Assisti ao filme Tadpole, de 2002, do diretor Gary Winick. Um filme sem sal, sem muita emoção. Filme da madrugada, daqueles de preencher programação. Tadpole era a história de um garoto de 15 anos, Oscar Grugman (Aaron Stanford). Era um guri apaixonado pela madrasta Eve Grubman (Sigourney Weaver), uma situação que aos poucos foi entendendo e distinguindo o que é atração, paixão e amor por causa de um envolvimento de uma noite e nada mais com uma amiga de sua madrasta, Diane Lodder (Bebe Neuwirth). Bom, o filme em si não importa senão for observado as quebras de cenas, as transições que não eram feitas por cross dissolve ou cross zoom e sim com telas pretas e pequenos aforismos relativos ao conteúdo ou ao diálogo.
Os aforismos, mais conhecidos por ditos – eles populares ou não – eram encaixados nas transições como forma de reflexão da cena antecessora. Além de fazer o espectador pensar o que faria no lugar do personagem, trazia uma lição de vida. Shakepeare’s, Nietzche’s me fizeram pensar. Mas Voltaire, o poeta francês, aliás, poeta não. O cara era um multimídia. Era poeta, ensaísta, filósofo, historiador e dramaturgo. Não sei se seu dia tinha 24 horas para fazer tanta coisa. Também não sei se conseguia ter tempo para mulheres, mas entendia dos aforismos.
Trazendo para o lado mais cotidiano, os aforismos – também entendido por frases empíricas – são pequenos pensamentos que ganham vez na boca das pessoas nas situações mais imprevisíveis do dia-a-dia. São frases da cultura popular que acabam dando base ou explicação a um fato. Por exemplo, a mãe que vê o filho crescer e fazer a mesma coisa que o pai do guri faz ou fazia, imediatamente ela fala: “Tal pai, tal filho!”. Também há ditados daqueles bem antigos, dos que nossas avós fazem questão de enunciar em forma de comentário. E quando menos esperamos: “Não há mal que sempre dure, nem bem que sempre se ature”. Sábias vovós.
Voltaire, ah Voltaire! Além de multimídia, o cara era um Einstein de tão criativo. Vivia criando, escrevendo, dirigindo peças, contando histórias e filosofando. Filosofava como se fosse Deus. Nas mesinhas de bar, no longínquo século XVIII, Voltaire era o foco de atenção dos amigos carentes ou desiludidos com os negócios, com a política, economia, mas especialmente com mulheres. Pedia uma caneca de rum, dava uns três goles, ouvia a queixa do amigo, bebericava mais umas tantas ml’s e começava o discurso, normalmente filosófico, com o introdutório: “Bom, meu caro...” – e aquela explanação duraria bons momentos, quiçá horas e horas.
Nessas mesmas rodinhas, Voltaire tirou grandes idéias. Era um aproveitador – assim como eu faço no dia-a-dia – de situações, de fatos. Poderia ser até jornalista nos dias de hoje. Crônicas, artigos, narrativas e outros muitos romances haveria de escrever. Pegava das frases lamentosas dos amigos e bebericões de plantão, o conteúdo, o exemplo para fazer iniciar suas obras românticas e até dramatúrgicas. Dessas absorções e raptos de conteúdo, o que não é crime ou plágio algum, chegou a 18 grandes obras, provenientes também de grandes fatos da história mundial. Mas os aforismos fizeram grande parte dos livros e deram às peças, uma pitada do popularesco.
No filme, o protagonista Oscar Grubman era um bom guri. Depois de ter dado um beijo na madrasta compreendeu que ela não seria um amor e sim uma atração. Uma atração daquelas de tirar o fôlego. Foi ousado! Ah, se foi. Com 15 anos e tascou-lhe um beijo na balzaca que já devia estar pela faixa dos 50 e poucos. Mas inteiriça. Dei razão ao Grubman. Uma mulher bonita, atraente, com um papo assaz coerente. Pena foi Stanley Grubman (John Ritter), o pai. Aquilo ficara em forma de segredo entre os dois, da relação que tinham como se fossem mãe-filho, ou melhor: mulher-homem.
Quando Grubman fora passar as férias na casa da mãe, no Canadá, depois de despedir-se de Eve e de Stanley na rodoviária, viria mais uma quebra de cena. A mais importante de todo o filme. A mais significativa para dar o real desfecho de toda a situação. O aforismo mais bem colocado em relação às cenas antecessoras do filme. Voltaire, o francês Voltaire tinha um dito perfeito. Melhor do que os de Shakespeare ou Nietzsche que haviam me trazido alusões extra-filme. Ao entrar no ônibus e perceber Miranda Spears (Kate Mara) com dificuldades de colocar a bagagem no setor de malas acima dos assentos, algum sentimento se iniciaria ali - coisas de filmes da Globo. Miranda disse a frase certa, o aforismo certo. Oscar não lembrara, a questionaria. Miranda o repetia e o faria lembrar. Oscar concordava. Os restos mortais de Voltaire, na verdade o pó dos restos, a sete palmos do chão, fazia a maior poeira de felicidade por ter ajudado mais um amigo. Enquanto Voltaire, já lá de cima, ao lado do carinha superior, enchia-se de orgulho repetia a frase, um dos seus aforismos preferidos, com um sorriso de canto a canto da boca, todo pimpão:
- Se não encontrarmos nada agradável, ao menos devemos encontrar algo novo. Algo novo. – disse o velho multimídia francês.
Os aforismos, mais conhecidos por ditos – eles populares ou não – eram encaixados nas transições como forma de reflexão da cena antecessora. Além de fazer o espectador pensar o que faria no lugar do personagem, trazia uma lição de vida. Shakepeare’s, Nietzche’s me fizeram pensar. Mas Voltaire, o poeta francês, aliás, poeta não. O cara era um multimídia. Era poeta, ensaísta, filósofo, historiador e dramaturgo. Não sei se seu dia tinha 24 horas para fazer tanta coisa. Também não sei se conseguia ter tempo para mulheres, mas entendia dos aforismos.
Trazendo para o lado mais cotidiano, os aforismos – também entendido por frases empíricas – são pequenos pensamentos que ganham vez na boca das pessoas nas situações mais imprevisíveis do dia-a-dia. São frases da cultura popular que acabam dando base ou explicação a um fato. Por exemplo, a mãe que vê o filho crescer e fazer a mesma coisa que o pai do guri faz ou fazia, imediatamente ela fala: “Tal pai, tal filho!”. Também há ditados daqueles bem antigos, dos que nossas avós fazem questão de enunciar em forma de comentário. E quando menos esperamos: “Não há mal que sempre dure, nem bem que sempre se ature”. Sábias vovós.
Voltaire, ah Voltaire! Além de multimídia, o cara era um Einstein de tão criativo. Vivia criando, escrevendo, dirigindo peças, contando histórias e filosofando. Filosofava como se fosse Deus. Nas mesinhas de bar, no longínquo século XVIII, Voltaire era o foco de atenção dos amigos carentes ou desiludidos com os negócios, com a política, economia, mas especialmente com mulheres. Pedia uma caneca de rum, dava uns três goles, ouvia a queixa do amigo, bebericava mais umas tantas ml’s e começava o discurso, normalmente filosófico, com o introdutório: “Bom, meu caro...” – e aquela explanação duraria bons momentos, quiçá horas e horas.
Nessas mesmas rodinhas, Voltaire tirou grandes idéias. Era um aproveitador – assim como eu faço no dia-a-dia – de situações, de fatos. Poderia ser até jornalista nos dias de hoje. Crônicas, artigos, narrativas e outros muitos romances haveria de escrever. Pegava das frases lamentosas dos amigos e bebericões de plantão, o conteúdo, o exemplo para fazer iniciar suas obras românticas e até dramatúrgicas. Dessas absorções e raptos de conteúdo, o que não é crime ou plágio algum, chegou a 18 grandes obras, provenientes também de grandes fatos da história mundial. Mas os aforismos fizeram grande parte dos livros e deram às peças, uma pitada do popularesco.
No filme, o protagonista Oscar Grubman era um bom guri. Depois de ter dado um beijo na madrasta compreendeu que ela não seria um amor e sim uma atração. Uma atração daquelas de tirar o fôlego. Foi ousado! Ah, se foi. Com 15 anos e tascou-lhe um beijo na balzaca que já devia estar pela faixa dos 50 e poucos. Mas inteiriça. Dei razão ao Grubman. Uma mulher bonita, atraente, com um papo assaz coerente. Pena foi Stanley Grubman (John Ritter), o pai. Aquilo ficara em forma de segredo entre os dois, da relação que tinham como se fossem mãe-filho, ou melhor: mulher-homem.
Quando Grubman fora passar as férias na casa da mãe, no Canadá, depois de despedir-se de Eve e de Stanley na rodoviária, viria mais uma quebra de cena. A mais importante de todo o filme. A mais significativa para dar o real desfecho de toda a situação. O aforismo mais bem colocado em relação às cenas antecessoras do filme. Voltaire, o francês Voltaire tinha um dito perfeito. Melhor do que os de Shakespeare ou Nietzsche que haviam me trazido alusões extra-filme. Ao entrar no ônibus e perceber Miranda Spears (Kate Mara) com dificuldades de colocar a bagagem no setor de malas acima dos assentos, algum sentimento se iniciaria ali - coisas de filmes da Globo. Miranda disse a frase certa, o aforismo certo. Oscar não lembrara, a questionaria. Miranda o repetia e o faria lembrar. Oscar concordava. Os restos mortais de Voltaire, na verdade o pó dos restos, a sete palmos do chão, fazia a maior poeira de felicidade por ter ajudado mais um amigo. Enquanto Voltaire, já lá de cima, ao lado do carinha superior, enchia-se de orgulho repetia a frase, um dos seus aforismos preferidos, com um sorriso de canto a canto da boca, todo pimpão:
- Se não encontrarmos nada agradável, ao menos devemos encontrar algo novo. Algo novo. – disse o velho multimídia francês.
Lembre-se de Nietzsche, Shakespeare ou Voltaire. Nunca se esqueça deles. Mas não abra mão de aprender a escutar as frases de suas avós. As enrugadinhas são tão sábias quanto os três sabichões. Afinal, a minha sempre diz:
- Merda seca não pega em cú lavado, meu filho!
- Merda seca não pega em cú lavado, meu filho!
E eu sempre a escuto e reflito.
4 comentários:
gostei, mesmo a minha mente nao tendo absorvido tudo, ma so das despedidas, nem vo comenta...
:D
beeijo kinhos namoradeiro :)
'- Merda seca não pega em cú lavado, meu filho!
E eu sempre a escuto e reflito.'
aaaaaaaaaaaaaahauihauOAhuhaUHAouhuAIUAhuAHUouiAUIhuihuUHUIhhUHUihoUIAahuhuAHUahhuaHUahuiAHauiohAUIOahuihUAuhAUHUahuAIHuaihAUIHAuiohaHAuiaHUahuAHUAHouhAUHauhauHUAhuAHUAhuahaHUAu
SENSACIONAL!
Só tu mesmo... Minha vó sempre diz 'é duro mas não é côco dizia uma velha roendo uma bocha.'
...Inteni? haUHAuioAaAHaiuhA
Coisas de avós mesmo :D
Beijooo Marquito!
=***
eu assisti o filme... de fato essa frase do Voltaire no final salvou o filme...
e a frase da vovó foi sensacional!!! hauhuahuahuahua
UP faço das palavras a cima as minhas
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