Mas como Lauro poderia ter agido daquele jeito? Sempre dera a resposta certeira e sincera na hora do maior aperto. Como aquela estagiária ruivinha teria uma petulância daquelas para com ele? Era estagiária. Talvez visasse um cargo efetivo no Dep. de Marketing da empresa. Talvez o cargo de Fabíola ou de Letícia. Quem sabe o lugar dele? Estagiários são muito cobrados e fazem tarefas que nem sempre lhe são cabíveis. Era isso. Marcinha poderia até gostar dos cabelos grisalhos e da experiência de Lauro. Mas ela queria o seu lugar. Queria a sua confortável sala com computador, frigobar e ar-condicionado.
Lauro chegara à conclusão que Marcinha era uma estagiária interesseira. Na verdade, uma mulher interesseira. Detestava mulheres atiradas e isso já era suficiente para repelir outros casos que tivera com colegas do antigo trabalho ou dos encontros casuais que havia tido com algumas mulheres. Mas Marcinha, além de ser uma mulher atirada, era interesseira. Ele tinha isso na cabeça e não havia quem o fizesse mudar de idéia. Lauro além de sincero e métrico nas frases era um homem metódico e firme nos pensamentos. Ou seja, teimoso. Já sabia o que fazer e era na teimosia que faria Marcinha ficar em suas mãos, talvez em seus pés.
Fora embora do trabalho como se nada tivesse acontecido. Passou pelas mesas das outras mulheres do mesmo jeito que havia entrado. Levantara apenas o rosto ao passar pela mesa de Fabíola. Ela? Nem bola dera ao tímido Lauro. Ele parecia um filhote de cachorrinho com medo de um enorme pit-bull. Ficara sempre sem reação e sem palavras. Engolia seco quando passava por ela. O foco do momento não seria ela, seria Marcinha. A mesa à direita ao lado da porta de quem entra. A mesa à esquerda da porta de quem sai. Esse era o foco dele. A expressão facial mudara em seguida quando pensara na vingança. Seguia a velha máxima do amigo Klaus: “A volta vem e vem de a cavalo!”. Esse era o plano. Vingar-se.
Com um olhar de canto de olho e com o pior dos sorrisos sarcásticos e maquiavélicos, Lauro passou pela mesa da ruiva e deixou um bilhete. Largou como se fosse mais uma tarefa que a estagiária deveria realizar, senão na hora, nas horas iniciais do próximo dia. Um bilhete simples e sintético com a frase “Eu sei o que tu fizesses no mês passado. Cuidado!”. Mas como assim? Como ele sabe disso? – pensou Marcinha. Pensou em segui-lo e questioná-lo, mas preferiu ficar calada tentando achar explicações. Marcinha atacara Adalberto no mês passado. Lauro não sabia, mas jogou um verde para ver qual seria a reação da ruiva. E ela caiu como uma laranja de uma laranjeira.
Fora embora sorridente em seu carro escutando o Pretinho Básico e dando boas risadas com a turma do programa. A piada mais fraca era motivo de riso fácil para Lauro. Escutou com atenção, aumentando o volume do rádio, um causo envolvendo uma ruiva, contado pelo Neto Fagundes. Era de uma ruiva que tinha o fogo no corpo e um dia fora descoberta pelo patrão tendo relações sexuais com um dos faxineiros na empresa no almoxarifado. Era até um causo sem graça, mas Lauro sorria solto como criança ganhando um pirulito. Havia jogado um verde e esperava colher maduro uma suspeita que tinha em relação à Marcinha.
Chegou em sua casa, tomou um banho, enfiou-se no seu roupão, pegou uma cervejinha e foi para a sacada dar uma relaxada mirando o movimento dos carros lá embaixo. Ao mesmo tempo, imaginava a cena e as dúvidas incessantes na cabeça da ruiva. Será mesmo que as reboladas dela para o velho Adalberto no mês passado haviam sido verdadeiras? Logo Adalberto? Um homem sexagenário com família e três filhos já marmanjões. Será mesmo que havia acertado o palpite com a frase naquele bilhete? Só descobriria no próximo dia. A curiosidade o assolava de maneira ímpar. Havia feito dessas na época de colégio com uma colega, mas sem sucesso.
Depois de uma noite de sono tranqüilo, Lauro acordara duas horas antes do horário do serviço. Espreguiçou-se. Bocejou seguidas vezes. Uma noite de sono profundo, daquelas que centroavante artilheiro merece depois de um dia de gols. Banho, café da manhã e trabalho. Precisava chegar o quanto antes no trabalho para saber alguma coisa diretamente ou perceber alguma mudança no comportamento de Marcinha. Não iria desistir de pregar uma boa frase sincera e direta para Marcinha, ainda mais sabendo se o bilhesse tivesse surtido uma reação na ruiva. Dependendo do resultado da ousadia com ela, talvez até arriscasse um olá para Fabíola. Alguns planos. Só teoria. Precisava agir.
Carro estacionado, maleta na mão direita e paletó na mão esquerda. Gravata bem amarrada com um nó clássico, um belo windsor delineando bem uma gravata italiana vermelha fogo que havia ganhado da ex-mulher. Vermelho. E fogo. Aquela gravata havia sido escolhida a dedo para o dia da resposta ou das novas atitudes de Marcinha. Uma gravata fogo para combinar com o seu cabelo fatal e com sua pele manchadinha por sardas. Aquele era o dia. O dia.
- Bom dia Márcia! – cumprimentou Lauro – fazendo uma exceção ao comportamento metódico que havia mantido durante os últimos anos naquela empresa.
- B-b-b-om dia Lauro – gaguejou a ruiva, retribuindo o bom dia dele.
Algo estava diferente. Marcinha estava de cabeça baixa e com um tom de voz muito diferente. A frase de Lauro havia sido direta como um cruzado do Mike Tyson? Ou talvez fosse apenas surpresa pelo comportamento diferente do colega de trabalho? Lauro sorrira e seguira em frente passando por vários outros colegas de trabalho que já haviam chegado inclusive Fabíola. Sem oi nem olás ainda para ela. A estonteante Fabíola das pernas longas, daquelas pernas sem fim enfeitadas com sapato de salto e um terninho verde-mar de fazer Lauro engolir mais uma vez a seco. Assim como precisou tomar atitude com Marcinha, precisava tomar é atitude direta e convicta com Fabíola. “Eu vou ter que agir amanhã com ela!” – prometera-se mais uma vez interiormente.
Ao chegar a sua sala, percebeu que o ar-condicionado e o computador já estavam ligados. Muito estranho. A sala ficara sempre aberta. Ele, quando saía, desligava ambos. Alguém havia entrado ali. Talvez uma regalia? Um agrado? Seria Marcinha querendo agradá-lo por interesse ou pelo segredo que literalmente Lauro havia descoberto com o seu bilhete?
Não, não e não. Em cima da mesa estava a prova de que alguém havia realmente adentrado a sala dele. Um bloquinho de notas e sobre ele uma maçã. Uma maçã viçosa. Vermelhinha como a sua gravata. Sem frisos verdes ou amarelados. Mas por que uma maçã? – pensara na hora. Vira que a maçã seria um regalo, mas e o bloco? Será que alguém havia escrito algo nele? Se sim, escrito por quem? A curiosidade o fazia tremer. Talvez o medo de que precisasse ser sincero novamente em um diálogo ping-pong com Marcinha, sem tempo para pensar numa frase mais trabalhada. Ou quem sabe um convite de Fabíola para uma pizza após o trabalho? Isso o tranqüilizaria. Seria o seu dia de sorte que há tanto tempo esperava. Ou talvez nem tivesse nada escrito. Precisava respirar fundo e desvirar o bloco de notas para conferir.
Lauro chegara à conclusão que Marcinha era uma estagiária interesseira. Na verdade, uma mulher interesseira. Detestava mulheres atiradas e isso já era suficiente para repelir outros casos que tivera com colegas do antigo trabalho ou dos encontros casuais que havia tido com algumas mulheres. Mas Marcinha, além de ser uma mulher atirada, era interesseira. Ele tinha isso na cabeça e não havia quem o fizesse mudar de idéia. Lauro além de sincero e métrico nas frases era um homem metódico e firme nos pensamentos. Ou seja, teimoso. Já sabia o que fazer e era na teimosia que faria Marcinha ficar em suas mãos, talvez em seus pés.
Fora embora do trabalho como se nada tivesse acontecido. Passou pelas mesas das outras mulheres do mesmo jeito que havia entrado. Levantara apenas o rosto ao passar pela mesa de Fabíola. Ela? Nem bola dera ao tímido Lauro. Ele parecia um filhote de cachorrinho com medo de um enorme pit-bull. Ficara sempre sem reação e sem palavras. Engolia seco quando passava por ela. O foco do momento não seria ela, seria Marcinha. A mesa à direita ao lado da porta de quem entra. A mesa à esquerda da porta de quem sai. Esse era o foco dele. A expressão facial mudara em seguida quando pensara na vingança. Seguia a velha máxima do amigo Klaus: “A volta vem e vem de a cavalo!”. Esse era o plano. Vingar-se.
Com um olhar de canto de olho e com o pior dos sorrisos sarcásticos e maquiavélicos, Lauro passou pela mesa da ruiva e deixou um bilhete. Largou como se fosse mais uma tarefa que a estagiária deveria realizar, senão na hora, nas horas iniciais do próximo dia. Um bilhete simples e sintético com a frase “Eu sei o que tu fizesses no mês passado. Cuidado!”. Mas como assim? Como ele sabe disso? – pensou Marcinha. Pensou em segui-lo e questioná-lo, mas preferiu ficar calada tentando achar explicações. Marcinha atacara Adalberto no mês passado. Lauro não sabia, mas jogou um verde para ver qual seria a reação da ruiva. E ela caiu como uma laranja de uma laranjeira.
Fora embora sorridente em seu carro escutando o Pretinho Básico e dando boas risadas com a turma do programa. A piada mais fraca era motivo de riso fácil para Lauro. Escutou com atenção, aumentando o volume do rádio, um causo envolvendo uma ruiva, contado pelo Neto Fagundes. Era de uma ruiva que tinha o fogo no corpo e um dia fora descoberta pelo patrão tendo relações sexuais com um dos faxineiros na empresa no almoxarifado. Era até um causo sem graça, mas Lauro sorria solto como criança ganhando um pirulito. Havia jogado um verde e esperava colher maduro uma suspeita que tinha em relação à Marcinha.
Chegou em sua casa, tomou um banho, enfiou-se no seu roupão, pegou uma cervejinha e foi para a sacada dar uma relaxada mirando o movimento dos carros lá embaixo. Ao mesmo tempo, imaginava a cena e as dúvidas incessantes na cabeça da ruiva. Será mesmo que as reboladas dela para o velho Adalberto no mês passado haviam sido verdadeiras? Logo Adalberto? Um homem sexagenário com família e três filhos já marmanjões. Será mesmo que havia acertado o palpite com a frase naquele bilhete? Só descobriria no próximo dia. A curiosidade o assolava de maneira ímpar. Havia feito dessas na época de colégio com uma colega, mas sem sucesso.
Depois de uma noite de sono tranqüilo, Lauro acordara duas horas antes do horário do serviço. Espreguiçou-se. Bocejou seguidas vezes. Uma noite de sono profundo, daquelas que centroavante artilheiro merece depois de um dia de gols. Banho, café da manhã e trabalho. Precisava chegar o quanto antes no trabalho para saber alguma coisa diretamente ou perceber alguma mudança no comportamento de Marcinha. Não iria desistir de pregar uma boa frase sincera e direta para Marcinha, ainda mais sabendo se o bilhesse tivesse surtido uma reação na ruiva. Dependendo do resultado da ousadia com ela, talvez até arriscasse um olá para Fabíola. Alguns planos. Só teoria. Precisava agir.
Carro estacionado, maleta na mão direita e paletó na mão esquerda. Gravata bem amarrada com um nó clássico, um belo windsor delineando bem uma gravata italiana vermelha fogo que havia ganhado da ex-mulher. Vermelho. E fogo. Aquela gravata havia sido escolhida a dedo para o dia da resposta ou das novas atitudes de Marcinha. Uma gravata fogo para combinar com o seu cabelo fatal e com sua pele manchadinha por sardas. Aquele era o dia. O dia.
- Bom dia Márcia! – cumprimentou Lauro – fazendo uma exceção ao comportamento metódico que havia mantido durante os últimos anos naquela empresa.
- B-b-b-om dia Lauro – gaguejou a ruiva, retribuindo o bom dia dele.
Algo estava diferente. Marcinha estava de cabeça baixa e com um tom de voz muito diferente. A frase de Lauro havia sido direta como um cruzado do Mike Tyson? Ou talvez fosse apenas surpresa pelo comportamento diferente do colega de trabalho? Lauro sorrira e seguira em frente passando por vários outros colegas de trabalho que já haviam chegado inclusive Fabíola. Sem oi nem olás ainda para ela. A estonteante Fabíola das pernas longas, daquelas pernas sem fim enfeitadas com sapato de salto e um terninho verde-mar de fazer Lauro engolir mais uma vez a seco. Assim como precisou tomar atitude com Marcinha, precisava tomar é atitude direta e convicta com Fabíola. “Eu vou ter que agir amanhã com ela!” – prometera-se mais uma vez interiormente.
Ao chegar a sua sala, percebeu que o ar-condicionado e o computador já estavam ligados. Muito estranho. A sala ficara sempre aberta. Ele, quando saía, desligava ambos. Alguém havia entrado ali. Talvez uma regalia? Um agrado? Seria Marcinha querendo agradá-lo por interesse ou pelo segredo que literalmente Lauro havia descoberto com o seu bilhete?
Não, não e não. Em cima da mesa estava a prova de que alguém havia realmente adentrado a sala dele. Um bloquinho de notas e sobre ele uma maçã. Uma maçã viçosa. Vermelhinha como a sua gravata. Sem frisos verdes ou amarelados. Mas por que uma maçã? – pensara na hora. Vira que a maçã seria um regalo, mas e o bloco? Será que alguém havia escrito algo nele? Se sim, escrito por quem? A curiosidade o fazia tremer. Talvez o medo de que precisasse ser sincero novamente em um diálogo ping-pong com Marcinha, sem tempo para pensar numa frase mais trabalhada. Ou quem sabe um convite de Fabíola para uma pizza após o trabalho? Isso o tranqüilizaria. Seria o seu dia de sorte que há tanto tempo esperava. Ou talvez nem tivesse nada escrito. Precisava respirar fundo e desvirar o bloco de notas para conferir.
O que havia escrito naquele bloco de notas? Um convite de Fabíola ou uma provocação de Marcinha? Ou quem sabe nada? Ajude a construir este texto e o futuro de Lauro. Confira a seqüência desta história amanhã, no terceiro capítulo de "O Sincerista".
2 comentários:
Putz!!
que curiosidade..
amanha não perco de ler este blog por nada :D
ahaiuiuhaiahaiha
Bom eu acho que é um pedido de desculpas ou algo assim, mas te a ver com a marcinha, pq a fabíola não está nem aí pra ele(pelo menos é oq parece).
Adoro esse tipo de história, que são em vários capítulos... assim estilo LIVROS..
iuahaihaaiuhaiua
beijinhosss
;@
vou comentar o texto da personal trainner... gordinho insistente esse heim! heheh e gostei da descriçao da personal: nao quer se exibir, mas tbm nao se esconder! perfect :] beijos
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