Descobri uma das piores situações do mundo: estar na torcida do time adversário. E mais, no estádio e na cidade dele. De quebra, ver o meu time perder e ser dominado por toquinhos cadenciados - tipo os do popular "bobinho" - dos jogadores com direito a “Olé”, ovacionados pela torcida. E eu, lá no meio, segurando a tristeza e até uma raiva extremamente contida. Afinal de contas, fui convicto ao jogo para ver meu time ganhar e sabendo no lugar que assistiria a partida. Enquanto uns gritavam: “Vamo subi lobo! Vamo subi lobo!”, eu ficava cantando mentalmente, óbvio que apenas mentalmente: “Que vergonha Vovô! Que vergonha Vovô!”.
A sensação de estar entre as pessoas de outro time, neste caso, me fez perceber o quanto valorizamos e acreditamos paixões pelos nossos times do coração. São gritos, cânticos nas horas das jogadas trabalhadas na meia-cancha. É alegria, é êxtase no momento do gol feito. Um trabalho de equipe para fazer não só um técnico ou uma agremiação ter sucesso, mas centenas, milhares de pessoas, levando para frente os 11 jogadores e sendo ali nas arquibancadas a gasolina – ou o álcool, ambiguamente – do time rumo às vitórias.
A sensação de estar entre as pessoas de outro time, neste caso, me fez perceber o quanto valorizamos e acreditamos paixões pelos nossos times do coração. São gritos, cânticos nas horas das jogadas trabalhadas na meia-cancha. É alegria, é êxtase no momento do gol feito. Um trabalho de equipe para fazer não só um técnico ou uma agremiação ter sucesso, mas centenas, milhares de pessoas, levando para frente os 11 jogadores e sendo ali nas arquibancadas a gasolina – ou o álcool, ambiguamente – do time rumo às vitórias.
Já, eu: perdi.
Perdi de ganhar o jogo, mas consegui analisar e perceber de perto o que poucos conseguem entender estando no meio das torcidas, ainda mais na do adversário. O futebol é amor, o futebol é paixão. Já estive pelos gramados, mas passei mais tempo nas quadras de futsal. Se não fossem as minhas seguidas lesões e o meu querido azar, certamente também amadureceria cada vez mais o meu sentimento em novos e seqüenciais jogos. Assim como Eduardo Galeano, em “Futebol ao Sol e à Sombra”, eu também quis ser jogador de futebol, assim como ele também tentou. O que sobraram dos nossos sonhos foram as nossas paixões e a necessidade de estarmos sempre nos informando e falando sobre futebol.
Na verdade, a pior situação não é essa. Desculpe querido leitor, eu estava errado. Ir a um jogo de futebol e ficar na torcida do adversário é fichinha perto da situação e da sensação de não estar pertencendo a um grupo social. Exclusão. Palavra forte. O que não é nenhuma alcunha e sim um nome dado ao grupo de indivíduos que são forçados ou esquecidos. Segundo Silveira Bueno, exclusão tem um sinônimo tão forte quanto: eliminação. E não é eliminação de paredões de Big Brother Brasil. Lá eles ganham dinheiro, fama e novos horizontes. Os eliminados que falo, são aqueles que se excluem por falta de possibilidades ou são esquecidos pelos poderes responsáveis.
Dentro do estádio, mais de cinco mil pessoas. Uma renda de aproximadamente R$ 35 mil reais. No lado de fora do estádio, nas calçadas, cinco ou seis exclusos. Com uma renda de: aproximadamente... quase nada. Quase nada devido a alguns centavos de real conquistados pela solidariedade de poucas dezenas das cinco mil pessoas. Um esticar de mãos na procura de ao menos uma moeda, uma sobrevida para mais uma noite no chão gelado e úmido das calçadas de Pelotas.
E eu na torcida reclamando pela derrota do meu time. É melhor ficar quieto e fazer alguma coisa para mudar. Talvez este texto conscientize algumas pessoas. Talvez elas dêem algumas moedas ou levem algum alimento para quem necessite de ajuda. Solidariedade é a palavra que enobrece o homem e faz bem a qualquer coração. Ajudar o próximo é questão de treino e não torcida para que outros, alminhas boas e generosas façam boas ações. Eu? Eu fiz a minha parte, ao menos o que pude fazer. Dei um gorduroso churrasquinho de porta de estádio e duas ou três moedas do troco.
Perdi de ganhar o jogo, mas consegui analisar e perceber de perto o que poucos conseguem entender estando no meio das torcidas, ainda mais na do adversário. O futebol é amor, o futebol é paixão. Já estive pelos gramados, mas passei mais tempo nas quadras de futsal. Se não fossem as minhas seguidas lesões e o meu querido azar, certamente também amadureceria cada vez mais o meu sentimento em novos e seqüenciais jogos. Assim como Eduardo Galeano, em “Futebol ao Sol e à Sombra”, eu também quis ser jogador de futebol, assim como ele também tentou. O que sobraram dos nossos sonhos foram as nossas paixões e a necessidade de estarmos sempre nos informando e falando sobre futebol.
Na verdade, a pior situação não é essa. Desculpe querido leitor, eu estava errado. Ir a um jogo de futebol e ficar na torcida do adversário é fichinha perto da situação e da sensação de não estar pertencendo a um grupo social. Exclusão. Palavra forte. O que não é nenhuma alcunha e sim um nome dado ao grupo de indivíduos que são forçados ou esquecidos. Segundo Silveira Bueno, exclusão tem um sinônimo tão forte quanto: eliminação. E não é eliminação de paredões de Big Brother Brasil. Lá eles ganham dinheiro, fama e novos horizontes. Os eliminados que falo, são aqueles que se excluem por falta de possibilidades ou são esquecidos pelos poderes responsáveis.
Dentro do estádio, mais de cinco mil pessoas. Uma renda de aproximadamente R$ 35 mil reais. No lado de fora do estádio, nas calçadas, cinco ou seis exclusos. Com uma renda de: aproximadamente... quase nada. Quase nada devido a alguns centavos de real conquistados pela solidariedade de poucas dezenas das cinco mil pessoas. Um esticar de mãos na procura de ao menos uma moeda, uma sobrevida para mais uma noite no chão gelado e úmido das calçadas de Pelotas.
E eu na torcida reclamando pela derrota do meu time. É melhor ficar quieto e fazer alguma coisa para mudar. Talvez este texto conscientize algumas pessoas. Talvez elas dêem algumas moedas ou levem algum alimento para quem necessite de ajuda. Solidariedade é a palavra que enobrece o homem e faz bem a qualquer coração. Ajudar o próximo é questão de treino e não torcida para que outros, alminhas boas e generosas façam boas ações. Eu? Eu fiz a minha parte, ao menos o que pude fazer. Dei um gorduroso churrasquinho de porta de estádio e duas ou três moedas do troco.
Não pertenço ao grupo social daquele cidadão, de humildes trajes. Não me interessa também se ele faz ou fez por onde ou não de sair daquela situação. Mas, com certeza, quem torceu mais do que eu naquela noite de quinta-feira, não foram os torcedores do Pelotas ou os do Rio Grande. Foi aquele homem. E, mesmo sem nenhum jogo, ele permanece lá: na torcida. Na torcida por melhores condições de vida, dada por pessoas solidárias ou por um plano governamental de melhores atitudes para ele e para todos os seus outros companheiros de time, andarilhos das ruas deste Brasil. Quem sabe, ainda, varonil.
3 comentários:
Muito bonito o texto (pra variar). É, realmente, como diz o ditado, 'reclamamos muito de barriga cheia', e eu acho sim que se cada um ajudar um pouquinho, fizer sua parte, as coisas tem grandes chances de mudança sim. Aliás, nao interessa as atitudes dos outros, mas sim, a nossa consciência de que podemos contribuir com essas mudanças. Fugindo do assunto..gostei muito que destacasse o Big Brother Brasil AUIHAEOIHAEUIHAE certamente lembrasse dos nossos queridos pais que perdem mais tempo vendo essa porcaria, do que ficando com nós HAUIHOIAEHAUHOIAE! Saudade tchê! Te brilha.. beijo graaaaaaand Kinhuuus!
OI Marquinhhos, só hoje tive como escrever p/ ti jah q estava sem computador... muito bonito o texto...bj
A primeira palavra que me veio a cabeça quando li esse texto foi: paradoxo. E pra ser bem intencionado o uso dessa palavra, fui procurar seu significado: Em termos simples, um paradoxo é "o oposto do que alguém pensa ser a verdade".
Não que eu não admire a valorização que as pessoas dão à seus times do coração. Admiro muito, até porque convivi 4 anos com alguém que era fanático, e sempre gostei de ver isso. Porém acho que às vezes depositamos tanta atenção a um time ( no caso, pq vale pra muitas coisas) e na hora de pensar em ajudar alguem, alguma instituição, as pessoas pensam: Que absurdo, eles que vão trabalhar!! Isso é algo que mexe muito comigo, mesmo fazendo muito pouco pra mudar. Acho que tudo isso mostra um pouco do quanto nos preocupamos com o próprio umbigo, e em pequenas proporçoes, é o que move o mundo rumo ao que vemos hoje: desigualdades sociais e culturais. É errado torcer pra um time do qual gostamos? Óbviamente que não. Mas pensamos um pouquinho: Pq uns podem estar lá dentro, sentindo aquela emoção (que já senti e é inexplicável) e outros tem que ficar só de fora, sentindo o ar da torcida? São coisas que provavelmente nunca poderão mudar, mas se cada um parar na porta e se colocar no lugar daquele que não pode passar dos portões, seja pelo motivo que for, o destino da humanidade quem sabe dê uma guinada pro outro lado, e aos poucos veríamos a mudança. ;)
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