quarta-feira, 30 de abril de 2008

Olhares e Olhares


Todo amor começa com um olhar, indiscutivelmente. Um olhar discreto daqueles de canto de olho quando a pessoa não está por perto. Em outras vezes um olhar fixo no mesmo instante em que se cumprimentam. Tem ainda aqueles olhares envergonhados deveras tensos pela timidez que não deveria existir naquele exato momento. Existe o olhar incisivo, aquele direto, como se um touro mirasse o pano vermelho do toureiro: um olhar arrebatador com direito a piscadelas. Olhares, olhares e muitos outros olhares.

Incrível como as pessoas se apaixonam fácil, assim, como se trocassem de cuecas ou calcinhas. Mas o explicável é que isso não vem de hoje, independente de que o modo atual de como isso aconteça seja bem mais fácil. Tecnologias, carências afetivas, obras do acaso entre os males do século – talvez aqueles todos que conhecemos da literatura e da temática afetiva propostas por aqueles alemães pré-românticos ainda estejam presentes e não só nas páginas dos livros, bem como no dia-a-dia das almas vagantes e solitárias deste mundo.

A facilidade da qual as pessoas se apaixonam tem apenas um significante: a desilusão de outras paixões ou amores do passado. É simples: a Fulaninha amava o Fulaninho, tanto, tanto. O Fulaninho a amava e lhe recitava até poemas de quando em vez. A Fulaninha ficava mais apaixonada ainda, totalmente entregue, mas o Fulaninho tinha um affair com a Sicraninha. A Fulaninha nem suspeitava; adoecera por causa de uma catapora. O Fulaninho não poderia vê-la por causa da doença. Nesse meio tempo, uma Sicraninha seduzira Romeu. Ele traíra Julieta com Jurema. Julieta descobrira e fim de paixões ou amores intensos. Vapt-vupt, como diria o sábio do humor Chico Anysio. Instantâneo que nem macarrão de três minutos, rápido assim.

Foi então que com o passar dos anos as pessoas acharam novos métodos específicos para pescarem novos corações do fundo de um mar repleto deles. Uns se usam de táticas defensivas, daquelas de 4-5-1, apenas defendem-se e atacam somente no contra-ataque do alvo. Outras atuam no 3-4-3, com uma boa defesa e um ataque eficiente, encorajando-se a novas paixões e subindo ao ataque com as mais potentes armas de conquista. Porém, independente das estratégicas, ambas focam o mesmo resultado gozando de formas diferentes para alcançarem seu objetivo geral em comum, mas não único.

Depois de se recuperarem das desilusões amorosas, os Fulanos e Fulanas deste mundo resolveram armar barricadas de proteção para não serem atacados. Claro, cansaram de chorar por causa de Fulanos infiéis e Fulanas problemáticas. Por isso, uma das táticas que acharam para suprir a necessidade e protegerem-se simultaneamente, usando e gozando de um ataque-defensivo, instituíram - resgatando do passado - como uma medida de conquista a tática do olhar.

Simples e bem menos indolor; prático e muito eficiente. Qualquer lugar é lugar para dispará-los. Preparam-se as retinas, as pálpebras e olhos à obra, com o perdão do trocadilho. É na fila do banco, em festas, nos corredores da faculdade ou no elevador com aquela vizinha maravilhosa. A troca de olhares fora um dos métodos mais seguros na hora de uma conquista. Atravessara séculos à procura de um aperfeiçoamento. No início aquilo era uma das táticas destemidas, funcionava assim como um feijão com arroz que mata a fome. Aos poucos perdera a força, talvez por as pessoas terem descoberto outras formas de aproximação. Depois de décadas ou centenas de anos retomava o seu espaço e garantia novamente um poder de conquista aos apaixonados. Entrava e saía de cena assim como a moda, altos e baixos, ápices de uso e de desuso.

O que muitos não sabiam é que a troca de olhares sempre existiu e nunca deixou de ser usada, inclusive por eles: tão sábios e tão confusos ao mesmo tempo. Almejavam terrenos seguros para desposarem seus corpos cansados e doloridos das dores de amores passados, mas preferiam crer em mensagens escritas e declarações de amor com serenatas de amor. Hoje? São elementos já quase instintos. Alguns até enviam mensagens via celular, e-mail, redes sociais ou chats enquanto outros fazem declarações ao pé do ouvido e outros até escrevem cartas e preservam certos costumes de galanteio do passado – sendo as exceções a esse mercado de pessoas carentes e desprovidas de troncos para abraçarem e bocas para oscularem.

Tão indolor quanto uma gotinha de vacina, uma troca de olhar não tira pedaço. Quando pequenos até não gostamos muito do gosto daquelas gotinhas azedas, mas precisas. Assim como dela necessitamos para gozar de boa saúde, precisamos de alguém ao nosso lado para viver. Não viemos à terra para ficarmos sozinhos. Isso é uma lei. Tão correta quanto dois mais dois e Romário com a bola no pé dentro da pequena área do adversário. Precisamos é usar métodos específicos mais definidos, cientes de que haverá o risco de machucados e, ao mesmo tempo, acreditarmos que olhares bem distribuídos podem ser o primeiro passo de conquistar uma nova paixão ou, quem sabe, um novo amor. No fundo, basta é sermos perseverantes e, sobretudo, razoáveis.

6 comentários:

Anônimo disse...

Nem preciso te dizer da minha vizinha aquela que ficava me espiando!! Um olhar diz tudo ainda mais quando é bem mirado! :))

abraçooo moleque!

Margo Bueno Bendjouya disse...

hummmmmmmmmm...
So toma muito cuidado por que as vezes existem artimanhas pra esconder um verdadeiro olhar...
pena que muitas vezes, um pouquinho de paciência e uma atenção redobrada podem explicar muita coisa...
bjaooo yogurt!!!

Anônimo disse...

Perfeito...
Um olhar diz mais que mil palavras ja dizia minha mae em brincadeira.
Parei pra pensar nisso agora, quando li o que tu escrevesse, e o olhar é o que desperta o que pode transformar-se em amor, enfim, algo bom. Primeiro sao os olhares, depois as conversas e dai ta "pronto" hehehe
Quanto ao ser humano nao ficar sozinho, acho que é a mais pura verdade, por mais que possamos ter sofrido, nos magoado, sempre vamos buscar um amor verdadeiro que respeite e de o verdadeiro valor que temos, alguem que nao nos queira machucar e usar usar-nos como alguem pra curar feridas que teve no passado e SIM para amar como se fosse a primeira vez, respeitando e tratando com carinho.
Beijao amado.

Diego Balinhas disse...

Grande!
Entrei para o mundo virtual dos blogs também!
grande abraço!

Dani disse...

isto é um recado?
huaiheuaie
acho lindas as antigas formas de iniciar um relacionamento - e mantê-lo.
porem, agradeço à tecnologia, que muito veio a ajudar os timidos!!! xD
besos

Anônimo disse...

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