segunda-feira, 21 de abril de 2008

E aí?


Lá no já longínquo 1986, quando nasci, o mundo era muito diferente. Bota diferente nisso. Como sempre as coisas eram mantidas pela ganância do dinheiro – bem menos e descarado do que é hoje –, inclusive ele nem era o mesmo de hoje. Naquele ano, era lançado o Plano Cruzado, um plano audacioso do governo com a intenção de congelar e tabelar os salários e os preços de tudo e de todos. O motivo? Manter a estabilidade da moeda tentando conter a inflação brasileira. A conseqüência da aplicação do plano? O fracasso dele e a sua substituição por outros três planos até chegar a nossa atual moeda, o real.

Tudo e todos são movidos por dinheiro. Dinheiro escondido em malas-pretas, em contas internacionais e até em bolsos de laranjas. Dinheiro em porta-malas, porta-luvas, meias e até em cuecas. O mundo virou de cabeça para baixo e ninguém avisou, simplesmente alguns espertalhões foram fazendo, articulando, criando aqui, mexendo os pauzinhos lá e transferindo cifras públicas acolá. No fundo até sabíamos, com o passar dos anos, que não se tratavam de pessoas idôneas, mas a situação chegou a ser descarada, banal. Desbancados pela mídia, acabam omitindo e transferindo a culpa para outros, às vezes com nomes, às vezes sem nomes definidos. Enquanto que ambos acabam reeleitos sem nenhum critério de seleção. E aí?

Cada dia mais se torna difícil compreender onde é que nós, cidadãos, erramos e persistimos no erro. Será que é na hora de receber um incentivo do político? Pode ser, ficamos cegos por causa da regalia que iremos ganhar para suprir a nossa necessidade. “Espero teu voto, hein!”dizem eles depois de darem uma consulta a uma anciã com problemas cardíacos. “Vou encaminhar na próxima semana um caminhão para realizar a manutenção do esgoto do bairro!” – prometem sempre. Mas como assim? O povo não tem direitos garantidos pelo governo? Por conseqüência, o governo deveria conceder consultas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e cuidar do saneamento básico de acordo com a legislação vigente. Pergunto novamente: e ai?

Os responsáveis pelo povo andam mais se preocupando com comissões parlamentares de inquérito do que com a própria população que os elegeram de modo direto. Enquanto poucos, mas poucos mesmo, ainda miram a população, outras centenas cabulam o povo tentando mostrar serviço em resolver dossiês de governos passados e questões secundárias. A contradição é que a justiça não pode ser feita por aqueles que nem possuem formação para executá-la e, além do mais, não têm conceitos éticos e morais para realizar tal função. Onde já se viu um corrupto julgando outro corrupto? Quer dizer então que os lugares de discussão política viraram favelas onde há ponto de julgamento e área de apagão? Claro, ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão! já diria a minha sábia avó. Mas e aí?

Até então trabalhadores ganham – ou deveriam ganhar – por aquilo que merecem. Ganhar pelo seu trabalho, por suas horas suadas da prática de suas profissões. Infelizmente, pelas condições financeiras deste país, as cifras dessa camada ainda deixam a desejar. Planos econômicos difundidos e uma economia melhorada. Taxas de juros estanques e a menor inflação desde os últimos independente da pretensão do presidente Lula de que ela chegue ao máximo de 4% - que não seria nada perto de outros países da América do Sul como o Chile em que o número em questão dobra e tende a crescer ainda mais, mesmo sendo um país com condições distintas ao Brasil. Mas por que os salários dos políticos e de seus assessores aumentam? O dinheiro sai de onde? E aí?

Mas por que pensar nos outros países se o problema está no nosso umbigo? É difícil de ver quando o problema está em nós e não nos outros. É tão mais difícil mudar, ter um comportamento diferente diante dessa corja que só pensa no próprio umbigo enquanto que deviam representar e pensar na população que os elegera. A mesma situação dos políticos dos grandes centros é a mesma dos de cidades pequenas. Um segue o exemplo do outro, mas sem generalizações, claro, até porque como em todos os lugares há sempre uma parcela de pequenas sementes boas, ainda não contaminadas pelo restante de comportamento ético alterado. Seriam as sementes brasilianas transgênicas da política? E ai?

E aí que tudo no Brasil acaba em pizza. Se desde 1986 as coisas já não eram das mais agradáveis, imagine você como será daqui em diante? Ano de eleição e possíveis reeleições. Você se deixaria contaminar? Não deixe, por favor. Comece dentro da sua casa. Assista-os, analise-os e filtre aquilo de bom e verdadeiro, mesmo que seja escasso. Não regue esperanças impossíveis e dê oportunidade para novos frutos. Se já que os velhos e tão manjados não conseguem mudar mesmo com novas e sucessivas chances, talvez os novos possam mudar, é a única esperança cabível. Se há mais de vinte atrás certas coisas ainda tinham ética, mesmo que não caiba ser nostálgico nesse tipo de situação, vou torcer e fazer por onde abrir ao menos os seus olhos porque o tempo deles de hortas gordas e bem rentáveis precisa chegar ao fim.

E aí? Ainda vai ficar em dúvida do que fazer?

2 comentários:

Anônimo disse...

A rapidez desse guri ao escrever me fascina!!!

Dinheiro... maldito e bendito. É isso mesmo, uma dualidade que faz parte da vida de qualquer cidadão.Sem ele o que somos? E com muito dele somos piores ainda. O dinheiro demais torna as pessoas frias, se achando as donas do mundo.
Como tu mesmo falasse: "E aí que tudo no Brasil acaba em pizza. Se desde 1986 as coisas já não eram das mais agradáveis, imagine você como será daqui em diante?"
Cabe a nós decidirmos como será daqui pra frente... ou colocar aqueles ladroes mascarados novamente no poder ou TENTAR ENCONTRAR alguém digno.
Ps: odeio politica hehe
beijao

Amanda Lopes disse...

Esse é um assunto que assombra o Brasil desde a chegada de Cabral e a troca de espelhos por ouro com índios. Um dia vai mudar? Duvidomuito e a tendência é só piorar... Pq? Pq cada vez mais percebo a ignorância do povo... Estou sendo negativa? Não quero criar falsas expectativas em ano eleitoral... Desculpe mas p/ mim essa é a realidade e ou te pergunto "E aí?"