Tenho pena de certas coisas e ao mesmo tempo não deveria ter. Privo-me de achar que senti algum pesar pelas pessoas envolvidas em determinado fato. Prefiro pensar apenas que lastimo tal fato acontecido já que não tenho forças para mudar precisamente aquele já fato consumado. Às vezes, mesmo sem ações, acabo explodindo e digo sinceras verdades do meu ponto-de-vista. Paciência. Antes a verdade de imediato do que uma frase sem sentido. Se me perguntam o que acho de os pais da menina Isabela terem sido os assassinos da própria filha, respondo com a lastima cabível de um humano com um pingo de consciência ao ato criminal efetuado:
- Deplorável.
Recorri ao amansa-burros, ou melhor, ao dicionário para compreender a diferença entre as palavras lastimar e penar. Confirmei aquilo que já havia aprendido na prática com algumas lições de vida. Segundo Silveira Bueno, lamentar é: lastimar; prantear com gemidos; manifestar dor ou pesar; compadecer-se de. Já penar é padecer; sofrer pena ou dor; ter pesares; causar dor ou pena a; desgostar; castigar; afligir-se; contristar-se.
Um é recorrente ao outro. Uma dependência entre duas palavras. Uma ação e uma reação. Entendo que lamentar pode partir do sujeito que sofre a ação, mas costumeiramente é o sentimento da pessoa que assiste ao sofrer, ao pesar do outro. Lamentar é solidarizar-se para com o próximo devido ao seu pranto. Palavrinha difícil, mas bastante usada por todos nós no dia-a-dia, não? Para ficar bem claro, cito o exemplo de um amigo meu, que a identidade prefiro não revelar, que sempre lastima de uma maneira espantosa: “Me solidarizei, quase fiquei com pena, mas ainda bem que foi não foi comigo!”. Sempre me fala isso na maior cara de pau. Ele é daqueles bem estúpidos, de coração duro. Só lamenta mesmo quando algo acontece com alguém bem próximo. E só.
Já o penar, forma no infinitivo que dá origem a palavra pena como ato de padecer, pode-se dizer que é a forma propriamente dita de sofrimento. O penar é o estado mais ligado a primeira pessoa; é uma ação pessoal, íntima. “A Mariazinha rodou de ano de novo!” – coitada dela, mas é a conseqüência da falta de estudo ou da dificuldade que ela tem em aprender ou ainda a fatores extras. Não adianta dizer que o problema é dela. Ter pena também é solidarizar-se com a situação, independente do não envolvimento na conseqüência dela em não passar de ano. Sofre quem tem vínculos com a Mariazinha. Amigos, familiares e talvez conhecidos sentem pena para tentar dividir o pranto. Os desconhecidos? Apenas os que também passam ou passaram pelo mesmo problema. Um minúsculo grupo.
Não adianta. A grande maioria das pessoas só sente mesmo quando sofre na pele alguma ação. Aí sim, penam, padecem e acabam lastimando. Outros até têm pena de si mesmo. Pena não da situação, mas das ações que os fizeram chegar naquilo. Talvez arrependimento. Percebem que se não tivessem ido por aquele caminho mais curto, poderiam ter um resultado diferente e garantido uma situação bem distinta daquela. Lastimável. Isso sim é lastimável e, de certa forma conseqüencial, penoso.
Vários fatos me vêm à cabeça ao pensar na diferença de ter lastima e ter pena. Por mais que sejam ações quase unidas, pessoais e impessoais, posso dizer que tenho infelizmente mais pena do que lástimas porque acabo me colocando no lugar da outra pessoa por mais que eu não possua envolvimento direto com o penar dela. Meu ponto-de-vista é cruel, talvez minha personalidade seja cruel comigo mesmo. Jeitos metódicos e coração ainda bom em querer ajudar tanto a ponto de não querer que tal pessoa sofra algo de ruim. A velha máxima de não olhar só o próprio umbigo e sim também pensar no umbigo do outro. Vai ver que eu aprendi certo e o mundo globalizou ou “bobalizou” geral.
Lastimei o sumiço do helicóptero com o Ulisses Guimarães e da conseqüente morte dele, um dos políticos mais neutros, diga-se assim, do Brasil. Lastimei o comportamento em campo da seleção brasileira na derrota por 3 a 0 para a França na final da Copa de 1998. Lastimei recentemente a aposentadoria definitiva do Romário. Ando lastimando o pouco caso que alguns amigos fazem com os estudos. Penei demais com a perda de meu pai e de meu avô paterno há alguns anos. Tenho pena de algumas pessoas próximas que sofrem por causa das confusões de outras.
- Deplorável.
Recorri ao amansa-burros, ou melhor, ao dicionário para compreender a diferença entre as palavras lastimar e penar. Confirmei aquilo que já havia aprendido na prática com algumas lições de vida. Segundo Silveira Bueno, lamentar é: lastimar; prantear com gemidos; manifestar dor ou pesar; compadecer-se de. Já penar é padecer; sofrer pena ou dor; ter pesares; causar dor ou pena a; desgostar; castigar; afligir-se; contristar-se.
Um é recorrente ao outro. Uma dependência entre duas palavras. Uma ação e uma reação. Entendo que lamentar pode partir do sujeito que sofre a ação, mas costumeiramente é o sentimento da pessoa que assiste ao sofrer, ao pesar do outro. Lamentar é solidarizar-se para com o próximo devido ao seu pranto. Palavrinha difícil, mas bastante usada por todos nós no dia-a-dia, não? Para ficar bem claro, cito o exemplo de um amigo meu, que a identidade prefiro não revelar, que sempre lastima de uma maneira espantosa: “Me solidarizei, quase fiquei com pena, mas ainda bem que foi não foi comigo!”. Sempre me fala isso na maior cara de pau. Ele é daqueles bem estúpidos, de coração duro. Só lamenta mesmo quando algo acontece com alguém bem próximo. E só.
Já o penar, forma no infinitivo que dá origem a palavra pena como ato de padecer, pode-se dizer que é a forma propriamente dita de sofrimento. O penar é o estado mais ligado a primeira pessoa; é uma ação pessoal, íntima. “A Mariazinha rodou de ano de novo!” – coitada dela, mas é a conseqüência da falta de estudo ou da dificuldade que ela tem em aprender ou ainda a fatores extras. Não adianta dizer que o problema é dela. Ter pena também é solidarizar-se com a situação, independente do não envolvimento na conseqüência dela em não passar de ano. Sofre quem tem vínculos com a Mariazinha. Amigos, familiares e talvez conhecidos sentem pena para tentar dividir o pranto. Os desconhecidos? Apenas os que também passam ou passaram pelo mesmo problema. Um minúsculo grupo.
Não adianta. A grande maioria das pessoas só sente mesmo quando sofre na pele alguma ação. Aí sim, penam, padecem e acabam lastimando. Outros até têm pena de si mesmo. Pena não da situação, mas das ações que os fizeram chegar naquilo. Talvez arrependimento. Percebem que se não tivessem ido por aquele caminho mais curto, poderiam ter um resultado diferente e garantido uma situação bem distinta daquela. Lastimável. Isso sim é lastimável e, de certa forma conseqüencial, penoso.
Vários fatos me vêm à cabeça ao pensar na diferença de ter lastima e ter pena. Por mais que sejam ações quase unidas, pessoais e impessoais, posso dizer que tenho infelizmente mais pena do que lástimas porque acabo me colocando no lugar da outra pessoa por mais que eu não possua envolvimento direto com o penar dela. Meu ponto-de-vista é cruel, talvez minha personalidade seja cruel comigo mesmo. Jeitos metódicos e coração ainda bom em querer ajudar tanto a ponto de não querer que tal pessoa sofra algo de ruim. A velha máxima de não olhar só o próprio umbigo e sim também pensar no umbigo do outro. Vai ver que eu aprendi certo e o mundo globalizou ou “bobalizou” geral.
Lastimei o sumiço do helicóptero com o Ulisses Guimarães e da conseqüente morte dele, um dos políticos mais neutros, diga-se assim, do Brasil. Lastimei o comportamento em campo da seleção brasileira na derrota por 3 a 0 para a França na final da Copa de 1998. Lastimei recentemente a aposentadoria definitiva do Romário. Ando lastimando o pouco caso que alguns amigos fazem com os estudos. Penei demais com a perda de meu pai e de meu avô paterno há alguns anos. Tenho pena de algumas pessoas próximas que sofrem por causa das confusões de outras.
De todas já citadas há outra impessoal de que tenho pena absoluta: a menina Isabela. Pelos anos de vida que lhe tiraram sem que tivesse culpa alguma. A pena é tanta que ainda sobra pena para o restante da família dela: avós, tias, tios e os irmãos. De pena, deu. Só que ainda vou lastimar, infelizmente, por algum tempo o ato sujo e repugnante dos responsáveis pelo crime. Mas hei de dar um sorriso de contentamento e bater palmas pelo veredicto final do caso.
Na verdade, por mais que lastimar e penar sejam ações e sentimentos muitos próximos um do outro, talvez unha e carne ou até ação e reação, percebo que o conceito de deplorável no começo deste texto foi um posicionamento muito longe ainda em relação ao crime com a menina Isabela. Não a conheci e nunca tive uma ocorrência dessa próxima a mim ou de algum conhecido. Porém, o bom senso de pessoas de bem deste mundo – grupo ao que me incluo felizmente – definiria o fato como uma selvageria, independente dos assassinos terem sido os pais ou não. Encher-se-iam de raiva e ações bem mais revoltosas, infelizmente. Assim como os sentimentos, nessas horas, nem as palavras têm mais força em fazer mudar.
No final das contas, por mais que toneladas de sentimentos de revolta venham à tona, penar e lamentar o ocorrido já deveria fazer parte do passado, mas estamos liberados para lamentações e sentimentos que envolvam pena. Assumo: tenho pena sim e ao mesmo tempo lamento demais. Não cabem mais palavras para nós espectadores. O que nos resta agora é compreender que a decisão está na mão da justiça brasileira e essa, como de costume, ainda tem muito tempo para (não) trabalhar no caso, quiçá anos, quem sabe até décadas.
Sentemo-nos.
Recostemo-nos.
Aguardemo-los.
E agora?
- Rezemos e esperemos por bons sonhos!
Na verdade, por mais que lastimar e penar sejam ações e sentimentos muitos próximos um do outro, talvez unha e carne ou até ação e reação, percebo que o conceito de deplorável no começo deste texto foi um posicionamento muito longe ainda em relação ao crime com a menina Isabela. Não a conheci e nunca tive uma ocorrência dessa próxima a mim ou de algum conhecido. Porém, o bom senso de pessoas de bem deste mundo – grupo ao que me incluo felizmente – definiria o fato como uma selvageria, independente dos assassinos terem sido os pais ou não. Encher-se-iam de raiva e ações bem mais revoltosas, infelizmente. Assim como os sentimentos, nessas horas, nem as palavras têm mais força em fazer mudar.
No final das contas, por mais que toneladas de sentimentos de revolta venham à tona, penar e lamentar o ocorrido já deveria fazer parte do passado, mas estamos liberados para lamentações e sentimentos que envolvam pena. Assumo: tenho pena sim e ao mesmo tempo lamento demais. Não cabem mais palavras para nós espectadores. O que nos resta agora é compreender que a decisão está na mão da justiça brasileira e essa, como de costume, ainda tem muito tempo para (não) trabalhar no caso, quiçá anos, quem sabe até décadas.
Sentemo-nos.
Recostemo-nos.
Aguardemo-los.
E agora?
- Rezemos e esperemos por bons sonhos!
6 comentários:
Sem palavras, literalmente, para este texto. Bom demais, reflexivo acerca de tanta brutalidade. Em opinião particular, estou revoltadíssima com o atraso, sim, atraso no caso da Isabella pois já são 18 dias...mas estamos sob a justiça então, nos resta aguardar... Canhotinho... só não entendo pq tu te colocas como "ainda" de coração bom... De acordo com o que conheço do teu caráter, terás infinitamente boa vontade no coração.... Abraçooo
Bah, eu fiquei horrorizada com o caso da Isabella.. Como que alguém pode ser tão sem escrúpulos a ponto de fazer barbaridade dssas? O mundo tah cada vez mais de pernas pro ar..
E a frase de final de comentário q não pode falta nunca: oootimo o teu texto, marquinhos! Tas te saindo melhor q a encomenda heim.. aojhahiuah
Beijoos te cuida ai =)
to chocada até agora com o caso da Isabella...
adorei esse texto!
te adoro!
to com saudade!
beeijo :)
Já postei no meu blog sobre esse assunto e qto mais o tempo passa me apavoro mais... Se realmente foi o pai com a madrasta espero q sejam presos e q fiquem o máximo d tempo possível na cadeia, já que neste país não se toma vergonha na cara d fazer uma lei p/ prisão perpétua... bj
Como sempre, eu tiro o chapéu pro modo com que tu sabe usar as palavras e parece que lê o pensamento (confuso) das pessoas, e escreve. Tô chocada com essa história da Isabela, é uma coisa monstruosa, cruel, sem nenhuma palavra que expresse. :(
Te adoro Kinhus.. muito muito ! :)
Pois é meu velho...
tem coisas na vida que eu Carol, me nego ou tenho uma grande dificuldade de aceitar.
Queria eu viver sempre acreditando no ser humano e em seus atos. Mas isso é algo que cada vez é mais raro... pessoas sem carater, sem coraçao, frias como gelo, isso em minha opiniao só pode ser uma coisa: doença.
Isso mesmo, doença que toma conta dos pensamentos e corrompe a vida e que em consequencia destrói outras vidas.
É muito triste o caso dessa menina. Uma pessoinha tao pequenina e fragil, com anos lindos e possivelmente maravilhosos a sua frente serem cortados por um ato, uma covardia.
Só nos resta esperar e rezar para que a justiça tenha voz ativa, firme e JUSTA.
beijao querido.
Postar um comentário