu da peça, fechou a porta e refez o caminho que havia andado com tanto medo do desconhecido. Desconhecido! Esse seria um bom para ti o labrador escalador de telhados e pulador muros! – brincou.
Dois latidos. Talvez fosse um sim, talvez fosse um não. Mas ele havia gostado do nome, já que brincava pulando e balançando o rabo. Mais dois latidos. Três, seis e nove, talvez quinze latidos. Só que não eram latidos dele. Eles vinham de dentro da casa dos Martinatto.
Eram os latidos incessantes e irritantes de Tobby.
Um cheiro diferente tomava conta do quarto. Um cheiro à falta de banho, de roupa encardida. Um cheiro a homem. É ele, é ele, é ele! – falava o sexto sentido da dona da casa. O cheiro invadira o esconderijo de última hora de Adelaide. Havia passado por debaixo da colcha e impregnado e poluído o reles ar que estava entrando no refúgio.
Adelaide ficou pensando em possibilidades, muitas possibilidades talvez para sair ilesa dali. Se fosse descoberta, entregar-se-ia. Mas não entregaria a faca. A esconderia debaixo da cama ou a taparia com um dos pés, pois em caso de descuido do homem mascarado a empunharia novamente e daria o bote. O ameaçaria talvez caso não tivesse coragem de enfrentá-lo. Ou quem sabe o provocaria a ponto de ele tirar a máscara.
Planos. Apenas planos.
As pessoas são assim. Fazem planos mil, traçam estratégias por demais e quando se colocam em frente à tão esperada situação fazem totalmente diferente do que havia sido planejado. E, muitas vezes, fogem. Transformam-se de leões caçadores para formiguinhas fujonas. É assim mesmo! Já deve ter acontecido com você.
Ela manteve-se ali, respirando o mísero ar que adentrava aquela colcha. Uma vontade de espirrar começou a coçar o nariz de Adelaide. Um espirro se aproximava, mas não poderia dá-lo, precisaria segurá-lo a ponto de evitá-lo. Coçava o nariz com a palma da mão. Em círculos. Silenciosamente.
O barulho se intensificava cada vez mais. Passos e passos pelo quarto, indo e voltando. De repente, um peso fora colocado em cima da cama, na beira dela. Uma barra de chocolate. Uma delícia para ocasiões como essa de refúgio. Mas não foi bem assim que aconteceria. A barra de chocolate poderia escorregar de cima da cama e cair próximo de Adelaide, que se deliciaria. Só que a barra caiu bem em cima dela: em suas costas.
- Argh! – deixando escapar uma inesperada reação de dor, seguida do arrependimento:
- Droga! – e outra:
- Opsss!
Adelaide havia se entregado.
Ouviu passos rápidos e seguidos mais próximos ainda. Passos que pararam e não emitiram mais nenhum som. Quando pensou que estaria livre daquele pesadelo, de repente, alguém começou a puxar a colcha. Adelaide, de costas para o homem, segurou-se na ponta da colcha como se estivesse gadunhando as rédeas de um cavalo. Segurou-se mesmo, para valer.
De nada adiantou.
O homem era mais forte. Muito mais forte. Puxava a colcha com a força de um caminhão. Mas não falava nada. Sem falas ameaçadoras ou sussurros. Dois latidos. Três, quatro, cinco. Tobby! Tobby! Tobby! – falou ela. Mais latidos. Latidos graves e não agudos como o de Tobby. Não era ele. Na verdade, o tal homem que estava puxando a colcha, na verdade, era um cachorro. E não era o seu yorkshire, mas um labrador. O brincalhão do labrador, fujão, da vizinha, a dona Helena.
Arrancou a colcha e a lambeu todo o rosto de Adelaide, transformando minutos de agonia, de medo em pura brincadeira. Mas o mistério ainda continuava. Quem seria o homem mascarado da televisão? Qual a razão para ele ameaçá-la? Ela realmente não sabia.
Levantou-se dali e voltou para dentro da casa. Optou por arrumar o quarto da peça dos fundos depois que entregasse o labrador fujão para a sua dona. Saiu da peça, fechou a porta e refez o caminho que havia andado com tanto medo do desconhecido. Desconhecido! Esse seria um bom para ti o labrador escalador de telhados e pulador muros! – brincou.
Dois latidos. Talvez fosse um sim, talvez fosse um não. Mas ele havia gostado do nome, já que brincava pulando e balançando o rabo. Mais dois latidos. Três, seis e nove, talvez quinze latidos. Só que não eram latidos dele. Eles vinham de dentro da casa dos Martinatto.
Eram os latidos incessantes e irritantes de Tobby.
Adelaide era uma mulher de muita coragem. Teria ela coragem, agora, de ir dentro da casa ver o que estava acontecendo? Isso é o que você saberá na seqüência do folhetim "Ela Sabia de Tudo", aqui no Palavra de Guri.
Um comentário:
Nooossaaa!! Quando pensei que o mistério tinha acabado, apareceu outro.
Eu acho que a Adelaide, apesar do medo, não vai resistir a curiosidade e vai checar os motivos dos latidos do Tobby, ainda mais agora queela tem uma faca e um labrador como armas, hihi. ;)
Beijos!
Tô adorando a história!
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