terça-feira, 18 de março de 2008

Danado Pilates

Com certo tom de machismo, o Renê sempre achou que musculação não era coisa para mulher. Levantar peso, puxar outros, com todos homens mirando as nádegas, coxas e outras partes. Você sabe como funciona. Para ele, as mulheres deviam dar uma corridinha e fazer as aulas de exercícios localizados, como o Pilates. O verdadeiro cabeçudo. Com o passar dos tempos ele viu que as coisas não eram bem como ele achava. E o pior, teve que abrir a cabeça e aceitar não só as mulheres na academia em que malha, como também precisou da ajuda de exercícios localizados, do tal do Pilates.

O Renê sempre foi um atleta. Jogava bola, nadava e freqüentava a academia regularmente. Coisa de três, quatro vezes por semana. Não era nenhum bombado, bem longe de um Vitor Belfort. Era normal, do tipo de atrair as retinas das mulheres numa rua ou no shopping pelo charme e pelo físico bem cuidado. Mas, com a falta de tempo por causa da ocupação com funções de faculdade e trabalho, teve que abandonar a academia. Em seguida, pelo cansaço, nem futebol ele jogava. Hoje, nada duas vezes por mês e olhe lá.

O médico foi incisivo: “Renê, precisas fazer Pilates!”mas o que seria isso? O Renê sabia que era coisa de mulher, pois sua sogra adorava fazer Pilates. Era Pilates para cá e Pilates para lá, assim como o Yôga, ela não os abandonava mesmo com a falta de tempo, marido e três filhos para criar. Era um exemplo para Renê, mas onde fazer o Pilates? Para ele, além de coisa de mulher, o Pilates devia ser ministrado por um professor parrudo, típico volantão do Sport Club Rio Grande da década de 40. Dois por dois, um homem saradasso, de regata e suando aos cântaros. Decerto, seria também por esse motivo que as mulheres tanto gostam das aulas. Paciência.

Depois de três dias, em que leu artigos e escutou opiniões de amigos e colegas de trabalho, pensando se faria ou não as aulas, chegaria ao veredicto final: iria fazer Pilates. Comunicou a namorada, a Raquel. E mais, ele havia decidido achar um tempo para freqüentar um psiquiatra para deixar de ser cabeça dura e tratar da ansiedade. Ele era muito ansioso, demais, desde mandinho. Não conseguia ficar parado um segundo. Achava tarefas para esquecer-se das loucuras da psique e da falta de exercício ao corpo que abandonaria justamente pela carga excessiva de trabalho e do abandono da musculação, do futebol e, quase, da natação. A Raquel se desmanchava em sorrisos ao ouvir a decisão do namorado. Ele que tanto criticava o Pilates e o "Chico", o psiquiatra dela, haveria que freqüentar os dois, duas ou três vezes por semana.

O método Pilates iria fortalecer e alongar os músculos fracos, cansados e encurtados por causa da falta de exercício e alongamento do Renê. O método Pilates, inventado pelo alemão Joseph H. Pilates, não seria apenas uma ginástica localizada, faria bem para o corpo e para a mente do teimosinho. De quebra, o Renê não faria apenas exercícios soltos e ministrados por algum professor parrudo. Faria as mesmas atividades da sogra, pois na academia de Pilates em que o Renê se matriculou, além da namorada, a sogra a freqüenta para fazer as aulas de Pilates e Yôga. Que bela companhia ou ao menos um belo exemplo de vida saudável para Renê. Já quanto ao psiquiatra, todos sabem: de perto, ninguém é certo. E para os cabeçudos ansiosos, nada melhor que um acompanhamento para tratar do corpo e da mente.

Agora o Renê já dá indícios de melhora. Acorda às 6h da manhã, come um mamão com granola e iogurte natural, veste uma camiseta velha e o mais surrado moletom, pega a mochila com a roupa do trabalho e vai para a aula de Pilates, marcada às 7h da manhã. Três vezes por semana com uma professora de tirar o fôlego, nada parruda. Sai de lá de banho tomado e vai direto para o trabalho. No final do expediente da manhã, às 11h30, passa no Clube Diamantinos e nada por 45 minutos antes do almoço. Vai para a casa, almoça, e volta para o trabalho. Sai às 17h e vai para o psiquiatra. Uma hora de conversa e técnicas Freudianas aplicadas pela Márcia Pottera psiquiatra e não o psiquiatra. O cabeçudo mudou, felizmente - pelos exercícios e pelas mulheres?

A sogra e a namorada dão pulos de alegria pela mudança, sem contar no Dr. Marcos e na família que não escutam mais o Renê reclamando de dor aqui e dor ali. “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. E o Renê, hoje, é um homem menos teimoso, nada machista e bem moderninho pelas atividades saudáveis que agora pratica. Nada de preguiça, de baurus e frituras. Até o futebol voltou, nos finais de semana, depois de uma corridinha com a namorada, é claro. Ele agora é um homem bem a frente de seu tempo, menos ansioso e menos cabeçudo. Bem menos, ainda bem. Resultado da terapia e do, agora, querido Pilates. Danado Pilates!

Um comentário:

Nati Leivas disse...

Ahhh tomara que isso aconteça mesmo, tomara que o guri melhore das dores dele... Dessa ansiedade, dessas coisas ruins.

Pilates, hmmm coisa boa.hehehehe

Já conheço uma historinha parecida com essa :)

beijinhoss Buuu